Hino do Blog - Clique para ouvir

Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Friday, February 17, 2006

Foto do ano

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Um bebê toca suavemente a boca de sua mãe. Uma imagem que poderia ser belíssima revela-se trágica. A mão em questão é pequena, descarnada, cadavérica. O gesto, intuitivo, busca alimento na boca da mulher. O roçar suave diz “você tem alguma coisa para eu comer? Tenho fome e não sei o que fazer”. A face da mãe, com olhos fundos e desesperançados, mostra a dor da impotência em atender à necessidade do filho(a).

Só isto. Um movimento simples e breve que revela toda a agonia daqueles que passam fome em qualquer local do planeta.

Esta imagem –bela e terrível ao mesmo tempo- foi clicada pelo canadense Finbarr O'Reilly e ganhou o prêmio de foto do ano do “World Press Photo”, o mais prestigiado evento fotográfico do mundo.

James Colton, o presidente do júri, falando sobre a foto ao anunciar a lista dos premiados : “Esta imagem tem tudo : beleza, horror e desesperança. É simples, elegante e comovedora”.

Concordo completamente.

Conhecer as fotos vencedoras nas mais diversas categorias desta premiação é uma experiência intensa. Temos imagens belíssimas –algumas esportivas por exemplo- lado a lado com registros chocantes de dor, morte e violência ao redor do mundo.

Link para os resultados :

http://www.worldpressphoto.nl/


Dados da competição :

Fotógrafos : 4.448 fotógrafos

Imagens : 83.044

Países participantes : 122

Sunday, February 12, 2006

Brokeback Mountain (caminhos do desejo)

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Antes de iniciar a sessão de Brokeback Mountain eu e uma amiga estávamos discutindo sobre as dificuldades de vida das pessoas que não assumem suas emoções, paixões ou desejos.

Refletíamos que estas pessoas, além de causarem mal a sí próprias, acabam também por afetar seu meio social (casamento, filhos, amigos, etc); sendo que, muitas vezes, este meio não percebe ou não entende o que está acontecendo. Ou então percebe, mas faz questão ou prefere manter-se calado ou neutro a fim de não suscitar embates ou dores.

Falávamos de duas situações específicas : gays mal assumidos que acabam, por força do preconceito, buscando um relacionamento “normal” e pessoas casadas -ou comprometidas- que acabam tendo histórias ou até mesmo grandes paixões paralelas – muitas vezes por toda a vida-.

Mas eis que o filme começa. Não vou falar sobre o enredo pois acredito que todo mundo já tá careca de saber que a princípio –e vendo de uma forma bem simplista- Brokeback conta uma história de amor entre dois cowboys que nasce quando eles passam alguns meses retirados em uma bela montanha cuidando de ovelhas..

Mas a coisa não é bem assim. Sim, eles se apaixonam; sim, eles transam; sim eles se separam; sim, eles se reencontram, e assim por diante (até parece um novelão). Mas a obra começa a tomar uma dimensão épica emocional a partir do momento em que estes cowboys voltam para a sociedade “normal” e começam a constituir famílias, ter filhos, desenvolver relações profissionais, sociais,etc.

Então, gradativamente (num ritmo quase oriental), o filme passa a acompanhar a saga de cada um e cresce muito. A penosa necessidade de ocultar um amor proibido e, ao mesmo tempo, desenvolver uma vida social regrada é mostrada com uma riqueza de nuances e situações que perturbam.

Econômico nas falas, e sabiamente fugindo do estereótipo do bem e mal, Brokeback Mountain contempla as ações dos personagens, mostra suas ações e motivações sem julgar. É impressionante o universo emocional que se vê na tela. Esposas, amantes, filhos, pais -e, obviamente, os protagonistas- são afetados, são feridos pelo romance proibido direta ou indiretamente.

E porque tudo isto? Porque todo este sofrimento? Neste ponto o filme é revelador: quando não assumimos nossos desejos, nossas vontades e necessidades acabamos, em maior ou menor grau, nos frustrando, nos machucando e arrastando nesta negatividade pessoas ao nosso redor.

Sim, mas e daí? Onde está a culpa? De quem é a culpa por isto acontecer?

A princípio pode-se pensar que aquele que não se apropria do seu querer e parte para a ação é o errado. Aquele que não busca sua felicidade de maneira concreta acaba se desviando do caminho correto. Mas isto pode ser assim tão simples? A resposta pode ser tão imediata?

Mesmo que se possa pensar ao contrário, vivemos numa sociedade que não nos assegura o direito de chamarmos para nós mesmos as rédeas da nossa satisfação de forma positiva. O peso do medo de ser alvo de preconceito –sexual ou moral- é enorme. O julgamento, a perseguição a hostilidade subjuga e traz temor. A força das tradições, das regras sociais é feroz.

E como fica então o embate entre o desejo e o preconceito? Como fica o querer individual e a opinião alheia? As respostas podem ser muitas: encontros fortuitos, amantes, traições, romances e paixões paralelas quando se busca algum tipo de realização. Ou então, frustração, sofrimento e doença, quando a luta é para abafar e ocultar os sentimento -às vezes até para nós mesmos-.

Brokeback Mountain mostra tudo isto –e muito mais- de uma maneira soberba. Mas definitivamente não é uma obra para o grande público. Com ritmo lento, com pouquíssimas cenas de explosões emocionais, Brokeback traça um turbilhão de sentimentos que nos leva a refletir sobre o caminho que damos aos nossos desejos reais..

E mostra que quando este caminho não foi escolhido por nós, acaba por nos enredar numa teia de frustrações, mentiras e sofrimento que nos traga e fere juntamente com quem está ao nosso redor.

Filmaço!!

Friday, February 03, 2006

Mattew Sheppard - O Projeto Laramie

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Na noite de 6 de Outubro de 1998, Mattew Sheppard, um estudante de 21 anos foi sequestrado, brutalmente espancado, torturado e deixado para morrer amarrado a uma cerca num campo próximo a cidade de Laramie (Wyoming – EUA).

O motivo? ... Ser gay.

Nesta noite, Mattew estava em um bar (Fireside Lounge) quando encontrou Aaron McKinney e Russell Henderson (ambos com 21 anos). McKinney, um viciado em anfetaminas, estava buscando uma forma de conseguir mais drogas e Mattew, bem vestido e aparentando ter dinheiro (na verdade era de uma família abastada), parecia ser a presa ideal.

De acordo com McKinney, Mattew solicitou uma carona até sua casa pois tinha bebido demais. Porém ao entrar no carro dos rapazes o jovem teria se revelado gay e feito algum gesto de assédio em direção a McKinney. Isto bastou para McKinney agredi-lo com uma coronhada e exigir sua carteira.

Mattew entregou os 30 dólares que tinha consigo mas isto não foi suficiente para a agressão parar. McKinney continou a agredir o rapaz que acabou sendo levado para um local deserto no meio de um campo onde a selvageria cresceu, agora com a participação do motorista Henderson.

O garoto implorou por sua vida inutilmente. Alucinados, seus algozes o espancaram ao ponto de causar-lhe uma fratura craniana que se extendeu da parte posterior até a frente da sua cabeça.

Depois de satisfeitos, os dois torturadores partiram deixando Mattew amarrado a uma cerca sob uma temperatura enregelante.

Dezoito horas mais tarde um ciclista passou casualmente pelo local e descobriu o corpo de Mattew ainda vivo. A princípio o ciclista achou tratar-se de um espantalho, porém, para sua surpresa, ao chegar perto viu tratar-se de uma pessoa.

O rosto de Mattew estava totalmente sujo exceto nos locais onde as lágrimas escorreram.

Levado para um hospital, já em coma profundo e sem chances de recuperação, Mattew sobreviveu até o dia 12. O crime teve uma repercussão imensa na época causando polêmica em todos os EUA.

Esta história verdadeira é contada no excepcional filme “The Laramie Project” da HBO filmes que assisti ontem (mais uma vez baixei da Internet via Emule).

Com um elenco fabuloso, “The Laramie Project” , num misto de realidade e ficção, narra a história de um grupo de teatro que viaja até Laramie para entrevistar os moradores locais. A intenção do grupo é pesquisar e levantar material para a montagem de uma peça sobre o crime.

Assim, através de aproximadamente 200 entrevistas, pouco a pouco o grupo vai tomando conhecimento das várias posições e opiniões dos moradores a respeito do assassinato.

Dos que se dispõem a conversar, ninguém se revela a favor da brutalidade ocorrida porém vários demonstram fortes traços de homofobia ao criticarem, de forma velada ou ostensiva, o estilo de vida da vítima.

Por outro lado, outros tantos –amigos, professores e outros gays e lésbicas da cidade- refletem a maneira como foram afetados pelo crime com ações positivas. Militância, defesa dos direitos humanos e união acabam surgindo entre estas pessoas corajosas.

Com várias cenas comoventes (sim, chorei algumas vezes... fazer o que?), o filme revela-se um poderoso caldeirão de emoções (ódio, impotência, coragem, amor, perdão, etc).

É particularmente especial a cena onde o Padre da cidade conversa com um gay e uma lésbica do grupo teatral. Este padre revela que, na sua opinião, toda a vez que alguém usa as palavras “bicha”, "veado" e “sapatão”, de forma depreciativa, já está plantando uma semente de violência na sociedade (isto é muito verdade. Concordo integralmente).

Outra cena emocionante é quando o pai de Mattew apresenta-se diante do tribunal de julgamento de McKinney (Henderson já tinha sido condenado à prisão perpétua).
O julgamento já tinha sido encerrado, Mckinney recebeu o veredito de culpado e só estava aguardando a sentença do juiz (era certo que seria condenado à morte).

Diante de todos, o pai de Mattew lê a seguinte carta (fiz algumas adaptações):

“Meu filho Matthew não parecia um vencedor. Ele era um pouco descordenado e usou aparelho nos dentes dos 13 anos até o dia que morreu.

Entretanto, em sua vida tão breve, ele provou que era um vencedor (aqui o pai estaria se referindo às militâncias de defesas dos direitos humanos nas quais Mattew estava envolvido).

Em 6 de Outubro de 1998 meu filho tentou mostrar ao mundo que ele poderia vencer de novo. Porém em 12 de Outubro de 1998 meu primogênito e herói perdeu. Em 12 de Outubro de 1998 meu primogênito e herói morreu 50 dias antes de completar 22 anos.

Eu fico imaginando agora a mesma coisa que pensei quando o vi no hospital. O que ele se tornaria? Como ele mudaria sua parte do mundo para fazê-la melhor?

Oficialmente Matt morreu em um hospital em Fort Collins, CoIorado. Mas, na verdade, ele morreu nas cercanias de Laramie amarrado a uma cerca.

Você, Sr. McKinney, com seu amigo Sr. Henderson deixaram ele lá sozinho, mas ele não estava sozinho.

Estavam com ele velhos amigos. Amigos com quem ele cresceu.

Vocês devem estar pensando que amigos são esses.

Primeiro, ele tinha o belo céu noturno e a lua... e as mesmas estrelas que ele costumava ver pelo telescópio.

Então ele teve a luz da manhã e sol brilhando sobre ele. E todo o tempo ele estava sentindo o perfume dos pinheiros da Snowy Range.

Ele também ouviu o vento.... pela última vez ouviu o belo o sempre presente vento de Wyoming .

E ele tinha mais um amigo com ele. Ele tinha Deus.

E eu me sinto melhor sabendo que ele não estava sozinho.

O espancamento, a hospitalização e funeral de Matthew trouxeram a atenção do mundo para o ódio.

O bem está vindo do mal. As pessoas disseram: Basta!

Eu sinto saudade do meu filho mas eu tenho orgulho de poder dizer que ele era meu filho.

Judy, minha esposa, foi citada como sendo contra a pena de morte. Foi dito que Matt seria contra a pena de morte. Ambas afirmações estão erradas.

Eu também acredito na pena de morte. Não há nada que eu gostaria mais do que ver você morrer, Sr. McKinney.

Entretanto, chegou a hora de começar o processo de recuperação de mostrar piedade por alguém que se recusou a mostrar a menor piedade.

Sr. McKinney, eu vou lhe dar sua vida por mais difícil que seja fazer isso. Por causa de Matthew.

Cada vez que você comemorar Natal, aniversário, dia da independência, lembre que Matt não está.

Toda vez que acordar na sua cela na prisão lembre que você teve a oportunidade e a condição de parar seus atos naquela noite.

Você me roubou algo muito precioso e eu nunca lhe perdoarei por isso.

Sr. McKinney, eu lhe dou a vida em memória de alguém que não vive mais.

Que você tenha uma vida longa a qual deverá agradecer a Matthew por cada dia dela.

Muito obrigado.”

Wednesday, February 01, 2006

Psitacismo e Infidelidade

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Cala a boca, louro! - Papagaio indiscreto imita grunhidos e revela traição da namorada do dono

Papagaio é um perigo. Como se não bastassem o psitacose e a gripe aviária - doenças que o bicho pode transmitir -, há também os casos de psitacismo, o ato de repetir palavras sem saber o seu significado.

Pegue-se como exemplo o caso do louro Ziggy, residente em Londres e criado com carinho pelo inglês Chris Taylor. Era só Susy Colins, a namorada do dono, pegar no celular para que o bicho desandasse a chamar o nome "Gary". E o fazia com entonações amorosas, com a intimidade própria dos amantes. O problema é que Chris não conhecia nenhum Gary, e Suzy também jurava não saber de quem se tratava.

A situação ganhou intensidade quando alguém falou o nome na tevê e o pássaro se empolgou, repetindo o chamado e acrescentando vocabulário e grunhidos francamente eróticos. O que a princípio parece enredo de piada, na verdade teve desfecho de drama.

Até Suzy se mudar para o apartamento de Taylor, o papagaio limitava sua vocalização ao pedido de biscoitos, imitações razoáveis do som do aspirador de pó e repetição de palavras desconexas. O nome Gary só entrou no discurso depois que o casal resolveu juntar seus trapos. Na véspera do Natal, quando iniciavam uma transa no sofá da sala, Taylor e Suzy foram surpreendidos por Ziggy declarando: "Gary, eu te amo", passando em seguida aos grunhidos claramente sensuais.

De imediato, Taylor riu. Mas ao olhar para a namorada em seus braços notou rubor característico das consciências culpadas.

"Senti um frio na espinha", declarou o analista de sistemas Taylor. Suzy começou a chorar copiosamente, ainda atormentada pelo papagaio que não fechava o bico: "Gary, meu macho!", "Gary, meu benzinho".

A confissão da moça veio em forma raivosa: Gary era colega de trabalho de Suzy numa firma de recados telefônicos e seu amante durante o expediente e fora dele. Parte do romance se dava pelo celular e a troca de juras de amor era ouvida na íntegra por Ziggy. A freqüência deste intercâmbio era tanta que marcou a memória do bicho.

E de lá não saiu mais. Depois do rompimento entre Taylor e a infiel namorada, vários dias foram gastos na tentativa de apagar o nome Gary da mente de Ziggy. Infelizmente, a tarefa se demonstrou impossível. "Toda vez que um celular toca, o nome salta do bico da ave.

Até mesmo quando eu suspirava, era: 'Gary, eu te amo', 'Gary, meu macho'. A vida ficou insuportável", diz Taylor. O resultado é que ele, aos 30 anos, não apenas perdeu a namorada, mas também foi obrigado a se livrar de seu Iago (da peça Otelo, de
Shakespeare). O papagaio foi adotado depois de um anúncio nos classificados. "Eu já não o suportava mais.

E o sentimento era mútuo", diz o traído. Por seu lado, Suzy se defende: "Não culpo o Ziggy pela separação. Minha relação já estava estremecida. O Taylor não queria sair de casa. Só desejava ficar junto do papagaio." O pior é que o Gary também bateu asas e foi se aninhar nos braços de outra colega, que tem a vantagerm de morar com um gato completamente mudo.

Já o papagaio alcagüeta ganhou celebridade e anda freqüentando shows de televisão, nos quais dispara o bordão: "Gary, Gary, Gary", para delírio das platéias. Ah! E Ziggy, o louro que não só dá o pé como aponta o dedo, diga-se, é brasileiro.

Osmar Freitas Jr. - Nova York

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Texto retirado da revista "Isto É" desta semana

Monday, January 30, 2006

O exorcismo de Anne Frank

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Ontem eu estava dando uma olhada, pela primeira vez, nesta edição do Big Brother Brasil no sistema pay per view. Varios participantes estavam reunidos num quarto comentando que uma das garotas presentes parecia a Regan (personagem de Linda Blair em “O Exorcista”). Todos concordavam e a tal fulana só ria.

Entusiasmados, o assunto evoluiu para filmes de terror, tipo “quem viu qual”, “o que achou”, etc. Até que um deles saiu com a seguinte pérola : “Tem um filme novo de exorcismo no cinema, é o “Exorcismo de Anne Frank”, alguém viu?”....??!!..... Quase tive uma síncope! Caí na gargalhada! Acho que nem nos meus delírios mais absurdos conseguiria pensar numa mistura destas... Anne Frank exorcisada !!?? ... bem, quem sabe?... de repente seria uma nova idéia...... Ou então poderíamos pensar, invertendo as bolas, em “O diário de Emily Rose”? .. ou quem sabe “O diário de Regan”? .. Meu Deus do Céu !! .. Onde estamos ?? .. E o pior é que nenhum dos demais presentes contestou este absurdo...

Depois da recuperação do choque -e de rir muito mesmo-, me peguei pensando no tipo de pessoas que são colocadas nestes programas e que acabam cultuados na mídia como os “novos famosos”. Estas pessoas, talvez com raras exceções –e aqui incluo o Jean da edição passada- , não têm mais nada a oferecer ao público a não ser uma imagem bela, porém ôca, vazia e inconseqüente.

E o pior é que isto nem pode ser considerado culpa delas pois infelizmente sabe-se que a idéia de um programa “popular” que busque audiência não está vinculada a reunião de um grupo de intelectuais fechados em uma casa discutindo os mistérios da vida –se bem que seria interessante pensar em algo assim. Com certeza seria muito engraçado... –. Mas, pelo menos, as produções destes programas poderiam pensar em tentar injetar alguma dose de formação no público selecionando participantes com nível cultural um pouco superior – e olha que nem precisa ser muito não-.

Mas as coisas não se processam assim. A realidade é que a imagem desvinculada de conteúdo basta para seduzir, chamar a atenção e vender. Eu não quero dizer que acho isto errado, mesmo porque a celebração da estética, da beleza é fundamental para o exercício da sensibilidade, do interesse e da sexualidade. O problema surge quando esta imagem vazia é colocada como única regra para o interesse e notoriedade. Então dá-lhe corpos sarados, muito silicone e tinta no cabelo como prerrogativas para a atração, para a fama.

Assim, aquilo que no início é engraçado e divertido torna-se lamentável quando sabemos que estas celebridades descerebradas acabam sendo cultuadas -mesmo que temporariamente- como ícones de sei lá o que. E também é assustador saber que muitas vezes é através destas regras da exaltação da superficialidade que a voracidade da mídia se impõe na mente e no desejo do público.

E o que resta fazer? .. Imaginar Anne Frank sendo exorcisada?

... é de rir ... ou chorar...

Monday, January 23, 2006

Papai Transexual

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Um transexual que deve reencontrar seu filho, o qual não sabia existir e que agora está preso por posse de drogas e prostituição, antes de realizar a cirurgia de correção de sexo marcada para dali a uma semana. Esta é a sinopse de “Transamérica”, um filme excelente que, pelo que eu saiba, ainda não tem data para estrear no Brasil (graças à Internet é possível assistirmos muitos filmes ainda inéditos).

“Transamérica” conta a história de Stanley 'Bree' Osbourne (“Stanley”, masculino e “Bree”, feminino”), um transexual (intepretado de forma absolutamente magnífica pela atriz Felicity Huffman) que finalmente consegue marcar sua cirurgia para correção genital. Porém, inesperadamente, ele/ela fica sabendo da existência de um filho seu , fruto de um rápido caso com uma colega lésbica dos tempos de colégio. Este filho está preso em New York e fornece o telefone do “pai” (o qual ele não conhece) como referência pessoal, já que sua mãe está morta.

Stanley fica surpreso com a notícia mas não deixa que isto interfira nos planos da sua sonhada cirurgia. Porém, casualmente, comenta a novidade com sua terapeuta, a qual interfere nos seus projetos e impõe que ele deve conhecer e, de certa forma, integrar-se com o filho antes da intervenção cirúrgica – na opinião da médica, o transexual deve “zerar” sua vida anterior antes que possa assumir completamente sua futura identidade. Stanley fica indignado mas não tem outra alternativa senão seguir as ordens da terapeuta para conseguir sua transformação.

Ao conhecer Toby, seu filho, na cadeia, "Bree" apresenta-se como uma missionária de uma ordem cristã chamada “A Igreja do Pai em Potencial” (o que é hilário). Depois de algumas tentativas frustradas de ajuda imediata, e de mais alguns percalços, eles iniciam uma longa viagem de automóvel através de vários estados –Stanley "Bree" deve encontrar um local para Toby ficar- a qual revelará muito de cada um ao outro (Toby não sabe que "Bree" é um homem e muito menos que ele/ela é seu pai).

Nesta jornada, o que se inicia como repulsa mútua aos poucos vai se transformando em carinho, atenção e cuidado entre os dois personagens marginais.

“Transamérica” é uma belíssma obra sobre descobertas, encontros, desencontros, dores, mágoas, ressentimentos e possibilidades de perdão e redenção. Porém, acima de tudo, é uma obra sobre transformação. "Transformação" aqui manifestada na sua plenitude : no sentido físico, emocional e espiritual.

Pai e filho, vivenciando juntos ou em separados diversas situações trágicas e/ou cômicas, vão num crescendo de conhecimentos mútuos e individuais que os levam a revolverem suas naturezas, suas emoções. Estes dolorosos e intensos processos os levam ao encontro dos seus fantasmas, dos seus traumas e dores da vida. Assim, no final, isto tudo acaba por os tornarem novos seres. Porém estes “novos seres” não se revelam dentro do que a sociedade comumente define como “homens –ou mulheres- de bem” (o que é extremamente louvável pois torna os personagens verdadeiramente humanos).

Com a direção de Duncan Tucker, “Transamérica” é um refresco neste mundo de filmes padrões Hollywoodianos. Felicity Huffman brilha e dá alma ao(à) atormentado(a) Stanley “Bree”, numa performance digna de um Oscar – ela já foi agraciada com o Globo de Ouro de melhor atriz dramática por este papel. O resto do elenco também não fica atrás, especialmente Kevin Zegers (Toby) e Fionnula Flanagan (Elizabeth Osbourne, a mãe Stanley “Bree”) .

Só resta agora aguardar a estréia de “Transamérica” por aqui a fim de que todos possam ter acesso a esta pequena jóia cinematográfica.

Wednesday, January 18, 2006

Perguntas Bizarras

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Perguntas :

É verdade que o aborto diminui a criminalidade?

É verdade que existem nomes para crianças negras e nomes para crianças brancas?.. e que estes nomes são objetos de discriminação tanto por parte dos negros quanto dos brancos?

É verdade que existem nomes para crianças pobres e nomes para crianças ricas?.. e que os pobres copiam os nomes dos ricos?

É verdade que os corretores de imóveis vendem melhor suas próprias casas do que a casas dos clientes?

É verdade que os professores alteram as respostas dos alunos para receber o mérito de um bom ensino?

O que é mais perigoso ter em casa : uma arma ou uma piscina?

Devemos sempre confiar nos especialistas das áreas de conhecimento?

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Estas perguntas (e muitas outras) são efetuadas, analisadas e respondidas no best-seller Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner, um livro de economia muito diferente do que se conhece nesta área.

Através de questões imaginativas, onde os objetos analisados são colocados sob novas perspectivas, a obra explora diversas áreas da economia social gerando idéias provocantes, muitas vezes invertendo o que se denonima "senso comum" ou “sabedoria convencional”.

Sem tendencionismo, baseados apenas em diversas fontes de dados analisadas sob rigorosos critérios, os autores, através de uma linguagem acessivel aos leigos, instigam a mente dos leitores com idéias originais e um tanto bizarras. Neste sentido é impossível não se chocar com a conclusão crua de que a legalização do aborto nos EUA, na década de 70, foi responsável pelo decréscimo dos índices de criminalidade observada, mas não muito bem explicada até Freakonomics ser publicado, na década de 90. O fato é que os abortos realizados por mães pobres, sem educação ou sem condições psicológicas de criar filhos, diminuíram drasticamente o número de crianças com potencial tendência à criminalidade na sociedade americana.

Por outro lado é triste constatar como a opinião pública pode ser manipulada através de afirmações sem consistência dos especialistas que lançam frases de efeito para causar terror na população ou obter benefícios. Neste aspecto é levantada, por exemplo, a seguinte questão : num discurso onde o medo seja o motivador, é mais fácil para os políticos obterem verbas para combater ameaças de ataques terroristas ou para uma campanha de prevenção de doenças cardíacas?.. a resposta é óbvia, né?...mesmo com a comprovação de que o coração mata muito mais do que os virtuais terroristas.

Dentro desta linha de análise, na sua simplicidade, Freakonomics traz um rojão de novos conceitos com potencial efetivo de mudar nossa nossa maneira de ver as coisas. O texto é fascinante e motivador.

No fim de tudo os autores nos recomendam a não acreditar em tudo o que se oferece como verdade absoluta e também nos instigam a usar nossa capacidade intelectual imaginativa no sentido de questionarmos os juízos estabelecidos e assim gerarmos novos conhecimentos e conceitos.

Urgente, atual e polêmico, Freakonomics merece o destaque que tem obtido.

Thursday, January 12, 2006

Mentiras e Interesses da Sedução (Freakonomics)

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O quanto mentimos para conquistar alguém? Dizem que no jogo da sedução vale tudo : pose, charme, olhares, sorrisos e, claro, algumas pequenas mentiras ou omissões (para ficar mais light). Isto é certo ou errado? Eu seria hipócrita se dissesse que é errado pois afinal sei bem que ninguém se revela totalmente logo de cara ao aproximar-se de alguma pessoa que lhe interessa.

De qualquer forma é interessantíssimo conhecer alguns resultados de uma pesquisa, realizada por dois economistas americanos, sobre os dados de um site de encontros dos EUA.

O texto foi retirado do best-seller “Freakonomics” de Steven. D. Levitt e Stephen J. Dubner.

“Ali Hortaçsu, Günter J. Hitsch e Dam Ariely analisaram os dados de um dos principais sites de encontros, direcionando seu foco para cerca de 30 mil usuários, metade deles em Boston e a outra metade em Sam Diego. Cinquenta e sete por cento deles eram homens, e a idade média válida para todos os usuários era de 26 a 36 anos. Embora representassem uma miscigenação racial adequada para se chegar a algumas conclusões sobre raça, eram predominantemente brancos.

Igualmente, eram mais ricos, altos, magros e bem-apessoados do que a média. Ao menos a confiar no que haviam escrito sobre si mesmo. Mais de 4% dos paqueradores online afirmavam ganhar mais de $200 mil por ano, embora menos de 1% de usuários da Internet efetivamente ganhe tanto, o que sugere que três em quatro desses abonados tenham exagerado.

Usuários de ambos os sexos declaram ser cerca de uma polegada mais altos que a média nacional. Quanto ao peso, o dos homens se mostrou em compasso com a média nacional, enquanto as mulheres quase sempre se declaravam cerca de nove quilos abaixo da média nacional.

O mais notável é que 70% das mulheres afirmavam ser donas de uma beleza “acima da média”, incluídas aí 24% delas que se diziam “lindas”. Os homens não ficavam atrás: 67% descrevem a si próprios como “acima da média”, incluíndo aí 21% “muito bonitos”. Isso reduz a apenas 30% o percentual de usuários com aparência “média”, incluíndo aí 1% com aparencia “abaixo da média” o que indica que o típico usuário dos sites de encontros seja ou um fantasista ou um narcisista ou meramente avesso ao significado de “médio” (...).

Vinte e oito por cento das mulheres no site disseram ser louras, um número bem acima da média nacional, o que indica a presença de muita tinta ou de muita mentira, se não de ambas.

Alguns usuários, porém, mostraram-se estimulantemente honestos. Oito por cento dos homens – cerca de 1 em 12 – admitiram ser casados, sendo que metade se declarou “feliz no casamento”. A honestidade, porém, não os faz temerários. Desses 258 “bem casados” da mostragem, apenas 9% optaram por juntar uma foto. O lucro de ganhar uma amante evidentemente foi desbancado pelo risco de ter o próprio anúncio descoberto pela esposa. (“E o que você foi fazer nesse site?”, o marido poderia protestar, embora de nada fosse adiantar.)

De todas a receitas para se dar mal em um site de encontros, deixar de juntar uma foto certamente é mais infalível ( não que a foto precise ser, obrigatóriamente, do próprio; muitos usam a de um estranho mais bonito, mas tal feitiço em geral acaba virando contra o feiticero). Um homem que deixa de incluir sua foto recebe apenas 1/4 do volume da correspondência eletrônica enviada a outro que a inclua; no caso das mulheres, 1/6.

Um homem de baixa renda, pouca instrução, insatisfeito no emprego, não muito atraente, ligeiramente acima do peso e careca que inclua a sua foto tem mais chance de receber alguns e-mails do que outro que declare receber $200 mil e ser estonteantemente lindo, mas deixe de incluir uma foto. Existem múltiplas razões para alguém não incluir uma foto – trata-se de uma dificuldade técnica, o freguês tem vergonha de ser flagrado pelos amigos ou, simplesmente, é feio – mas, como no caso de um carro zero com a tabuleta de “vende-se”, os interessados concluirão que algo muito errado se esconde sob o capô.

Arrumar um encontro não é fácil. Cinquenta e sete por cento dos homens que põem anúncio não se recebem sequer um e-mail; 23% das mulheres não obtêm uma única resposta. Por outro lado, as características que suscitam melhor retorno não surpreenderão ninguém que conheça minimamente os dois sexos. Com efeito, as preferências expressas pelos paqueradores online combinam direitinho com os estereótipos mais comuns de homens e mulheres.

Por exemplo, os homens que dizem querer um relacionamento duradouro se saem muito melhor do que os que buscam um namoro passageiro. No entanto, as mulheres atrás de namoros passageiros dão-se maravilhosamente bem.

Para os homens, a aparência da mulher é fundamental.

Para as mulheres, a renda do homem é da maior importância. Quanto mais rico, mais e-mails um homem recebe. No caso das mulheres, ao contrário, o apelo da renda apresenta uma curva que sobe e desce: os homens não querem sair com mulheres que ganham pouco, mas quando elas começam a ganhar demais, eles fogem apavorados.

Os homens gostam de sair com estudantes, artistas, musicistas, veterinárias e celebridades (evitando secretárias, aposentadas e integrantes das forças armadas e da polícia). As mulheres preferem os militares, políciais e bombeiros (...), bem como advogados e executivos financeiros. As mulheres evitam operários, atores, estudantes e homens que trabalham com comida ou com atendimento.

Para os homens, ser baixo é uma grande desvantagem (o que talvez explique por que tantos mentem nessa área), mas o peso não tem tanta importância. Para as mulheres, ser gorda é mortal (o que explica por que elas mentem).

Para um homem, ter cabelo vermelho ou encaracolado é ruim, assim como ser careca, mas tudo bem se a cabeça for raspada. Para uma mulher, cabelo grisalho é péssimo, enquanto madeixas louras são o máximo. No mundo da paquera eletrônica, uma cabelera loura numa mulher vale mais ou menos o mesmo que um diploma universitário – e, com a tinta custando $100 e a anuidade acadêmica $100 mil, o preço é um bocado mais barato.

Além de todas as informações sobre renda, instrução e aparência, homens e mulheres no site de encontros incluem a raça a que pertencem. Indicam, também, suas preferencias com relação à raça de potenciais namorados. As duas respostas campeãs foram “a mesma que a minha” e “ não faz diferença”. (...)

Cerca de metade das mulheres brancas no site e 80 % dos homens brancos declaram que a raça não fazia diferença, mas os dados relativos às respostas contam uma outra história. Os homens brancos que afirmam que a raça lhes era indiferente enviaram 90% de seus e-mails de sondagem para mulheres brancas. As mulheres brancas que disseram não se importar com a raça mandaram 97% de seus e-mails de sondagem para homens brancos.”

Thursday, January 05, 2006

A tristeza de uma vida inobservada.

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Ah ! ..a alegria de uma consulta médica ! – bem feita, é claro- ... Quando o doutor começa a questionar sobre nossa vida, nossos hábitos, nosso histórico. Quando ele pergunta sobre doenças na família, problemas de saúde dos consanguíneos, sobre nossa genealogia. E vai tomando nota, registrando nosso perfil, construindo uma memória. E nós incentivamos alguns dramas, lamentamos algumas perdas, nos entristecemos com algumas recordações. Porém, neste momento, nos sentimos vivos, com histórias para contar, com informações a revelar. Neste momento percebemos que alguém, mesmo que profissionalmente, se importa. Que alguém nos olha, escuta e nos valoriza.

Esta reflexão meio enviesada, mas com um fundo de verdade, retirei do livro “Quando Nietzsche chorou”, do escritor Irvin D. Yalom.

Nesta obra, em determinada passagem, quando Nietzsche realiza sua primeira consulta com o Dr. Breuer buscando tratamento para sua enxaqueca crônica, e passa a relatar seu histórico de saúde, o doutor sabiamente reconhece novamente esta “alegria padrão” que faz com que os pacientes se entusiasmem em falar de si mesmos.

Breuer pondera que esta alegria surge quando o paciente reconhece estar sendo escutado, quando percebe que alguém presta atenção, quando sabe que o outro está dando significado às suas dores. Neste momento o paciente destaca-se, torna-se especial, diferente. Ele assume uma identidade, uma unicidade.

Particularizando, o doutor associa esta manifestação mais e diretamente à velhice, situação onde muitos já perderam as referências pessoais e não têm mais com quem compartilhar suas histórias de vida. Daí, quando não existem mais interessados, quando não existem mais observadores, a pessoa sente o peso da solidão e do esquecimento. Assim, nos consultórios estes tristes sentimentos são amenizados, de maneira meio torta, através da necessidade de um relato de vida necessário para a construção de um diagnóstico profissional.

Transcrição do trecho :

“Durante todo o procedimento, Nietzsche se manteve totalmente atento: de fato, anuía reconhecidamente a cada pergunta de Breuer. Nenhuma surpresa, é claro, para Breuer. Jamais encontrara um pacinte que não gostasse secretamente de um exame microscópio de sua vida. Quando maior o poder de ampliação, mais paciente gostava. A alegria de ser observado era tão arraigada que, na crença de Breuer, a verdadeira dor da velhice, do luto, de sobreviver aos amigos estava na ausencia de escrutínio: o horror de viver uma vida inobservada.”

Monday, January 02, 2006

North Country

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Um pênis de borracha no local da comida, esperma nas roupas do armário, palavrões (tipo "putas", "buceta" e "vadias") escritos com fezes nas paredes do vestiário feminino. Estes são alguns dos exemplos de violência a que estavam submetidas as primeiras trabalhadoras da mina de ferro Northern Minnesota nos EUA por volta do ano de 1975.

Pagando o preço do pioneirismo estas mulheres sofriam, no dia a dia, o assédio e agressão de vários de seus colegas em um ambiente onde eram vistas como intrusas e inferiores. Esta situação de horror perdurou durante muito tempo até que uma delas, Louis Jenson, ousou desafiar a situação e buscou recuperar sua dignidade, seu amor-próprio através da justiça.

A história desta luta é contada, com algumas liberdades dramáticas, no filme “North Country”, ainda sem título em português (acho que será “País do Norte”) ou data para estrear no Brasil, que traz a magnífica Charlize Theron em mais uma poderosa interpretação dramática que sem dúvida a colocará no páreo do Oscar 2006.

Em “North Country” acompanhamos a saga de Josey Aimes, uma jovem mulher que sai de um casamento violento com dois filhos para sustentar. De volta à casa dos pais (e o pai especificamente a rotula de “perdida e “inútil”) ela começa a trabalhar como cabelereira até saber que a mina de ferro local está contratando operárias. Certa de que este é o caminho para sua independência financeira ela passa a trabalhar na mina e celebra o começo de um novo horizonte para si e seus filhos.

Porém o que seria uma benção, um começo de nova vida, transforma-se num pesadelo quando Josey percebe que ela e suas colegas, para manterem o emprego, devem submeter-se às piadas e agressões dos colegas operários.

Depois de sofrer diversos tipos de violência e buscar em vão meios de resolver os problemas dentro da mina –com chefes e colegas-, Josey decide processar a empresa. E isto não será nada fácil. Na luta pela sua honra a trabalhadora enfrenta diversas barreiras no trabalho, familiares e sociais, além de ter sua vida sexual exposta no tribunal como forma de acusação (uma maternidade de “pai desconhecido”). É impressionante a clima crescente de abandono e solidão que a personagem enfrenta à medida em que seu processo torna-se público.

O filme também mostra a fragilidade da coragem quando enfrentada com a necessidade de sobrevivência. Nestas situações pergunta-se: vale a pena expor-se, sofrer represálias, correr riscos, ser despedida, discriminada, excluída mas buscar seus direitos ou, ao contrário, deve-se calar e continuar sofrendo mas manter o seu meio de subsistência? Esta questão é bem colocada em “North Country”.

Na vida real o drama de Louis Jenson foi tamanho que ela acabou desenvolvendo “desordem de stress pós-traumático” o que acabou por afastá-la das minas. A ação coletiva liderada por ela, arrastou-se durante mais de 10 anos nos tribunais até que as impetrantes saíssem vencedoras.

Um filme que vale a pena.