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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Sunday, June 15, 2008

Filme - Lady Chatterley


Eu sempre tive dificuldade de entender o que é erotismo. Sensualidade eu sei, pornografia também, mas erotismo me é nebuloso, algo difícil de identificar. Tipo, seria aquilo que excita sem ser explícito? .. mas para mim isto poderia ser sensual. Ou seria algo mais picante que o sensual, mas que não chega ao explícito? .. pode ser, de repente é um entendimento. De qualquer forma para mim é, repito, difícil identificar. “Era”, quero dizer, pois ao ver ontem “Lady Chatterlay” (uma adaptação de uma das versões do “Lady Chatterley's Lover,” de D.H. Lawrence, obra que ficou proibida na Inglaterra por 32 anos) dirigida pela Pascale Ferran, acho que finalmente pude entender o que é o erotismo. Em aproximadamente 168 minutos a conhecida história da aristocrata entediada e frustrada sexualmente Constance ( magistralmente interpretada pela Marina Hands, de As Invasões Bárbaras), que descobre o prazer nos braços do bruto empregado Parkin (Jean-Louis Coullo'ch, também excelente e transpirando sensualidade “da terra”), é apresentada de uma forma que eu só posso dizer como “erótica”. Sim pois sem chegar ao explícito o sexo é apresentado de uma forma realista e muito excitante. E olha que mesmo sem ser hetero eu fiquei, sem querer ser baixo, “entusiasmado” com as cenas de sexo do casal. O que contribui para isto é a forma como o envolvimento sexual é mostrado. Naquele ritmo “devagar, quase parando” dos filmes europeus cabeça, a construção do envolvimento dos protagonistas é revelada aos poucos tanto para eles quanto para nós. Nas primeiras trepadas eles ficam praticamente vestidos, porém, à medida em que a intimidade deles cresce, o envolvimento cresce, os sentimentos e os corpos vão se desnudando entre eles e para nós. É uma viagem lenta para a descoberta de ambos, tanto num sentido individual quanto no encontro com o outro. Para isto contribui muito a mão da diretora que dá, digamos, um toque feminino no filme – o que só engrandece o conjunto. Claro que a história também tem um lado de conflito social, de classes, que é bem mostrado no filme. Algumas cenas e diálogos mostram isto de maneira magnífica. É um filme lento, mas que não cansa. O final pode frustrar algumas pessoas; a mim não. Vale a pena

Wednesday, June 04, 2008

Filme - O Hospedeiro (Bong Joon-ho – 2006)


Um filme de terror ? Uma comédia? Uma sátira política? Um drama familiar? Um filme-desastre? Um filme ecológico ? Um filme trash de monstro?.. Como definir “O hospedeiro” , filme coreado de 2006 ? Resposta : todas as opções anteriores. E a mistura de tudo isto resulta numa obra absolutamente original.


Claro que fica meio difícil para o espectador médio acompanhar as mudanças de tom que ocorrem durante todo o filme. Determinados momentos são de suspense puro, outros são hilarios, outros dramáticos, outros de crítica social e política e assim por diante. A cada mudança de foco somos obrigados mudar nossa emoção, nossa perspectiva, nosso pensamento. Se não estivermos a fim de fazer este jogo não poderemos apreciar o que estamos vendo.


Particularmente gostei das cenas onde os americanos aparecem.. Eles são retratados na sua arrogância de poder científico, militar e intervecionista planetário. Já os coreanos não mostrados inseridos numa sociedade bagunçada, despreparada e interesseira. E permeando tudo isto tem a história da família –um tanto fora da casa- que luta para recuperar a garotinha sequestrada pela criatura do lago.. Esta família realiza sua jornada a trancos e barrancos e não desiste da busca em nenhum momento apesar de ser perseguida pelo governo, pela polícia e pelos cientistas. Isto sem falar das porradas que leva nos enfrentamentos com o monstro. Isto é que é ter fé. Muito bom.

http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/2870,1.shl

Monday, June 02, 2008

Filme - Plata Queimada (Marcelo Piñeyro – 2000)


Já tinha lido o livro do Ricardo Piglia (no Brasil chamou-se “Dinheiro queimado”) e fiquei surpreso com o filme. Baseado em fatos reais ocorridos em 1965 no cone sul, Plata Queimada conta a história onde um bando assalta um carro-forte em Buenos Aires, mata algumas pessoas, e acaba fugindo para Montevideo.

O que me surpreendeu no filme foi o foco mais em cima da paixão louca (literalmente) dos “gêmeos” Angel e Nenê do que dos fatos em si. O livro explora mais todo o universo em que história ocorreu e a relação dos dois, apesar de também ser fundamental à narrativa, não é tão explorada como no filme. O filme é ótimo.

Os atores Eduardo Noriega (Angel), Leonardo Sbaraglia (Nenê), Pablo Echarri (Cuervo) e Leticia Brédice (Giselle) matam a pau. Fiquei imaginando que atores brasileiros teriam condições de unir beleza e força de talento iguais aos dos argentinos do filme. Achei dificil. Talvez o Santoro pudesse fazer um dos papéis e olhe lá.

Link para mais informações do filme

http://www.webcine.com.br/filmessi/plataque.htm

Livro : Grande homem mais ou menos (Luis Pimentel)


Sei que o que vou afirmar vai soar como uma heresia para muitos, mas não sou um apreciador ativo de livro de contos. Gosto, é claro, e reconheço que já me deleitei muito com obras do Nelson, do Fonseca, do Guimarães, da Monique Revillion, etc. Porém, no geral, este tipo de livro não me atrai muito.

Então porque comprei este livro do Luis Pimentel? Pelas críticas e pelos premios recebidos por vários dos contos publicados neste livro. Já encontrei muito coisa boa a partir deste tipo de indicação (prêmios e críticas) e é um dos meios que busco para selecionar o que comprar. Foi o que fiz com “Grande homem mais ou menos”. Comprei no escuro, li. O que achei ? - primeiro, não achei tudo aquilo que tinha lido nas críticas; segundo, o nível dos contos é bem variável, vão do bom ao piegas facilmente; terceiro, a originalidade não é o forte; temas óbvios como marginalidade e loucura estão presentes como já era de se esperar. Ou seja, nada tanto assim (como diria o Kid Abelha).

Porém alguns contos realmente são ótimos, tipo o do cachorro atropelado e o da viagem do filho. No mais achei bem mais ou menos. Para quem curte contos de repente o livro possa impressionar muito mais do que a mim. Vai do gosto do freguês.

http://www.planetanews.com/produto/L/278375/grande-homem-mais-ou-menos-luis-pimentel.html

Filme – A sangue frio (Richard Brooks – 1967)


Um soco na cara – e bem feito para mim. Assim pode ser definido este filme.

Então eu estava em casa e resolvi assistir esta adaptação do clássico do Capote realizada em 1967 que baixei da Internet. O que ? .. um filme com mais de quarenta anos retratando o brutal assassinato da família Clutter pela dupla Richard "Dick" Eugene Hickock (numa grande intepretação do Scott Wilson) e Perry Edward Smith (intepretado pelo Robert Blake – o famoso “Baretta”)? Com certeza, pensei comigo mesmo, a adaptação deve ser bem light pois uma história porrada como esta não seria retratada de forma “densa” em um filme jurássico. E foi o que comprovei. Aliás comecei a achar ridículo quando logo surge o primeiro devaneio do Perry Smith (intepretado pelo Robert Blake – o famoso “Baretta”), quando ele se imagina um astro da música. E eu pensei: que bobagem, meu Deus. Depois o filme encaminha-se para os eventos dos assassinatos e eu pensei : não vão mostrar nada pois o filme é “antigo”. Não deu outra. Um salto da noite dos assassinatos para o dia seguinte resumiu o crime. E o filme segue, por um lado mostrando a investigação policial e por outro as andanças dos criminosos antes da captura (igual ao livro).

Mas hei que comecei a me sentir angustiado pois o filme vai entrando cada vez mais na mente dos assassinos e os devaneios de um e de outro começam a dar outro tom à narrativa. De cínico passei a curioso e daí a perturbado. E o filme vai num crescendo de sufoco. E para meu completo terror, já um tanto perto do final, ocorre um flashback que retoma a noite do crime. Caiu minha cara, mas eu já estava preparado para o pior. E foi o que aconteceu. As assassinatos são mostrados de uma forma que eu diria chocante até para os padrões de hoje. Nada de sangue espirrando e coisas do tipo. O que é mostrado, de forma calma e fria, é a reação de desamparao e horror das vítimas (especialmente a garota). A sequência é angustiante, para dizer o mínimo.

Depois, para nova surpresa, aparece um personagem representando o Capote que passa a acompanhar e a comentar o processo da condenação criminal – também igual ao livro. Seguem-se os acontecimentos no corredor da morte e o enforcamento de ambos. Aliás a cena do enforcamento do Perry Smith é nova porrada – tem a ver com traumas com o pai. Chocante. Um baita filme.

Fofocas :

Os produtores queriam Paul Newman e Steve McQueen para os papéis principais. Ambos recusaram.
Robert Blake anos depois foi acusado de assassinar sua esposa. Foi julgado e inocentado.