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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Friday, July 11, 2008

Família


Voltávamos de uma festa num sábado a noite. No carro, eu, meu companheiro, a Cris e o Leonardo (colegas do curso de Literatura). Não sei porque cargas dágua surgiu o assunto “família”. Eu não estava prestando atenção, mas eis que o Leonardo me sai com uma pérola. Refletindo sobre a relação e identificação com sua família ele disse algo do tipo : “Se eu conhecesse estas pessoas no dia a dia, jamais teria relações com elas; elas não tem nada a ver comigo”. Levei um choque, saí do meu torpor alcoólico. Nunca tinha pensado assim a respeito da minha própria família. Me peguei a pensar : será que se eu não tivesse os laços sanguíneos pesando, me interessaria por minhas irmãs, sobrinhos, sobrinhas, mãe, pai, etc ? Será que eles me atrairiam? Gostaria de desenvolver uma relação com eles? Identificaria neles algo que motiva meu espírito e intelecto? Por exemplo, se eu conversásse com uma das minhas irmãs num evento qualquer, gostaria de reencontrá-la? Eis uma questão sui generis.

Hoje, dentro da construção histórico emocional que ergui junto aos familiares, não me vejo afastado deles. Temos uma relação que se pode dizer, muito boa. Temos vários links emocionais, culturais e interesses muito claros (naturalmente, em maior ou menor grau dentro das diferenças e individualidades de cada um). Porém não deixa de ser curiosa a idéia de se perguntar que tipo de relação eu teria (ou não) com estas pessoas se não fossemos parentes. Que atrativos teríamos mutuamente ? Teríamos algum? Olhando friamente o cenário diria que sim, que poderíamos descobrir estes atrativos e desenvolver, digamos, um relacionamento social. O que pode se questionar é até que ponto este relacionamento iria. Desembocaria numa grande amizade ou não?

Wednesday, July 02, 2008

Teatro - Ensina-me a viver


Esta peça foi especialmente escolhida para a comemoração dos 150 anos do Teatro São Pedro de Porto Alegre. Justa escolha pois reúne vários elementos de celebração da arte. Primeiro é baseada no cultuado filme homonimo de 1971, dirigido por Hal Ashby, que marcou época por sua transgressão e por apresentar uma das mais bizarras histórias de amor do século passado (Harold and Maude). Depois, por fazer uma bela celebração do teatro. Num determinado momento Maude diz que tudo o que ocorre no teatro é efêmero, dura o momento do olhar e da emoção, não se repete jamais. Cada sessão é diferente da outra. Isto é uma grande verdade e traduz a conhecida magia teatral. Tudo acontece no momento-já e quem pisca, perde. Não se poderia escolher melhor discurso para os 150 anos do velho Pedro.

A montagem é ótima, os atores são espetaculares. Ilana Kaplan está engraçadíssima como a mãe dondoca. Arlindo Lopes detona como o sequelado Harold. Fernada de Freitas e Augusto Madeira dão um show nos diversos personagens que encarnam. E, óbvio, Gloria Menezes merece todas as honras. Fantástica. Há muitos anos vi “Navalha na Carne” com ela e fiquei impressionado. Hoje volto a vê-la e tenho a dizer que, apesar das plásticas, continua uma grande atriz. Realmente merece respeito.

Enfim, uma peça emocionante para derramar lágrimas mesmo. Saí lavado.