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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Wednesday, October 30, 2013

Filme - O porteiro (curta metragem)


O curta “O Porteiro” (The Doorman) de Etienne Kallos,  mostra o conturbado  relacionamento entre o estudante Garret (Stephen Sheffer), e Diego (Jamil Mena), porteiro do prédio onde Garret mora.

O lance começa com uns olhares que Garret traduz como uma “abertura” por parte de Diego. Só que não, e o musculoso serviçal latino fica puto com o avanço da biba. 

O interessante é que Garret “avança o sinal” quando desce com Diego para o subsolo do prédio para tirar o lixo. Ou seja, o estudante classe média se sente no direito de dar em cima do boy quando estão no “porão”, na ”área de serviço”(uma mistura de “escondido” com “local de trabalho dos inferiores”), longe dos olhos dos “de bem”. 
 
Mas o porteiro tem uma coceira gay e acaba se achegando a Garret, quando então iniciam uma espécie de caso.  Só que o rôlo é uma coisa atração fatal (pelo menos por parte de Garret). 

Ele vê o empregado como um  estereótipo do “dominador” e  quer uma relação “entre tapas e beijos”.

Só que o prejudicado socialmente não curte os lances de porrada e nem quer “dar” para o estudante moderno.

Então o romance sai do cor de rosa e vira bafão total, e Garret acaba dando um pé na bunda do doorman.

Mas eis que....

Na verdade tava achando o filme uma bosta (uma coisa bem “bibas em conflito”) , mas o final (no subsolo novamente) redime a história.

A revanche do Diego é sensacional.

Muito bom.




Link para o filme (Youtube)


Fotos :






Tuesday, October 29, 2013

Teatro - Azul Resplendor



Pedro, Eva e Dalton

Irregular.

Esta palavra define Azul Resplendor, peça do peruano Eduardo Adrianzén  assistida domingo passado no São Pedro.  

Dentro daquilo conhecido como tragicomédia, vai do mágico ao desnecessário – sem falar de um anti-climax meio fora da casa –,  numa montagem sem  unidade e ritmo.

O início promete, com a diva Eva Wilma acendendo um fósforo na escuridão do teatro e divagando  dentro da (óbvia) relação entre “chama” e “vida”.

Ela é Blanca, uma atriz  aposentada e viúva que vive enfurnada em casa após sua saída do mundo da ribalta.  Logo aparece Tito Tápia (o excelente PedroPaulo Rangel – que infelizmente não apresentou potência vocal na apresentação), um ator meio canastrão, fã apaixonado de Blanca, herdeiro de uma fortuna e autor de uma peça a qual ele quer patrocinar para o retorno da sua diva aos palcos (em grande estilo). 

Blanca hesita, mas logo é seduzida pela ideia do obstinado fã.

Com o bolso forrado de grana Tito parte para contratar o "melhor diretor disponível",  Antonio Balaguer (Dalton Vigh numa atuação simplesmente hilária, com um personagem claramente “inspirado” em Gerald Thomas). 

Antonio é um déspota vanguardeiro que faz tudo para “causar” com suas montagens “transgressoras” e vazias – algo do tipo que ele assume (secretamente é claro) que  nem ele entende,  mas que os “intelectuais adoram”.

Elenco
Completam o elenco Luciana Borghi, como a frustrada assistente de Balaguer (um papel ingrato e desnecessário, com alguns toques de humor constrangedores), e Lu Brites e Felipe Guerra (ambos bons) como o jovem casal de atores desmiolados que contracena com a diva na montagem de Balaguer.

Trama exposta, a  peça avança entre altos e baixos ( o melhor são as “confissões” debochadas e egocêntricas  sobre os bafos do mundo das coxias ). 

Mas a coisa começa a cair na cena em que Tito e Blanca conversam em um banco de praça. Ali acontece uma reviravolta e é introduzida uma "surpresa dramática" um tanto forçada a fim de encaminhar a peça para um final, digamos,  “emocionante”.  

Não gostei. 

O pior é que logo em seguida rola um momento que dá a impressão de que a “peça acabou” (ainda mais porque se estabelece  um link com o final de “Um bonde chamado desejo”) .   

O público embarca na idéia e fica meio sem saber o que está acontecendo.

Só que não (... ah, era apenas uma pegadinha .. que truque mais esperto ....).  

 Então o texto avança mais alguns minutos e, daí sim, fim do espetáculo.

Meia-boca total.

De qualquer forma é imperativo dizer que Eva Wilma é fenomenal. É assombroso vê-la em cena. Não há um centímetro do seu corpo que não esteja em função da construção do seu personagem. Seu gestual, sua voz, sua expressão, tudo absolutamente milimétrico e perfeito. Já tinha visto ela em “Querida Mamãe” (também com a ótima Eliane Giardini”) e foi fantástico comprovar a permanência da sua força. Fantástica.

Azul Resplendor vale a pena, mas nada demais.

Direção : Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas

Friday, October 25, 2013

Filme - Gravidade



Gravidade - Poster

Alfonso Cuarón, para o bem ou para o mal, fez história no cinema com seu “Gravidade”.

Combinando computação gráfica, 3D, som surround, câmeras e sistemas de iluminação pré-programadas, robôs de linha de montagem de automóveis,  ângulos de câmera certeiros e inusitados  e a habilidade dos titereiros do (chato) Cavalo de Guerra - mais, é verdade, a disposição dos atores em “contracenar” com tudo isto – Cuarón, lança os espectadores numa experiência única e sensorial quase sem precedentes. 

A “coisa” mais perto que senti com um filme – e numa intensidade bem maior – foi com o  Mal dos Trópicos, do Apichatpong Weerasethakul - , um filme estranho e lentíssimo diante do qual que, quando me dei conta, estava completamente hipnotizado e “dentro” do filme.

Mas em Gravidade a proposta é diferente – e é cumprida com louvor. Aqui se busca o entertainment, com diversas pretensões artísticas-metafísicas  é verdade, mas que, sem a profundidade de um 2001, impressiona e agrada todos. 

Sandra Bullock (na linha canastra-talentosa dela ) faz Ryan Stone, uma astronauta novata que, juntamente com o veterano Matt Kowalski ( o super canastrão George Clooney), são atingidos por uma tempestade de destroços de uma estação russa enquanto realizam serviços de manutenção fora da sua estação espacial. Sem tempo de se abrigarem, eles acabam sendo lançados no espaço completamente livres de qualquer “âncora” (sim, uma coisa tipo eject) .

Não é preciso dizer que a agonia logo toma conta dos espectadores ao perceber a fragilidade, a pequenez  humana diante do “indiferente  infinito”.   

O pânico da Ryan Stone  é transferido de cara para a escuro do cinema. Ainda mais pelo fato de que o  diretor, sem concessões, realiza a proeza de colocar a audiência “dentro da capacete” da protagonista e assim, compartilhar “sob seu ponto de vista” o terror da sua situação. 

Momento de tensão

E assim a coisa vai. A cada vitória – conquistada sempre de forma super arriscada e épica – segue-se um desastre que  coloca os protagonistas frente a opções digamos um tanto “drásticas”.  

E é um rio de emoções. Mêdo, alegrias, esperança, abandono, terror, sacrifício, delírio, bravura, ousadia e coisas do gênero povoam a narrativa.

Assim, com a combinação de uma projeção IMAX, agregada ao 3D perfeito, “Gravidade” torna-se uma espécie de “parque de diversões de horrores” – meio trem fantasma – que sufoca e amedronta a platéia na mesma medida em que estes dramas ocorrem com os personagens. Tensão e sofrimento diretos na boca do estômago.

O final é um primor de pretensão. Não vou dizer o que rola, mas fica claro que o diretor quis tipo “mostrar” -  de forma bem  óbvia , dentro do ponto de vista dele – a “evolução da vida”  no nosso planeta.

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Momento bizarro :

O repórter Carlos "El Capi" Perez, do programa de humor “Deberían Estar Trabajando” (TV Azteca – Mexico) armou uma pegadinha numa entrevista coletiva com o Alfonso Cuarón.

Com a maior cara-dura lascou : “Quais foram as dificuldades técnicas e humanas de gravar no espaço?".

Cuaron “pensou” e devolveu :

"Sim, nós levamos câmeras para o espaço. Ficamos no espaço por três meses e meio. Eu fiquei meio tonto nos ensaios."

Video abaixo :


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Trailer do filme :