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Monday, May 21, 2018

Teatro - Prata Paraíso



Aí a bicha abre o rabo e pisca o cú cheio de purpurina num close hiper realista no telão no palco do teatro, enquanto grita sua veadagem desbragadamente aos quatro ventos.

E o povo culto delira : que ousado! que artístico! que genial!

E tu pensa : que lixo...

Esta é uma das oferendas entregues aos assistentes de “Prata-Paraíso”, montagem da Cia Espaço Cênico, premiada com o Açorianos de melhor espetáculo e melhor ator (Andrew Tassinari – o do cú piscante) de 2017, vista no Festival Palco Giratório do SESC.

Outro brinde oferecido, mais de uma vez diga-se de passagem, é uma lição de “história verdadeira” quando os atores muito didáticos, além de espinafrarem os coxinhas (é claro), afirmam que “Hitler inventou o Fascismo”. Na primeira vez tu acha que é brincadeira. Mas não. Eles voltam e repetem o texto de forma séria. E aí dá um nó na tua cabeça tipo “que aula de história eu perdi?”.

Só estes dois momentos seriam suficientes para desacreditar toda a pavonada em cena.

 Porém existem muitos outros construídos para “chocar” - com muita nudez, sexo, vômito, incesto, violência, sangue (sempre os básicos) e outras cositas más -, que descambam gloriosamente no vazio.

... ai que tédio...

Para entortar mais a coisa, o release diz que “Prata Paraíso” conta a história de um “.. jovem artista, falecido há muito tempo vitima do HIV, que retorna da escuridão para acertar contas com sua família e a sociedade heteronormativa”.

Cuméquié?

“Retorno da escuridão”? ....

Onde? Como? Quando?

Espírito? Fantasma? Tábua Ouija? Mesa Branca? ... onde ?

O que se vê o tempo todo são três (ou quatro?) atores se revezando em vários papéis de uma família (filho, filha, pai, mãe, empregadx) afetada pelas peripécias de um filho veado, vítima do HIV.

Nada é lógico, nada é coerente.

O povo corre pra lá e pra cá o tempo todo e se revela tri pirado na batatinha, completamente fora da casinha.

Mas nem tudo está perdido.

A peça tem vários momentos belíssimos de plasticidade.

Os elementos cênicos se transformam e são muito bem usados.

A expressão corporal e a maquiagem dos atores (Andrew Tassinari, Douglas Jung e Eduardo D’avila) são magníficas.

A luz, som, música e  imagens projetadas são muito bem utilizadas e criam alguns climas bem interessantes.

O texto e as performances se revelam bem catárticos em vários momentos, o que desconcerta.

No fim o conjunto acaba sendo positivo, apesar da duração excessiva que chega a entediar, do cú purpurinado e da lição ridícula de história.

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