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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Monday, September 27, 2010

It on It


Já tinha tentado assisitir a peça em São Paulo e não consegui. Agora no Porto Alegre em cena, finalmente !!

Quando me deparo com uma peça como It on It, só posso pensar : "só mesmo o teatro ...!".

Isto acontece quando a chamada magia do tablado irrompe nos sentidos, nas emoções. Sim, pois em nenhuma outro tipo de expressão é possível vivenciar a conjunto de sentimentos despertados por It on It. O jogo de cena apresentado na peça, como uma sinfonia dissonante, sinuosa, atordoa o espectador a cada minuto, com as várias mudanças de personagens e camadas de texto (uma peça que é uma montagem de uma peça, alem da vida particular dos protagonistas).

Os atores Fernando Eiras e Emílio de Mello (soberbos), iluminam um belo conjunto humano (homens, mulheres e crianças), cada qual expondo seus dramas, desejos, vontades, esperanças e desesperanças.

Há tambem muitas brincadeiras com o proprio exercicio teatral que acabam por fascinar os espectadores (os finais que não são finais, são ótimos) e o resultado é uma encenação exemplar em todos os sentidos.

Ah, uma coisa que vou agradecer o resto da minha vida a It on It é ter conhecido a Lesley Gore !..

Que cantora maravilhosa!. Gamei !

O desaparecimento de Alice Creed


Realmente poucos filmes ainda são capazes de surpreender.


"O desaparecimento de Alice Creed" é um destes casos únicos. Com uma produção mínima, hiper-enxuta, com apenas três atores em cena, com uma economia de recurso evidente, o filme fisga pelo que se pode ter de melhor, ou seja, sólidos roteiro, direção, atuação e montagem. Quando bem orquestrados, estes elementos definem a qualidade de um filme, e isto acontece em "O desaparecimento..".


A história é mínima : dois marginais sequestram garota milionaria a fim de pedir resgate. O cenario é apenas um apartamento (quarto, sala e banheiro) e as imagens iniciais que mostram os sofrimentos da garota no cativeiro, são chocantes, beirando ao explicito. É uma prova de fogo para o espectador continuar a assistir os suplícios da jovem e não querer desistir.


Mas o esforço vale a pena. Sem querer estragar o prazer de quem se aventurar e assistir este filme, posso dizer que nem o mais descabelado guru, agarrado com os mais poderosos oráculos, pode prever o que acontece na história.


Os atores dão um banho, especialmente a Gema Arterton (a garotinha do Principe da Persia, aqui num papel que é porrrada pura) e o insano Eddie Marsan.


O final é fantastico.

Vincere



Ida Dalser casou com o jovem político Mussolini com quem teve um filho chamado, como o pai, Benito. Porém Mussonili era casado com outra, e Ida, ao reivindicar seus direitos de esposa legítima (na cabeça dela), acabou por ser trancafiada num sanatório até sua morte, caminho que seu filho tambem percorreu.


“Vincere”, de Marco Bellochio, pretende contar, com forte tom de dramalhão operístico - a beira do artificial total - a tresloucada história desta mulher insana e apaixonada.

Bati cabeça para os atores. Vittoria Mezzogiorno, Filippo Timi estão fantásticos. Principalmente ele, que acaba fazendo dois papéis, o do próprio Mussolini e, depois, o de seu filho crescido. Tem uma cena absurdamente boa que é quando o filho é instigado pelos colegas a imitar o pai. Filippe simplesmente arrebenta na caracterização over do Mussolini.

O filme é bom, vale a pena, mas nada demais.

Friday, September 17, 2010

O livro dos Insultos - H. L. Mencken



Henry Louis Mencken, - ou H. L. Mencken (12 de setembro de 1880, Baltimore, Maryland – 29 de janeiro de 1956), foi uma das vozes mais poderosas no jornalismo americano. Sarcástico, debochado – e até mentiroso – atacava qualquer ordem, idéia, pensamento estabelecido dentro do que ele apontava como delícias da estupidez humana (principalmente politica e religião).


“O livro dos insultos”, traz uma seleção de textos, traduzida por Ruy Castro, que dão um magnífico panorama do que se passava na mente do ensandecido Mencken. Fiquei maravilhado com suas idéias transgressoras – que até hoje com certeza despertam a ira de muitos -, com seu tom sarcástico, debochado, totalmente iconoclasta. Tipo, “não tô nem aí para quem ficar doído”. Ele não poupa ninguem, não respeita qualquer instituição.


Com paixão e astucia, seu cavalo de batalha é o compromisso em atacar quaisquer dogmatismo, preconceitos, politicagem e fanatismos gerais. É uma metralhadora giratória atingindo tudo o que ele considera de podre, hipócrita, falso no universo humano.


Com refinamento de guilhotina, Mencken impulsiona o leitor para a verdade atrás do estabelecido; desmascara, desmistifica as certezas, o inquestionável. Sua voz arruína o status quo, desestabiliza, balança as crenças, o certo, o incontroverso.


Puxa o tapete de todos.

Realmente uma beleza !

Algumas de suas máximas :

· Mostre-me um puritano e eu lhe mostrarei um filho da puta.

· Nunca deixe que seus inferiores lhe façam um favor. Pode custar-lhe caro.

· Um homem educado é aquele que nunca bate numa mulher sem ter um motivo justo.

· Imoralidade é a moralidade daqueles que se divertem mais do que nós.

· As únicas pessoas realmente felizes são as mulheres casadas e os homens solteiros.

· Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive.

· Digam o que disserem sobre os Dez Mandamentos, devemos nos dar por felizes por eles não passarem de dez.

· O principal conhecimento que se adquire lendo livros é o de que poucos livros merecem ser lidos.

· Pelo menos numa coisa homens e mulheres concordam: nenhum deles confia em mulheres.

· De fato, é melhor dar do que receber. Por exemplo: presentes de casamento.

· A consciência é uma voz interior que nos adverte de que alguém pode estar olhando.

· Os solteiros sabem mais sobre as mulheres que os casados. Se não, também seriam casados.

· O adultério é a democracia aplicada ao amor.

· A fé pode ser definida como uma crença ilógica na ocorrência do improvável.

· Quanto mais envelheço, mais desconfio da velha máxima de que a idade traz a sabedoria.

· Pode ser um pecado pensar mal dos outros, mas raramente será um engano.

· O cristão vive jurando que nunca fará aquilo de novo. O homem civilizado apenas resolve que será mais cuidadoso da próxima vez.

· Nunca superestime a decência da espécie humana.

· Incrível como meu ódio pelos protestantes desaparece quase por completo quando sou apresentado a suas mulheres.

· É difícil acreditar que um homem esteja dizendo a verdade quando você sabe muito bem que mentiria se estivesse no lugar dele.

· A guerra contra os privilégios nunca terá fim. Sua próxima grande campanha será a guerra contra os privilégios especiais dos desprivilegiados.

· Padres e pastores são cambistas esperando por fregueses diante dos portões do Céu.