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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Saturday, May 31, 2014

Filme - Malevola

Uma coisa inacreditável. A medida que o filme avançava eu me perguntava : Por que cometeram esta bosta de filme ? Com que intuito ? 

Os caras pegaram uma história clássica, consagrada, eterna e simplesmente vomitaram (para não dizer outra coisa ) em cima.

Sim, pois qual seria a outra forma de explicar a deturpação completa do conto da Bela Adormecida que esta porcaria de “Malévola” comete ?

O filme até que começa bem, mostrando a inimizade entre o povo mágico e os humanos e como a Fada Malévola é traída – por um imbecil que acaba tornando-se rei dos humanos- e parte para a vingança.

Até aí tudo bem, a coisa vai mais ou menos na linha da história original.

Só que quando a Malévola invade o salão real onde a Princesa Aurora será batizada, a malvada, bem teatral, amaldiçoa a criança dizendo que ela, ao completar 16 anos, irá espetar o dedo numa roca de fiar e cairá em sono eterno do qual só despertará com um beijo de amor verdadeiro. 

O que? Fala sério! Nada a ver. 

No original, quando a feiticeira roga a praga, fala em morte da jovem e é claro que a malvada não fala nada em como desfazer o sortilégio (ela seria muito trouxa de fizesse isto, of course)

Para piorar as coisas – e não me alongando muito pois o filme não merece – a Malévola torna-se simplesmente a protetora da jovem, e como se isto não bastasse, sua Fada Madrinha. 

Sim, isto mesmo. Malévola fada madrinha da Bela Adormecida! Dá pra engolir esta? 

Mas o pior não é isto (se é que poderia haver algo pior).

A cereja que faltava neste bolo podre e intragável é a “tão esperada cena do beijo do amor verdadeiro”.

Confesso que fiquei constrangido de olhar para a tela neste momento, pois é tudo muito vergonha alheia.

O que rola é que a bela jovem adormecida é despertada pelo beijo da, nada mais nada menos. Malévola !

O que (novamente)? Como?  Em que universo estamos? 

Só vendo para acreditar.

Depois desta sandice o filme apresenta outra de suas várias estupidez ao mostrar o “reimplante das asas”. 

Ora vejam só, as tais asas – que estão presas numa espécie de cristaleira num determinado aposento do castelo – ficam alucinadas ao pressentir que Malévola (da qual as tais asas foram extirpadas) está por perto e começam a se debater querendo reencontrar o corpo ao qual pertenciam. E é claro, num momento “épico”,  o tal reimplante ocorre e a fada do mal reencontra seu poder e parte para quebrar tudo. 

Mas daí tu te pergunta : por que as tais asas não voltaram voando para a dona quando, depois de seccionadas, foram levadas para o castelo e jogadas displicentemente na cama do rei moribundo? 

Ai meu saco.

Depois de mais esta pérola o filme, felizmente, ruma para o final, o qual acontece num “clima de felicidade” hediondo, tenebroso.

Um dois piores filmes que vi na vida.

Ridículo em todos os sentidos

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Não coloco o trailer pois ninguém merece

Monday, May 26, 2014

Livro–O Drible (Sérgio Rodrigues)

 

1217“O que se estendia à sua frente era uma vida de merda, via com clareza agora, mas tudo bem, que fosse. Uma vida de merda. Teria a companhia de multidões.”

Assim Neto percebe seu futuro num momento “turning point” de “O Drible” (Sérgio Rodrigues - Companhia das Letras 2013).

Neto é um “looser total”, interessado em velharias da cultura pop, que se sustenta fazendo revisões de rasteiros livros de auto ajuda e que, após passar por um terrível trauma amoroso, só se envolve com garotas “de classe inferior”, as quais descarta logo que o “caso” começa a entrar perigosamente na categoria de “romance”. Filho do famoso cronista esportivo Murilo Filho, Neto, durante a infância, já órfão de mãe, comeu o pão que o diabo amassou nas mãos do pai agressivo, ausente e cruel.

Já adulto, depois de dez anos sem ver o pai frente a frente, Neto recebe um convite de Murilo para visitá-lo numa chácara no Rocio (Petropolis RJ) onde vive recolhido após abandonar a profissão. “Estou à sua espera, Tiziu. Estou morrendo” – ouve o pai dizer-lhe em tom melodramático ao telefone. Neto surpreende-se tanto pelo convite quanto por o pai chamá-lo pelo apelido que lhe dera na infância e que ninguém mais usava. O filho reluta mas acaba iniciando uma série de encontros com Murilo nos quais espera, de forma quase obsessiva, que o jornalista aposentado demonstre arrependimento por provocar a ruína de sua vida e, desta forma, lhe peça perdão.

Só que Murilo, alternando momentos de lucidez e outros de aparente “desligamento”, desvirtua a conversa toda a vez que o filho lhe coloca contra a parede questionando-o sobre sua desumanidade, sua perversidade como pai. Nestes momentos, o velho cronista, com toda sua bagagem de conhecimento, começa a divagar (ou “dar aulas”) sobre o futebol brasileiro, sua história, times, craques, campeonatos, copas do mundo. Fala sobre o futebol como elemento formador da cultura, da sociedade, do imaginário; o esporte como agregador, como gerador de ódio, violência e morte.

Também Murilo começa a lhe contar a trágica história de Peralvo – sobre a qual escreveu um livro ainda não publicado -, um jogador com determinados dons mágicos, que partiu de uma condição interiorana quase marginal para as glórias nos grandes clubes cariocas, e que se envolve, por vias completamente tortas, nos subterrâneos da ditadura militar.

Neto acaba embarcando neste mundo fictício ou real muito mais para estar perto do velho – e assim ouvir (ou extrair) o tão sonhado pedido de perdão – do que realmente interessado no que está lhe sendo contado.

Só que a velha raposa não embarca nesta tão fácil, e daí se estabelece uma espécie de jogo entre pai e filho, com ataques, recuos, faltas, inúmeros dribles e um assustador golaço final. drible - foto 1

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Bem, devo dizer que futebol não faz parte dos meus interesses e, portanto, entrei no livro meio que “sem vontade”.

Mas a coisa já começa muito bem com a descrição entusiástica de Murilo de um drible fantástico e humilhante que Pelé deu no goleiro uruguaio Ladislao Mazurkiewicz, na copa de 1970 (aliás o que este drible envolve, define o livro).

Então, mesmo para quem não é futebolista fanático, as passagens esportivas super bem escritas não incomodam em nada. Pelo contrário, servem como uma espécie de “Introdução ao Fanatismo do Futebol para Leigos”.

Também a mistura de personagens reais dos anos dourados e sessentas (Nelson Rodrigues, Mario Filho, Nara Leão, Garrincha, Pelé, etc) com fictícios é fantástica.

Mas estes e outros recursos utilizados pelo autor seriam elementos “inteligentes” se não estivessem a serviço de uma boa história. No caso de “O Drible” achei, a medida que evolui a leitura, que esta tal história era até “estava legal”, mas não esperava maiores surpresas.

Só que não.

O final é definitivamente esmagador (para usar uma gíria esportiva), elevando a sordidez dos personagens a níveis insuspeitados.

Me caiu os butiá do bolso. Portanto aviso que quem se aventurar neste livro, prepare-se para ficar C-H-O-C-A-D-O.

Imitando a Gleicy Kelly – personagem do livro - : É tipo assim, PÉIM !! na sua cabeça.

Excelente.

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Observação :

Sérgio pisa na bola ao afirmar que (falando de cultura pop na página 71), o Agente 86, Maxwell Smart, trabalhava para a UNCLE, quando na verdade ele trabalhava para o CONTROLE.

Absolutamente nada a ver.

Ele confundiu ”O Agente da UNCLE” com “O Agente 86”.

O agente da uncleagente86

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Video com o incrível drible de Pelé

Links para os blogs do Sergio Rodrigues

TODO PROSA

SOBRE PALAVRAS

Saturday, May 24, 2014

Clipe Legendado - Serge Gainsbourg & Brigitte Bardot - Bonnie And Clyde


Dias atrás estava assistindo um episódio da sensacional série Mad Men (que está na sua derradeira temporada), onde a hiper-super-mega gostosa Joan (Christina Hendricks) vai  com sua irmã numa balada  onde as boas acabam ficando com um bofes.

Até ai, tudo bem. O lance é que na tal da boate tá tocando uma música que eu não conhecia e que me deixou de queixo caído.

Christina Hendricks - super gostosa
Gamei de imediato.

Depois que o episódio terminou fui para o Google pesquisar e descobri que tal música era "Bonnie and Clyde" uma composição do Serge Gainsbourg na qual ele divide os vocais com nada mais nada menos que  Brigitte Bardot.

Tá certo que ela, depois de "velha"  se tornou um fora da casa total, com declarações e comportamentos bizarros. Mas, vamos concordar que ela é um ícone de beleza e sensualidade eternas.

Então o que fiz ? Baixei e legendei o clip.

Musicão !

Cena do Mad Men onde a hiper gostosa Joan está na boate e a música toca




Clipe legendado

Cique AQUI e não na figura abaixo)


Serge é pai da excelente atriz Charlotte Gainsbourg.

Charlotte em Ninfomaníaca 2

Tuesday, May 20, 2014

Filme–Hawaii

hawaii2013Mais um filme de “bixa sensível”.

Ai meu saco.

Porque tem tanto filme apresentando as bee como criaturas mimosas e delicadas ?

Será que é para alimentar a ideia de que as gays são frágeis, poéticas, vaporosas ?

Ai meu saco (novamente ) e meu cu.

Fala sério.

Este tal de Hawai (Argentina 2013)  vai nesta linha. 

As “bunita” ficam o filme todo só na enrolação, só se catando à distância, sendo que  desde cedo tá óbvio pra qualquer imbecil que as boas estão loucas uma pela outra. 

Só que elas são tímidas, envergonhadas, sem coragem para avançar e ficam fazendo a linha da “não tô interessada”, com a maior poker face.

Quem acredita ?

Dois caras belíssimos, sozinhos numa espécie de sítio, desfilando de calção de banho o tempo todo um na frente do outro, se tocando “ de brincadeira” e não rola uma pegada forte ? Hawaii3

Que perda de tempo.

Ok, falando assim parece que “Hawai” é uma bosta

Pois não é.

Na real o filme é muito bom, com uma idéia super legal e otimamente executada por Marco Berger

Vamos lá :

Eugenio (Manuel Vignau), está sozinho passando o verão na casa dos tios onde busca inspiração para o roteiro que está escrevendo.

Por ali aparece Martin (Mateo Chiarino), um home less lindíssimo e tudo de bom, que busca  trabalho temporário de “faz tudo”  (cuidar da piscina, do jardim,  arrumar cercas, etc).

Eugênio concorda e logo Martin acaba se transferindo para um quartinho bem uó (tipo de empregada) da casa.

Tudo vai bem (cada qual com seus afazeres) até que os gostosos descobrem terem sido amigos de infância, o que os aproxima mais (no bom sentido).

Assim, logo  eles estão embrulhados por emoções que misturam lembranças das brincadeiras e descobertas dos tempos de criança, com a atração adulta que um sente pelo outro (esta, cheia disfarces e olhares camuflados)
 
hawaii_-_h_-_2013O bonito (tenho que admitir) é o jogo que se estabelece entre eles, alternando o resgate das alegrias e traquinadas de criança (tipo, nadar no rio, espingarda de pressão, etc), com a evidente e madura compulsão sexual (muita catação de neca e  tudo o mais).

Mas é claro que o romance não evolui para um mar de rosas – rola uma merda qualquer - e os docinhos só acabam “ se achando” a partir de uma lembrança infantil tri  singela (aí se entende porque o filme se chama “Hawai”)

Muito lindinho. Muito fofo.

Atenção, : quem se aventurar neste romance gay tem que saber que tudo é muuuuittoooo leeentooooo, muuuitoooo silêêêêncioooo, muuitooooo devaaagaaaaar.

Então, criança,muita paciência para encarar este filme.

Mas vale a pena.
 
maxresdefault


hawaii atores 

TRAILER ABAIXO :

Monday, May 19, 2014

Filme - Blancanieves


De cara já vou dizendo que sou contra as touradas. Aliás, sou contra qualquer tipo de “diversão” que envolva animais, tipo farra do boi, rodeios, laçadas, pesca esportiva, gaiolas, aquários, zoológico e tantas outras aberrações que os humanos inventaram para explorar os animais como entretenimento (isto sem falar em “comer animais”, mas isto é outro assunto).

Então tenho que afirmar que fiquei tri incomodado quando percebi que o “Blancanieves”  (Espanha 2012) tem como grande pano de fundo o mundo das touradas espanholas, com os heróis matadores simbolizando, obviamente, coragem, superação, fé , confiança (ou seja os “nobres valores humanos”), e os pobres touros, por sua vez, reduzidos a bestas enormes , insanas e demoníacas,

Portanto, minha primeira tendência já de cara foi rejeitar o filme por questões, digamos, “éticas”.

Sofia Oria vive Carmencita na infancia
Mas que nada, a medida em que a história avançou, e diante de um deslumbramento contínuo em relação ao que estava assistindo, vi que estava prestes a deixar de viver uma experiência sensorial fantástica se ficasse naquele ranço politicamente correto.

Pude então relaxar e entrar naquele mundo de carnificina a partir da visão dos personagens (seus dramas, suas alegrias, seus amores, suas conquistas, suas derrotas, seus destinos). 

Daí não teve como não me entregar a esta fábula fantástica, preto e branco e silenciosa que reconta a clássica história da Branca de Neve por um viés sombrio, gótico, trágico.
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Esta legitima obra de arte, engendrada por Pablo Berger, inicia com renomado toureiro Antonio Villalta (Daniel Giménez Cacho)  sofrendo um acidente na arena, em pleno ato das suas habilidades, o que desencadeia uma sequência de horrores para si e para sua esposa grávida Carmen de Triana (Inma Cuesta).

Logo entra em cena Encarna (Maribel Verdú, over total - absolutamente fantástica como não poderia deixar de ser) uma enfermeira do mal, manipuladora que torna-se a Sra Villalta e madrasta de Carmencita (filha de Carmen e Antonio).

Carmencita ainda vive dias de felicidade enquanto mora com a avó, mas sua triste sina inicia quando se vê obrigada a viver sob o mesmo teto da madrasta e do pai inválido.

Não é necessário entrar em maiores detalhes do que acontece a seguir, mas são surpreendentes os caminhos que o filme toma, misturando elementos da história clássica (num tom “lírico”) com acentos adultos, ousados e, por que não dizer, cômicos (o lance com a resvista tipo “Caras” é genial).

Macarena García vive Carmencita adulta
Então, mesmo sabendo a história de trás pra frente, somos instigados a acompanhar a trajetória da  garota apoiada num background belíssimo (roteiro sólido, trilha sonora fantástica, fotografia deslumbrante e atores perfeitos)

O final, absolutamente inovador, perturbador e comovente, deixa um travo na garganta. Tu fica, tipo, “Meu Deus, e agora ? Como fica o “para sempre””?

Aí é que está a maravilha da coisa : ninguem sai ileso deste Branca de Neve Punk.

Filmaço

TRAILER :



IMAGENS :










Wednesday, May 14, 2014

Filme - O apartamento (documentário)

The Flat - Poster
Diante do documentário “The Flat”, perguntamos : vá entender o que se passa no coração e mentes das pessoas. Sim, pois o filme mostra uma improvável porém sólida amizade, que nasceu e durou anos antes e após a segunda guerra, entre um casal judio e outro nazista.

Este relacionamento foi descoberto por Arnon“Arnie” Goldfinger quando, juntamente com sua família (mãe, irmãos, primos, tios, tias), foi dar destino aos pertences da sua falecida avó (Gerda Tuchler) no apartamento onde ela viveu com o marido Kurt durante (tambem falecido) durante70 anos.

Mexendo nos móveis, gavetas, prateleiras, malas e caixas o pessoal tomou conhecimento da amizade íntima que uniu durante anos seus avós com Leopoldvon Mildenstein (um oficial nazista que atuou na Secretaria para Assuntos Judaicos -antes da guerra - e no Ministério da Propaganda - durante a segunda gurra) e sua esposa.

A partir daí o Goldfinger assume uma espécie de cruzada para provar que von Mildenstein foi um criminoso de guerra a fim de, além de perturbar a lembrança e memórias de várias pessoas, exibir em triunfo um relevante fato histórico até então desconhecido. Porque isto ?

O objetivo do filme é assustadoramente questionável.

Para não parecer que “eu não entendi”, reproduzo abaixo uma consistente análise do filme (com a qual concordo) , que foi publicada no site “Alternative Insight”, um site que o publica (como eles mesmo dizem) “comentários alternativos à mídia convencional”.
 Observação : a tradução foi feita por mim, sendo que tomei várias liberdades, introduzindo comentários e “adaptando” diversas frases.
 O texto original pode ser lido aqui.
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COMENTÁRIO PUBLICADO NO SITE “ALTERNATIVE INSIGHT” SOBRE O DOCUMENTÁRIO “O APARTAMENTO”
O apartamento”, um documentário israelita de 2011, escrito e dirigido por Arnon Goldfinger, é um filme importante não pelo seu conteúdo, pois como documentário é algo inútil e sem rumo. Sua relevância reside no fato de ser um ótimo exemplo de algo criado intencionalmente para manipular a público.
Embora “O apartamento” tenha recebido ótimas críticas e recomendações, os críticos, demonstrando ignorância sobre o conteúdo, não captaram inteiramente o que foi apresentado, equivocaram-se na análise e deram uma interpretação descuidada dos fatos.
A aceitação do público em relação a “O apartamento”, é assustadora – quase uma histeria em massa - com multidões de espectadores não absorvendo corretamente ao que foram expostos, e respondendo à narrativa como autômatos programados através de condicionamentos habilmente manipulados.
O HomemUnidimensional, de Marcuse ( um indivíduo bitolado, controlado pela industrialização, padronizado e ligado apenas a aparência das coisas. Homem ôco, conformista, consumista e acrítico) surgiu em cada canto das salas de cinema e provocou a questão : a maioria das pessoas reage da mesma forma às informações sobre acontecimentos mundiais? Se assim for, então sabemos por que o mundo está em apuros.

A HISTÓRIA DO FILME :

Enquanto limpa (organiza, guarda e /ou descarta) décadas de parafernálias do apartamento de sua avó, falecida com a idade de 98, Arnon Goldfinger descobre um velho jornal nazista (DerAngriff).

O jornal amassado apresenta um artigo intitulado "Um nazista na Palestina", e imagens (fotos) de camaradagem entre um Barão chamado Leopold von Mildenstein, sua esposa, e os avós de Goldfinger, Kurt e Gerda Tuchler.

O curioso Goldfinger fica chocado ao descobrir que von Mildenstein era um nazista vinculado à SS e que foi citado por Eichmann durante seu julgamento em Israel (Mildenstein era seu superior no início do funcionamento da Secretaria para Assuntos Judeus (1934-1937)).
Memorabilia dos Tuchler

Também cartas encontradas no apartamento, escritas por Gerda Tuchler, e diários de Frau Mildenstein, recuperados pela filha de Mildenstein, indicam que os Mildensteins e os Tuchlers mantiveram uma relação estreita antes e após a guerra.

Como os avós judeus de Goldfinger, que foram forçados a sair da Alemanha em 1937 e que sabiam que a mãe de Gerda havia sido transferida para um campo no Báltico, onde morreu , socializaram-se com um bem conhecido nazista da SS que, mesmo brevemente, comandou a Secretaria para Assuntos Judeus?

A mãe de Goldfinger não consegue lançar nenhuma luz sobre esta aparente contradição, mostra-se perplexa, porém logo desinteressasse em avançar numa pesquisa para buscar mais informações sobre as revelações.

Porém o mesmo não ocorre com Goldfinger. Ele viaja para a Alemanha, conhece a filha de Von Mildenstein e seu marido (ambos anciãos), vários alemães, e também o velho autor de um artigo publicado, nos meados de 1960, na revista da Alemanha Ocidental, “Der Spiegel”, que trata sobre a vida de Leopold von Mildenstein, então um executivo da Coca Cola.

A esta altura Goldfinger pára de se preocupar com a relação entre avós e von Mildenstein e inicia uma caminhada, de uma única via, a fim de expor o oficial da SS como um criminoso de guerra .

Porém, ninguém que ele encontra é capaz de fornecer quaisquer informações que corroborem tal perfil. O repórter daDer Spiegel” afirma que não conseguiu encontrar qualquer evidência de que von Mildenstein tenha tomado parte em qualquer crime de guerra. Neste ponto, Goldfinger não tem um documentário, apenas algumas fotos e artigos que não levam a nada.

Incomodado pelas incertezas, Goldfinger sustenta que a pesquisa do jornalista da “Der Spiegel” foi insuficiente. Em uma mudança repentina no filme, ele viaja para a Alemanha Oriental a fim de examinar documentos do governo (antes secretos), onde localiza um dossiê sobre von Mildenstein .
 
Neste, numa nota de próprio punho, o alemão registra ter deixado a Secretaria para Assuntos Judaicos - onde Eichmann trabalhou para ele - em 1937 (ou seja antes da Secretaria envolver-se com campos de concentração e de trabalho), quando então transferiu-se para o Ministério da Propaganda.

Embora o filme não mencione especificamento em qual seção do ministério de Goebbels, von Mildenstein trabalhou, a história indica que ele atuou no Departamento de Imprensa.

Com sua “nova informação”, Goldfinger, em um momento particularmente constrangedor do filme, confronta a filha de von Mildenstein e claramente perturba a velha senhora, acusando seu pai, sem provas, de ser um propagandista no Ministério de Goebbels . "Você pode ir aos arquivos da Alemanha Oriental, se você não acredita em mim ", diz o triunfante Goldfinger.

O que isto ( a “descoberta do criminoso”) provoca em Goldfinger e em sua mãe, não fica claro no filme, mas ele parece saborear a desolação da filha de Von Mildenstein e também alegrar-se por finalmente conseguir provar que seus avós “saracotearam” com um conhecido nazista. Agora ele tem um filme.

Só que não.

A verdade é que os "fatos" reunidos por Goldfinger foram incompletos e equivocadamente interpretados / analisados.

A VERDADE

A vida de Leopold von Mildenstein, a qual é bem conhecida na história, não foi devidamente esclarecida no filme.

As viagens do diretor para pesquisar sobre a vida de von Mildenstein, fazendo parecer que ele estava em uma investigação única, a qual ocultava um mistério complexo e revelador, é questionável.

Para facilitar sua vida, tudo o que o diretor tinha a fazer era ficar em casa,”googlar” o nome de Leopold von Mildenstein, ler alguns artigos e, após, entrevistar os autores.

Os artigos contêm tudo o que aparece no filme, além de muito mais informações sobre Leopold von Mildenstein e sua relação com os avós de Goldfinger.

Alguns artigos:

Jacob Boas, 'Baron von Mildenstein and the SS support for Zionism in Germany, 1934-1936' in History Today, January 1980, and
Jacob Boas, 'A Nazi Travels to Palestine', History Today, vol. 30, issue 1, pp. 33-38,
Leopold von Mildenstein (references),
http://en.wikipedia.org/wiki/Leopold_von_Mildenstein, and
Lenni Brenner, 'Zionism in the Age of Dictators' (1983).

A história de Leopold von Mildenstein, para que todos saibam qual é, é a de um alemão que alistou-se ao Partido Nazista e colaborou com o sionismo, muito antes dos nazistas tomarem o poder no seu país.
Parece que foi Kurt Tuchler, como representante judeu, quem procurou Mildenstein a fim de encorajá-lo a apoiar a causa sionista. Mildenstein respondeu que, antes de se comprometer, gostaria de conhecer a saga da movimento judaico.

O Diretor - Arnon Golfinger
Então ambos os homens, juntamente com suas esposas, viajaram à Palestina a fim de observar o sionismo em ação. A partir desta viagem foram publicados vários artigos sob o título Um nazista viaja à Palestina” (no tal jornal “Der Angriff”, aquele encontrado no aparramento da avó de Goldfinger).

Diários de Frau von Mildenstein e cartas de Gerda Tuchler, conforme descrito no filme, indicam que estas famílias desenvolveram uma forte amizade que continuou mesmo após os Tuchlers deixarem a Alemanha, e que foi revigorada após a guerra.

Depois de viajar pela Palestina durante seis meses, Mildenstein convenceu os nazistas, em 1934, a abrir uma secretaria para tratar a questão judaica através de uma abordagem sionista. Eichmann juntou-se a a este escritório, o qual não era, naquele momento, aquele que mais tarde ficou conhecido como o desolução final"; sendo que Mildenstein nunca treinou Eichmann em qualquer de suas atividades nefastas, de acordo com o que um dos autores (dos artigos) registra.

No seu julgamento, ao invés de acusar Mildenstein, Eichmann tentou desculpar-se, alegando ter trabalhado no escritório de Mildenstein, local onde (segundo ele) apenas procurou transferir os judeus de acordo com os objetivos sionistas. Talvez haja mais do que isso, mas nem o filme nem a história mostram que Mildenstein tenha participado ou apoiado o Holocausto

De acordo com o mencionado anteriormente, Mildenstein deixou a Secretária de Assuntos Judeus em 1937, onde Eichmann trabalhava para ele ( isto ocorreu antes da secretaria envolver-se com campos de concentração e de trabalho), e tranferiu-se para o Ministério de Propaganda.

A razão mais aceita para sua mudança é sua decepção em relação aos atos da Secretaria : a migração para a Palestina estava ocorrendo muito lentamente e a SS estava mudando sua política em relação aos judeus.

Durante a guerra, Mildenstein só é conhecido somente por ter escrito artigos e livros. Um livro de 1942, o qual provavelmente levou dois anos para ser concluído intitula-se “Naher osten-vom Straßenrand erlebt” (Viagens pelas estradas do Oriente Médio) e contém alguns pontos de vista sob uma ótica nazista, porém tal publicação não foi uma peça de propaganda de relevante significado.

Não, Goldfinger não explica como Mildenstein poderia manter suas credenciais SS,mesmo quando deixou de trabalhar no departamento que abrigava a SS, ou como ele poderia estar envolvido nos assassinatos de judeus quando ele nunca se encontrou em qualquer posição que pudesse permitir (ou autorizar) tais atrocidades.

Como um dos primeiros membros do Partido Nazista e um oficial da SS envolvido em assuntos judaicos, Leopold von Mildenstein merece censura. No entanto, parece que mais tarde ele perturbou-se com estas ligações.
Goldfinger constrangendo a filha de Milsdentein

Embora seja difícil definir o foco do filme, é óbvio que tal deveria ater-se à exploração da relação aparentemente confortável entre as Tuchlers judeus e os Mildensteins Nazis. Essa é uma história!
Fazendo exatamente o oposto, Goldfinger guiou sua direção para longe do enredo óbvio e transformou o filme em algo confuso e incoerente. Isto foi intencional?

Não teria sido mais válido explorar a relação concreta entre os líderes sionistas e os nazistas (com nada de sinistro aí), e mostrar que os von Mildensteins e os Tuchlers eram apenas nacionalistas que compartilhavam interesse na cultura alemã de Goethe e Heine, no sionismo, e um desejo comum de viver uma vida elegante? Gerda Tuchler assemelhava-se e vestia-se igual à Rainha da Inglaterra naquela época.

Ao invés de serem conspiradoras em tempos sombrios, parece que as duas famílias eram amigas inofensivas que não reconheciam quaisquer atitudes nefastas ou interesses políticos uma na outra. Isto é tudo que sabemos - todo o resto é imaginação.

No fim, Arnon Goldfinger produziu um "pseudo documentário," com conteúdo exagerado a fim de exibí-lo nos cinemas. Sua falta de preocupação que, com o miseravelmente pesquisado documentário. a memória dos seus próprios avós seja prejudicada é preocupante.
Mais preocupante porém são os comentários (desprovidos de qualquer realidade) sobre o filme..

Eis alguns :

"Goldfinger, habilmente afasta-se das acusações mais óbvias que possam acelerar o pulso do documentário : por exemplo, que Mildenstein tenha indiretamente apoiado a arquitetura do Holocausto, e que seu relacionamento pós-guerra com os avós judeus de Goldfinger claramente objetivava estruturar sua inocência em relação aos crimes nazistas de guerra.".

Goldfinger não se coíbe de nada. Ele não encontrou nada. Em nenhum lugar na sua "pesquisa", no filme ou da história. é mostrado que “ ...Mildenstein tenha indiretamente apoiado a arquitetura do Holocausto, e que seu relacionamento pós-guerra com os avós judeus de Goldfinger claramente objetivava estruturar sua inocência em relação aos crimes nazistas de guerra”. Tais comentários absurdos não possuem nenhuma prova histórica. Pode até ser argumentado de que o filme e a história indicam que Mildenstein, por meio da cooperação com a Federação Sionista, permitiu a emigração de judeus à Palestina, conseguindo assim salvar dezenas de milhares de vida. Mais judeus poderiam ter sido salvos se mais judeus tivessem se interessado em imigrar para a Palestina. Porem, evidentemente, um número relativamente pequeno de judeus alemães aderiram ao movimento sionista.


"A Coca-Cola produziu uma biografia lisonjeira por ocasião do aniversário de 60 anos do Mildenstein, somos informados (no filme) por um jornalista da “Der Spiegel” que prescrutou o passado SS do alemão. No entanto Mildenstein parece ter escapado da acusação, afirmando que trabalhava para a CIA. O governo dos EUA, porém, nunca reconheceu isso, e ele não foi processado. Além da cobertura da “Des Spiegel” em 1966, após a morte de Mildenstein nada mais apareceu e sua história foi mantida relativamente quieta”

No filme, e jornalista da “Der Spiegel” afirma claramente : "Pesquisei tudo sozinho e não encontrei qualquer evidência de que von Mildenstein tenha cometido crimes de guerra." Já eu não lembro de ter visto no filme que "Mildenstein parece ter escapado da acusação, afirmando que ele trabalhava para a CIA." O comentarista pode estar se referindo a informações fora do filme. Note-se a observação sinistra "sua história foi mantida relativamente quieta”. Porque tal história deveria ser apregoada aos quatro ventos e como, se ela foi mandida relativamente quieta, ele soube a respeito ?

"A descoberta leva Goldfinger a uma viagem à Wuppertal, na Alemanha, onde ele conhece a filha de von Mildenstein, Edda, que encapsulou-se na sua própria forma de negação sobre o passado de seu pai. No entanto a pesquisa de Goldfinger - que inclui o depoimento de Eichmann em seu julgamento, no qual ele citou von Mildenstein como o seu antecessor, sob ordens de Goebbels, em campanhas de propaganda anti-judaica – revela um retrato de negativo (do Barão).”

Goldfinger e sua mãe
Edda, que tinha cerca de cinco anos no final da guerra, não se encapsulou em si mesma e não tem nada a negar. Eles viveram na Alemanha durante a guerra e seu pai (e não ela) trabalhou para uma parte grotesca do governo, assim como milhões de outros alemães. Ela ficou mais chocada do que “em negação” (ao saber das “revelações” de Goldfinger). 
 
Depois de receber de bom grado Goldfinger em sua casa (juntamente com seu esposo e amigos) e revelando suas memórias agradavéis a respeito dos Tuchlers (os avós de Goldfinger), ela descobre que o que ele quer é apenas encontrar informações acusadoras sobre seu pai e jogá-las na sua cara.
A declaração do comentarista de que a pesquisa de Goldfinger “ .. inclui o depoimento de Eichmann em seu julgamento, no qual ele citou von Mildenstein como o seu antecessor, sob ordens de Goebbels, em campanhas de propaganda anti-judaicanão é plausível. Eichmann não poderia ter dito aquelas palavras pois nunca trabalhou para Goebbels e, portanto, ele e Mildenstein não poderiam ter atuado juntos na realização de qualquer campanha de propaganda anti-judaica.

Na abertura de uma das críticas lê-se "O Apartamento , um documento conciso e meticulosamente pesquisado," Deveria ter sido escrito "um documento exagerada e descuidadamente pesquisado".

CONCLUSÃO :

Arnon Goldfinger informa aos seus espectadores, no início do filme, que Leopold von Mildenstein foi um nazista da SS, para mostrar, no final do filme, que Leopold von Mildenstein foi um nazista da SS.

Documentários são experiências de aprendizagem. Este documentário acrescenta pouco conhecimento após retratar a viagem inicial de von Mildenstein com as Tuchlers para a Palestina - 30 minutos de atração e 60 minutos de pesca - nada de concreto sobre o que os Mildensteins e Tuchlers realizaram à distância ou em conjunto, sem vozes ouvidas e nenhuma pista seguida. Depois de quase duas horas assistindo, os arquivo que surge no final do filme diz-nos apenas um pouco mais do que o que já sabíamos - von Mildenstein realmente levou a Central de Assuntos Judeus até 1937, após o qual se transferiu para o Ministério da Propaganda. 
 
E só....

Os Tuchlers
TRAILER ABAIXO


Saturday, May 10, 2014

Livro "O Professor" - Cristovão Tezza

Quando li que o novo livro do Cristóvao Tezza tratava de um professor passando a limpo sua vida, antes de receber um prêmio acadêmico de cara pensei  :  “mesma coisa do filme Morangos Silvestres, do Bergman”.

Sim, pois nesta obra prima, o diretor sueco mostra um professor super idoso perdido nas suas memórias - e tropeçando em alguns eventos - durante o trajeto para para a tal homenagem na Universidade de Lund.

Nada a ver. 

Se o filme tem um tom “lírico”, Tezza não doura a pílula ao nos apresentar Heliseu da Motta e Silva, professor aposentado de Filologia Românica, que durante algumas poucas horas desde o despertar, prepara-se para receber, aos 71 anos, uma homenagem por sua carreira.

Divagando sobre o que (e como) discursará, o mestre – vendo o ato como uma espécie de morte simbólica a partir do qual todos o esquecerão - vai fundo na retrospectiva da sua vida.

Neste mergulho conhecemos suas alegrias, suas infelicidades, frustrações; seus relacionamentos fracassados (amorosos e familiares) , num denso quadro de amarguras (e culpas) pontuado com muito sarcasmo e ironia.

Heliseu é patético. Sabe que seus colegas acadêmicos falam por suas costas, a certa altura se auto referencia como “reacionário”, e meio que se enxerga como uma fraude.

Como se isso não fosse pouco, seus fantasmas são porrada : pai  rude e “criminoso", filho gay e  distante, paixões arruinadas, isto sem falar do seu provável assassinato da esposa.

Mas o romance vai além : com passagens ótimas sobre a história recente do Brasil e mundial, também traz trechos saborosos (e alguns difíceis) sobre a construção da língua portuguesa.

Enfim.

No final de "O Professor",  o que fica é um encontro raro com um autor com pleno controle da estrutura narrativa num nível de excelência assustador.

Fiquei tão empolgado que me vi lendo trechos em voz alta tamanha a fluidez e impacto.

Livraço

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Matéria da Veja sobre o livro

 

Friday, May 09, 2014

Filme - Os Mulligans

Uma atualização de “A primeira noite de um homem” por um viés gay”.

 Assim esta porcaria intitulada “Os Mulligans” foi apresentada pelo Hollywood.com. Como ousaram comparar aquele filme excelente com esta josta absurda ? Absolutamente nada a ver.

Naquele, a fenomenal Anne Bancroft viveu a fabulosa Mr. Robinson, uma dama chiquérrima que acaba trepando com o namorado (Dustin Hoffman) da filha (Katherine Ross) e tudo se resolve num final inesquecível.

No atroz “OsMulligans”, Tyler Davidson (Derek James) convida seu amigo de faculdade Chase (Charlie David) para passar as férias de verão com sua família – o pai Nathan (Dan Payne), a mãe Stacey (Thea Gill) e a irmãzinha esperta Birdie (Grace Vukovic). 

Tudo ok, entre os dois camaradas. Porém o que Tyler não sabe é que o Chase é biba ("sensível" pois é pintora)  e, pior do que isto, seu pai é um enrustido que acaba “se descobrindo” nos braços do colega.

Até aí tudo bem, o filme vai num caminho legal, sem maiores solavancos. Porém a coisa começa rolar ladeira abaixo quando as bees (muito taradas) começam a dar bandeira e se agarram em tudo que é local. 

Este expediente rasteiro serve para que os “outros” - esposa e filho - peguem as duas em flagrante delito e a exemplar família comece a desmoronar, o que eleva a pieguice a níveis inacreditáveis.

Daí pra diante dá-lhe cenas de “revelações”, “confissões”, “descobertas, “lagrimas”, “arrependimentos”, “promessas”, “brigas”, “reconciliações”  e outras "emoções" num clima tenebroso de produção brega mexicana.

Obviamente Tyler fica puto (brabo) com o Chase (puto de verdade) e com o pai (puto descoberto). 

Também a Stacey fica puta com os putos (marido e amigo do filho), e “Os Mulligans” vira uma “putaria dramática” intragável.

O final é hediondo, mas coerente com toda a estupidez vomitada anteriormente.

Realmente não dá pra entender como esta bobagem ganhou prêmios em festivais de filmes gays pelo mundo.

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Para não dizer que a merda é absoluta, salva-se a atuação de Thea Gill e a beleza absurda de Dan Payne (fala sério !!).








Filme - Tom à la Ferme (Tom at the Farm)

Do Xavier Dolan eu já tinha visto o “Eu matei minha mãe”, seu filme de estréia como diretor. Naquele o rapaz já mostrava seu talento (direção e roteiro), apesar do filme não ser nada demais.

Em “Tom at the Farm” (adaptação de uma peça de Michel Marc Bouchard) , Xavier retorna à temática gay para contar a história de Tom, um rapaz que visita a família do seu namorado Guillaume, recentemente falecido (vai participar da cerimônia de sepultamento). 

Acontece que a familia de Guillaume (mãe / Agathe - e o irmão / Francis- ) é homofóbica total e Tom, sob a pressão / violência de Francis, acaba se envolvendo numa teia de mentiras a fim de criar uma imagem hétero de Guillaume, e assim satisfazer os anseios de Agathe quanto à “normalidade” do filho que partiu.

É surpreendente que a bee, podendo dar no pé a qualquer momento para longe daquela familia disfuncional, prefira ficar ali sendo manipulada e  fazendo o jogo do seu cunhado machista.

Francis é um auto proclamado “hétero comedor” e vê Tom como uma bichinha frágil que esta alí, disponível, para ser alvo de suas frustrações e mentiras  (que não são poucas). Assim, o super macho desce a lenha na bixa e esta apanha horrores mas não vai embora.

É claro que rola algum clima entre os dois, evidenciando a atração e repulsão mútua, mas a coisa não evolui para trepadas ou romance, o que seria até bem lugar comum. Ao invés disto, o roteiro busca revelar as motivações internas dos personagens num desfile de conflitos / traumas / carências e problemas não totalmente esclarecidos.

O final em aberto deixa os espectadores naquele clima “ E daí, o que é mesmo o que o Tom queria ?”, e fica aquela sensação de filme “complexo”, “de arte” que faz a alegria de muita gente.

No geral “Tom à la Ferme” é bom. Nada demais, mas vale uma olhada.

Thursday, May 08, 2014

Livro - Longe da Árvore (Andrew Salomon)

“Longe da Arvore” é o segundo livro do Andrew Salomon que leio. O primeiro foi “O demônio do meio-dia”, uma viagem sem concessões aos subterrâneos da depressão. Uma obra fundamental sobre o tema.

Já “Longe da Árvore – Pais, Filhos e a Busca da Identidade” (um calhamaço de mais de 800 páginas) trata dos dramas dos pais supreendidos com “filhos disfuncionais”, tipo rebentos surdos, anões, com sindrome de down, autistas, esquizofrenicos prodígios, crianças geradas em estrupo, filhos criminosos e transgêneros. Salomon (gay, depressivo e disléxico), apresenta as dificuldades de sua própia história pessoal e familiar como motivadora para se aprofundar neste espinhoso tema.

Dentro do “correto”, do “certo”, os pais, naturalemnte narcisistas, esperam que os filhos sejam / representem uma continuidade saudável da sua linhagem. Alguem perfeito, sem defeito de fabricação, que, através de uma “vida normal” e com genes perfeitos, gere novos frutos, nova descendência, e , desta forma, garanta a preservação da família. Esta seria a “Identidade Vertical” (a “natural”), que envolve a cultura, as tradições, a nação, a língua, a tribo, o meio.

Mas e quando esta tal esperada “criança perfeita” apresenta “defeitos” ? Algo para o qual os pais não estavam preparados ? Algo que destrói as expectativas ? Que lança os pais num mundo desconhecido onde a anomalia é a realidade ? Onde o comportamentos, formações ou necessidades “bizarras” revelam uma “monstruosidade” ? Algo que arrebenta a “Identidade Vertical” que desconcerta o programado ? Arruína as expectativas e introduz um “corpo estranho” no cotidiano ?

Surge então a idéia de “Identidade Horizontal”, aquela que será moldada pelas características biológicas e / ou comportamentais dos filhos, e para as quais os pais vêem-se sem o poder de “cura”.

Diante do irrefutável o que fazer ? Que caminho seguir ? Aceitar, negar, rejeitar, assumir ?

O livro é recheado de histórias de famílias / casais / indivíduos supreendidos com “crianças assimétricas” e de como lidaram com isto (desde a rejeição até a completa aceitação).

Sabiamente Salomon não julga as decisões dos envolvidos e atua como um acompanhante e testemunha das inúmeras histórias (algumas durante vários anos)..

No fim o super livro revela-se um elogio à diversidade. Um majestoso respeito às diferenças, ao “irregular”. E, desta forma, um monumento essencial à vida.

Fantástico.

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Excelente entrevista de Salomon para o Milênio  (Jorge Pontual)

 Clique na imagem abaixo

http://globotv.globo.com/globo-news/milenio/v/escritor-andrew-solomon-explica-como-lidar-com-as-diferencas-numa-familia/2949086/


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Fotos 
Andrew Salomon


Salomon com seu companheiro e seu filho.

Wednesday, May 07, 2014

"Eu vou contar tudo para Deus" - Ultimas palavras de um menino sírio de 3 anos antes de morrer

Não há palavras para descrever o horror de qualquer guerra e, mesmo que existam inúmeras vozes pacifistas mundo afora, sabemos que a beligerância é da natureza humana.

E isto faz com que a na guerra seja aceito legitimamente, e com "vivas",   "atacar", "destruir", "violentar", "arrasar", "matar".  Vidas, almas,  corações  são exterminados em nome das "conquistas", sejam elas quais forem (econômicas, territoriais, religiosas, etc).

Então, quando vemos um menino sírio de três anos, sangrando e às portas da morte, dizer que "vai contar tudo para Deus", recebemos um soco na nossa cara, na nossa indiferença, no nosso "não é comigo", no nosso "ainda bem que não é aqui".



Para (tentar) entender a guerra civil na Síria (sob os desmandos de Bashar Al Assad), clique aqui.
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