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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Thursday, September 20, 2007

Livro - Barcarola / A morte sem charmes nem disfarces

Barcarola

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“Chegara a sua vez e o homem aniquilado aprendeu muito cedo a duras e tristes penas e com freqüência envenenado pelo inconformismo e pela revolta que a enfermidade letal seguiria cegamente o seu fatídico curso como se estivesse e de fato se encontrava submissa a um rígido roteiro imune a qualquer forma de improviso ou alterações até cumprir o minguado prazo de seis meses porque esta era o tempo exíguo e mesquinho a margear-lhe a vida que agora se precipitava em desabalada carreira e em vertiginoso parafuso na direção do fim.

Chegara a sua vez”

Assim, direto sem vírgulas e com pouca pontuação é o livro “Barcarola – a morte sem charmes nem disfarces” do Pastor Jonas Rezende.

Em Barcarola acompanhamos os seis últimos meses de vida do protagonista. No início ele recebe a fatídica notícia do médico, recusa-se a morrer e parte em busca de um milagre com rezas, ritos, promessas de cura etc. Depois com a doença já avançando, ele se interna num hospital para cercar-se dos melhores cuidados da medicina que lhe prometem uma morte digna e sem (muita) dor.

Seu corpo então começa a definhar, a encolher-se, a corroer-se. Ele fica dependente para tudo, desde comer, tomar banho, até de alguém que limpe sua merda. Porém sua mente cada vez mais alerta, entra num turbilhão de ódio, revolta, questionamentos, lembranças, arrependimentos, reflexões, pedidos de socorro, de colo, de entendimentos, de comunicação (sem muito sucesso).

É claro, até mesmo porque o tema já espanta, o livro não é de leitura fácil. Com alguns lances geniais e outros ridículos de tão piegas a leitura atrai e cansa muito em determinados trechos. Eu, que não sou muito poético, me incomodei com o tom lírico de boa parte do livro. Depois acabei relaxando e busquei entender tal tom a partir da cabeça do moribundo.

Porem não aceitei bem as divagações sociais, políticas, ecológicas, etc, nas quais ele entra e que parecem não ter nada a ver com o objetivo da história.

Mas entre trancos e barrancos a leitura avança sempre com cuidado redobrado pois um texto sem pontuação exige atenção.

Uma passagem genial é do seu último orgasmo – realmente um achado de criatividade numa cena que mistura atração e repulsa para quem lê. Bati palmas. Mas aqui Jonas, talvez achando que os leitores ficariam muito chocados, extende-se numa justificativa desnecessária como que necessitando afirmar a nobreza e a pureza do acontecido.

Este é um dos pecados do livro, a necessidade meio obsessiva de explicar e comentar algumas idéias como se houvesse uma motivação imperiosa de deixar tudo muito claro e evitar algum julgamento ou entendimento errado.

Porém, como a obra lida com o mistério da morte, o leitor avança até mesmo para ver como o autor vai tratar o momento culminante.

E como isto acontece?

Bem, eu diria que Jonas, por ser um pastor, tende a dar uma visão mais “almática” (sic) da morte. Não uma coisa cristã tradicional com anjos cantando (se bem que rola um som) e escadarias para o céu, mas uma espécie de transfiguração, de desdobramento de entendimento, de aprendizado, de aceitação.

Um retorno ao útero, ao lar primordial (o da origem, o do coração) – ou algum outro local que combine segurança, amor e felicidade.

É uma solução fácil e adequada às expectativas do leitor médio? Tipo, querendo dar um alívio para quem acompanhou toda a tragédia do protagonista até ali e precisa voltar a respirar?

Ou seria melhor ele terminar com a extinção da consciência, do pensamento? ... com o aniquilamento da vida pura e simplesmente, numa visão existencialista, direta e crua ?

De qualquer forma achei no livro uma expressão que define bem meu sentimento frente ao inevitável

“... esta misteriosa e dolorida saudade que começo a sentir de mim mesmo...”

Porto Alegre em Cena - Madame Curie

Madame Curie

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O que dizer desta peça? Eu não queria ver – achei que não merecia um monólogo em espanhol sobre a cientista descobridora do polônio e do rádio – mas acabei sendo convencido pelo meu companheiro. Só posso resumir a sensação final em uma palavra : emoção.

A peça inicia absolutamente descarnada : sem cenário, sem palco, sem iluminação. Apenas cadeiras numa sala. Nidia Telles entra e se apresenta como uma velha jornalista que ficou amiga íntima de Madame Curie quando esta lhe concedeu uma entrevista. E começa a se lembrar desta relação, a contar sobre a vida da cientista. Assim, simples. Mas que simplicidade ! Nidia é magnífica. Com uma riqueza de recursos gestuais, vocais, corporais ela vai contaminando a todos com sua atuação soberba.

A peça avança e somos convidados a caminhar com ela por dentro da Casa Rocco, acompanhando a ação em outras salas. Em um determinado momento – realmente impressionante – ela despe a jornalista (sempre alegre e comunicativa) e encarna a Madame Curie (uma pessoa marcada pela máscara do cientificismo, da rigidez) e dá voz direta à cientista. O publico perde o fôlego.

Depois volta a assumir a jornalista e a peça parte para o final dentro de um laboratório. O final é belíssimo, quando a jornalista lê um pedaço do discurso do Pierre Curie quando, juntamente com Marie Curie e Henri Becquerel., ganhou o Nobel de Física em 1903.

O texto questiona se a curiosidade, a investigação do homem sobre os mistérios da natureza é correto, qual o preço que a natureza cobra e se os resultados realmente são válidos. Fantástico.

Porto Alegre em Cena - Toda nudez será castigada

Toda nudez

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Nelson Rodrigues é gênio. Não escondo que amo quase tudo dele. “Toda nudez” não é exceção, Clássico. Já tinha visto outra versão em um Porto Alegre há alguns anos com a Leona Cavalli fazendo a Geni. Ótima. Mas tenho que tirar o chapéu para a Patrícia Selonk. Realmente magnífica como a Geni nesta montagem do grupo Armazém Cia. de Teatro. Também Thales Coutinho está fenomenal com seu Herculano. O resto do elenco não fica muito atrás. A iluminação é absurda de perfeita. O cenário presta-se a jogos cênicos fantásticos. Tudo perfeito. Obra prima.

Sunday, September 16, 2007

Porto Alegre em Cena - Hoje é dia do Amor

Hoje é dia do amor

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"Master, eu tô com sede !... vem aqui e mija na minha boca !".

Esta frase gritada pelo garoto de programa, nú e acorrentado a uma cruz é mais uma das pérolas oferecida ao público na peça "Hoje é dia do amor" de João Silvério Trevisan o qual, por sinal, estava presente na apresentação ontem a noite.

João Silvério sem dúvida é um ícone gay brasileiro, autor do fundamental "Devassos no Paraíso" e outros. Um nome a ser respeitado sempre. Mas é de se perguntar o que ele quer dizer com o texto desta peça. Para mim o intuito é chocar pura e simplesmente. E para isto utiliza os recursos mais surrados, clichês, o óbvio. Senão vejamos : tortura, sexo, sadomasoquismo, morte, culpa, submissão, abandono, "depravação", drogas, AIDS, submundo gay e outras "bizarrices", tudo regado com muito discurso bíblico, símbolos religiosos, muito Jesus e muito Deus.

Ora, qualquer autor de fundo de quintal sabe que se quiser causar polêmica é só misturar alguns destes ingredientes e está feita a festa, a qual, as vezes, pode ter ótimos resultados como um clipe (Like a Prayer - Madonna), um filme (Teorema - Pasolini), artes plásticas (fotos - Robert Mapplethorpe), etc.

Porém em "Hoje é dia do amor" esta mistura ao invés de chocar soa pífia, vazia. Começando com alguns momentos de lucidez, a partir de certo momento o texto embarca no caminho para o nada. O final é absurdo e não fecha com o que foi visto anteriormente.

De qualquer forma, plasticamente o espetáculo é perfeito. Gustavo Haddad realiza um tour-de-force impressionante. Nú o tempo todo, com as mãos amarradas e ajoelhado, contorce-se sem parar mostrando um fantástico domínio corporal tudo acompanhado por uma impecável emissão vocal.

O cenário é simples e muito bem resolvido. Me lembrou as pinturas da Capela Sistina (o que é óbvio). Iluminação e trilha sonora ótimas.

Friday, September 14, 2007

Porto Alegre em Cena – Angu de Sangue

ANGU DE SANGUE

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Espetacular ! Uma das melhores sem dúvida alguma. Um texto rascante, direto, como uma faca na carne. Baseada no livro de contos homônimo de Marcelino Freire, a peça mostra dez pequenas histórias que vão do lírico ao chocante. Os atores são fantásticos. Todos estão ótimos, especialmente Fábio Caio e Gheuza Sena. Fui às lágrimas em dois momentos :"Muribeca", que mostra uma moradora um lixão e "Daluz" , que conta a história de uma mãe que dá os filhos por não ter condições de criá-los. Não conheço o livro do Marcelino mas fiquei muito interessado.

FICHA TÉCNICA
Texto: Marcelino Freire
Direção de Arte: Marcondes Lima
Elenco: André Brasileiro, Fábio Caio, Gheuza Sena, Hermila Guedes e Ivo Barreto
Trilha Sonora: Henrique Macedo
Videomakers: Oscar Malta e Tuca Siqueira
Iluminação: Jathyles Miranda
Roteiro vídeo “Perna” e letras das músicas: Carla Denise
Operador de Som: Tadeu Gondim
Operador de Luz: Sávio Uchôa
Operador de vídeo: Fernando Silva
Produção Executiva: Gheuza Sena
Direção de Produção: André Brasileiro
Assistência de Produção: Fábio Caio, Hermila Guedes e Ivo Barreto

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Segue abaixo exatamente o conto "Muribeca".

Muribeca

Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão.

É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?

E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?

E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?

Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira, uma caganeira? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?

O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho nessa merda aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? Você, o governador? Não. Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?

Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro - o moço tá servido? A moça?

Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta - roupa nova, véu, grinalda. Minha filha já vestiu um vestido de noiva, até a aliança a gente encontrou aqui, num corpo. É. Vem parar muito bicho morto. Muito homem, muito criminoso. A gente já tá acostumado. Até o camburão da polícia deixa seu lixo aqui, depositado. Balas, revólver 38. A gente não tem medo, moço. A gente é só ficar calado.

Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.

Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo.

Eles dissem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.

Thursday, September 13, 2007

Porto Alegre em Cena – Edmond

Porto Alegre em Cena – Edmond


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Vi ontem minha primeira peça no Porto Alegre em Cena 2007. “Edmond”, de David Mamet, uma das melhores cabeças pensantes dos EUA. Um homem consulta uma cartomante que lhe diz que tudo já está predestinado. Confuso ele volta para casa e termina o relacionamento com a esposa. Sai às ruas e mergulha num mundo de sexo, violência, preconceitos e morte. Preso, encontra na cela algum tipo de redenção e paz.

A idéia é boa e a peça começa muito bem. Marco Antônio Pâmio está muito bom como Edmond e os demais atores e atrizes não comprometem. O problema é que achei o texto meio aborrecido em determinadas passagens. Alguns diálogos não fazem sentido e não se encaixam no todo. Seria melhor tirar estes momentos e desenvolver mais o processo de transformação do personagem dentro da prisão. O conjunto é bom, mas poderia ser melhor.

Também existe um filme baseado nesta peça que no Brasil recebeu o título de “Submundo”

ver link

http://www.adorocinema.com/filmes/edmond/edmond.asp

O texto abaixo foi retirado do site do UOL

http://www2.uol.com.br/parlapatoes/parlapaticias/parlapaticias003.html

Em Edmond, texto de David Mamet, apresentado nos Estados Unidos pela primeira vez em 1982, Marco Antônio Pâmio encabeça elenco de nove atores. O espetáculo, dirigido por Ariela Goldmann, conta a história de um homem que, após uma visita a uma cartomante, resolve mudar radicalmente sua vida. O texto mostra um realismo pungente, levado às últimas conseqüências, conduzindo a platéia a uma reflexão inquietante sobre a vida nas grandes metrópoles.
Em 2005, Mamet roteirizou a peça para o cinema, com o ator William W. Macy no papel-título e direção de Stuart Gordon.
Num ano de grandes atuações masculinas em vários palcos da cidade, Marco Antônio Pâmio ganhou o prêmio APCA – Associação Paulista dos Críticos de Arte – como melhor ator de 2006.

Edmond, texto de David Mamet – vencedor do prêmio Pulitzer e da Associação dos Críticos de Nova York com O Sucesso a Qualquer Preço (Glengarry Glen Ross) e indicado inúmeras vezes ao prêmio Tony –, estreou dia 14 de Abril, sábado, às 21 horas, no Espaço Parlapatões. Com direção de Ariela Goldmann e tradução de Marco Aurélio Nunes, o espetáculo traz no elenco os atores Marco Antônio Pâmio, André Persant, Cácia Goulart, Eliana César, Ithamar Lembo, Jairo Pereira, Luti Angelelli, Martha Meola e Tatiana Thomé.

Edmond conta a história de um homem que, após visita a uma cartomante, resolve sair de uma vida segura e monótona para realizar seus desejos mais profundos. Essa decisão o leva à “selva” das ruas, onde tenta satisfazer desejos antes escondidos numa vida aparentemente bem resolvida. Desprotegido num mundo onde as negociações para a sobrevivência são viscerais, Edmond começa a colocar para fora não só seus desejos como também seus medos, seus preconceitos e sua violência.

Em 23 cenas de seqüência vertiginosa, o espetáculo faz o público acompanhar a queda de Edmond: cheia de som, fúria e silêncio. Com uma economia de linguagem e uma musicalidade na melhor tradição de Pinter, os personagens de David Mamet circulam por um mundo onde a crueza e o sentido de humanidade, rechaçam qualquer possibilidade de sentimentalismo ou julgamento.

Ficha Técnica

Texto: David Mamet
Direção e Espaço Cênico: Ariela Goldmann
Elenco: Marco Antonio Pâmio, André Persant, Cácia Goulart, Eliana César, Ithamar Lembo, Jairo Pereira, Luti Angelelli, Martha Meola e Tatiana Thomé.
Tradução / Direção de Produção: Marco Aurélio Nunes
Desenho de Luz: Wagner Pinto
Figurinos: Ariela Goldmann e Leandro Oliva
Trilha Sonora: Raul Teixeira
Pinturas das Telas: Jaqcues Jesion
Montagem Fotográfica: Elisa de Almeida
Assistente de Direção: Alfredo Tmabeiro
Assistente de Produção: Florência Gil
Assistente de Iluminação: Aline Santini
Cenotécnico: Léo Bezerra
Fotos: Jéferson Pancieri
Pesquisa: Dinah Feldman

Wednesday, September 05, 2007

Meus videos Legendados - 1000 Mirrors / Sinead Oconnor e Asian Dub Foundation



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Comentário

Zoora Shah chegou à Inglaterra nos anos 70´s, vinda diretamente de Mirpur uma pobre área rural do Paquistão, para assumir um casamento arranjado. O casamento não deu certo com o companheiro estranho e violento e ela acabou sendo abandonada quando estava grávida do seu terceiro filho. Totalmente isolada, acabou sendo amparada por Mohammed Azam, um traficante do submundo de Bradford.

Zoora permitiu que Azam providenciasse uma casa hipotecada para ela morar. Embora Zoora fizesse todos os pagamentos corretamente, Azam, um homem casado, usou o fato da casa estar no seu nome para fazer de Zoora sua escrava sexual. Isto definiu sua reputação como "prostituta", rótulo pelo qual ela ficou conhecida na comunidade conservadora de Bradford.

Azam usou Zoora para o sexo quando e onde ele queria, incluindo um cemitério onde ela havia enterrado dois outros de seus filhos que morreram ao nascer. Azam possuia armas de fogo e ameçava usar seus contatos no submundo do crime para encontrá-la caso ela tentasse escapar. Ele também sempre ameaçava jogar ela e seus filhos na rua. Quando Azam foi condenado por tráfico de heroína e condenado a dez anos de prisao, ele negociava, da sua cela, Zoora como prostituta para outros moradores da casa onde ela vivia. Zoora ficou refém no seu próprio lar.

Registros de serviços sociais mostram que Zoora sofreu de depressão e outras doenças durante sua vida de casada e no relacionamento com Azam. Ela teve incontáveis abortos, enfrentou infecções viróticas e nos rins, sofreu de anemia e má nutrição. Na última fase do seu relacionamento Zoora não mais tolerava os abusos sexuais. Mas o golpe final veio quando ela apavorou-se com os desejos sexuais de Azam por suas filhas. Zoora envenenou-o com arsênico comprado no Paquistão e acabou sendo condenada por assassinato.

Porem, no julgamento, ela recusou-se a dar evidencias de medo ou vergonha e escolheu permanecer em silencio na esperança de salvar a honra das filhas. Foi julgada culpada e condenada a prisão perpétua com o acréscimo de mais vinte anos.

Ao tomar conhecimento da história de Zoora, várias organizações de direitos humanos começaram a fazer campanhas pela sua libertação, o que ocorreu após 14 anos de prisão.

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O texto do video refere-se ao marido porem a história correta é esta aqui publicada.