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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Thursday, May 31, 2012

Filmes vistos (ou não) ultimamente


SHAME 

Filmaço. Bem no estilo que eu gosto. Denso, difícil, provocador. 

Michael Fassbender (sem comentários, um super ator), faz um publicitário – Brandon - que “sofre” de uma compulsão por sexo. Prostitutas, masturbação no ambiente de trabalho, pornografia na internet, pegar mulher na rua para uma trepada rápida, nada o sacia – e nem o satisfaz.  


O sexo é sua fuga, sua droga. Brandon  é dominado pelo caralho – tanto que logo no inicio do filme o close é no pau do moço e não na sua cara - e administra seu universo (casa, trabalho, relações sociais e profissionais, etc) de forma a sustentar / saciar seus instintos.

Só que este mundinho habilmente equilibrado entra em caos com a chegada / invasão da sua irmã problemática Sissy (Carey Mulligan, numa performance demolidora).  Sem explicar muito  as motivações - o que só engrandece o filme – Brandon e Sissy revelam um relacionamento repleto de  raiva, ressentimento, encontros, diferenças, dor, entendimento e amor. 


A coisa acaba embolando o meio de campo do rapaz e as conseqüências são .... trágicas ? 

Repetindo : Filmaço !

PATTON  - Rebelde ou Herói ?

Filme de 1970, na escola dos velhos épicos que não se fazem mais.  Com quase 3 horas de duração, Patton , conta, obviamente,  a história do general George S. Patton (vivido por George C. Scott) e suas peripécias no comando de tropas americanas na segunda guerra mundial.

Patton é um “maluco” que acredita ser o fruto da reencarnação de vários guerreiros do passado e que agora tem a missão de liderar o melhor exército, na melhor guerra, da forma mais brilhante, intrépida e corajosa, e assim alcançar a glória e consagração a ele destinadas pelos deuses.

E ele realmente viaja na história. Atolado na vaidade, acredita ser “ o escolhido” o que o faz ignorar conselhos, recomendações e até ordens para conseguir seus intentos. Isto sem falar na sua  boca grande que o leva às mais infelizes declarações – por conta de seus preconceitos -  gerando perigosos incidentes diplomáticos - , e também de suas atitudes “duras” e “disciplinadoras” com aqueles que ele julga “fracos” e “covardes” – o  que também acaba lhe trazendo grandes aborrecimentos. 

É claro que tudo isto resulta, dentro da sua visão, em perseguição à sua figura e ele não entende porque o comando militar o tira de cena várias vezes.  Afinal ele é um abençoado dos deuses, está acima do bem e do mal, e suas ações são sempre motivadas dentro das melhores intenções, digamos, “guerreiras” .

O filme é grandioso e vale a pena ser descoberto, mesmo com sua duração excessiva.

Curiosidades : George C. Scott foi consagrado com o Oscar de melhor ator por este filme. George simplesmente recusou a estatueta dizendo que os prêmios da academia eram um “concurso de carnes”.

GONE – 12 HORAS

Escrito e dirigido pelo brasileiro Heitor Dhalia – em sua estréia em Hollywood -  Gone narra o sufoco 
da jovem estudante Jill Parrish (Amanda Seyfried – muito boa ) que ao voltar para casa, depois de uma noite de trabalho, encontra vazia a cama da sua irmã Molly. Depois de tentar contactá-la, Jill conclui que Molly  foi raptada pelo mesmo serial killer que a raptou dois anos antes e que agora teria voltado para concluir o serviço – já que ela teria sido a a única vítima que conseguiu escapar. 

Acontece que Jill nunca conseguiu comprovar sua história – alem de ter passado por internações em clínicas para malucos – e, assim, a policia não acredita em nada do que ela fala. Desesperada – porem determinada – Jill parte para salvar sua irmã de qualquer maneira.

Bem, mesmo com alguns furos no roteiro, o filme é legal e prende a atenção.  Nada demais, mas vale como um bom programa para quem gosta do estilo.

POLISSE

Da atriz, diretora e roteirista Maiwenn (que atua como atriz, diretora e roteirista neste filme), Polisse mostra  a rotina da Brigada de Proteção ao Menor, em Paris.

Acompanhamos o dia a dia dos policiais no enfrentamento com pedófilos, pais negligentes, trombadinhas, e toda a sorte de crimes e abusos envolvendo menores. Além disto somos convidados a participar das vidas particulares dos integrantes do esquadrão e acabamos testemunhando seus dramas, romances, vícios, doenças, desvios, carências, alegrias, tristezas, etc.  

Com mas de duas horas de duração (que parecem intermináveis), Polissei naufraga na sua pretensão. 
Nas cenas em que o grupo de policial aparece “exercendo a profissão” é gritante o absurdo e a incompetência que demonstram em tratar determinados casos (tipo interrogarem os acusados de forma coletiva, interrogarem crianças em publico,  isto sem falar na pior cena quando eles simplesmente caem na gargalhada na frente de uma garota que disse ter  sido obrigada a  chupar uma turma de meninos para reaver seu celular ).

Nas cenas das suas vidas particulares, o que fica claro é a intenção da roteirista-diretora em mostrar que aquele grupo é “humano”, com seus méritos, falhas , idiossincrasias, etc. OK, bem pensado. Mas precisava tanta verborragia, tanta tagarelice, tanta cena “de grito” , tanta cena de “conflito”, alternadas com tantas cenas “românticas”, sem levar a lugar algum?

Achei um pé no saco.

DRIVE
Sobre este filme não tenho muito o que falar.

Drive vem na linha de explorar o personagem do herói (não sei se seria bem esta a palavra -  aqui vivido de forma perfeita por Ryan Gosling) com um passado obscuro, que surge do nada e se estabelece numa comunidade, que demonstra oscilações de atos monstruosos (algumas cenas de assassinato são, digamos, “especialmente iradas”) a amorosos (a relação com a mãe e filho vizinhos são “lindas”, numa espécie de tentativa de resgate ou construção familiar).  É o  herói calado, solitário, triste, destemido, justiceiro, amigo, fiel, assassino, frio,  impiedoso, que voluntariamente se envolve numa trama perigosa com o intuito de acertar e ajudar àqueles que ele ama (ou acha que ?). Ou seja,  aquele cara (ou criatura)  sem chefe – dono do seu destino -  que concentra todos os elementos de um personagem “cool”,  marginal, outsider que de alguma forma sempre acaba mexendo com nosso imaginário, sendo  praticamente impossível não torcer por ele, apesar de nos assustar.

O elenco é fenomenal e todos os personagens muito bem construídos.  Filmaço !!

Povão do filme : Ryan Gosling (fantastico), Albert Brooks (de volta num papel de super marfioso), Carey Mulligan (mais uma vez provando que é 10 !), Ron Perlman (este cara é literalmente uma “figura”), Oscar Isaac (perfeito, “feio”,  quase irreconhecível), Bryan Cranston (em um personagem triste, belamente construído), Christina Hendricks (numa “roupa de assaltante” inacreditável)

BABYCALL

Me propus a assistir por causa da Noomi Rapace, a deusa que fez a Lisbeth Salander na  trilogia Millenium Sueca.

Descrição retirada do Terra :

“Em Babycall, Rapace dá vida a Anna, uma mãe que protege seu filho de um relacionamento complicado com o ex. Para tanto, ela faz uso de um monitor de áudio - que dá o título do filme, "babycall" - para se assegurar que tudo está certo com o pequeno Anders.

Tudo se complica quando Anna ouve barulhos estranhos, que se assemelham a um assassinato, e um amigo misterioso do garoto passa a visitá-los com freqüência”

Bem, comecei a assistir na boa, mas, depois de um certo tempo, só consegui ir adiante no “modo acelerado” e pulando várias cenas.

 Babycall pretende ser uma viagem dentro da loucura, da paranóia da protagonista e para isto, somos desafiados a discernir o que é real e o que é imaginado dentro das suas visões e experiências.

Até ai tudo bem, o problema é que todos os personagens deste filme são absolutamente ridículos, mal construídos e incapazes de despertar qualquer simpatia ou empatia.

E quando a loucura geral vai se instalando, fica óbvio no que tudo vai dar (sempre a solução mais óbvia criada por roteiristas sem imaginação) .


 Chato, óbvio e ridículo.



HAYWIRE – À TODA PROVA

Não agüentei e larguei acho que na metade. Com um elenco que inclui nada mais, nada menos do que Ewan Mcgregor, Michael Douglas, Antonio Banderas, Channing Tatum e Michael Fassbender, fazendo pano de fundo para a estréia da lutadora de MMA Gina Carano no cinema, Haywire é ... sobre o que mesmo ? ... Alguém entendeu bem a história ? ... Alguem conseguiu ficar acordado e ligado na trama ? ...  


Para mim o Steven Soderbergh (diretor bons filmes como Traffic) se perdeu feio nesta joça.

Tuesday, May 29, 2012

Show - Toquinho e Joao Bosco


Um encontro de Titãs. 

Assim pode ser definido o show do Toquinho e Joao Bosco apresentado neste sábado, dia 26, aqui em Porto Alegre.

Com um caráter intimista – tipo um banquinho e um violão - , era de se perguntar se este tipo de proposta seria adequada à imensidão do Teatro do Sesi (lotado, diga-se de passagem). 

Mas, tudo bem. Fomos lá para ver no que ia dar..

Toquinho entra muito simples, muito humilde, exalando simpatia. Pega seu violão e logo de cara nos alveja com “Minha profissão”, que nos versos inicias já diz tudo :

“Debaixo dessas luzes coloridas,
Nesse palco, minha vida, minha voz, meu violão. 
O artista, meio mito, meio gente,
Vira assim meio parente de uma grande multidão”


Depois de ouvir isto, quem resistir há de ?

Em seguida – pegando o rabo da musica –  ele  fala sobre a alegria em compor e cantar como profissão.  E começa a mandar um clássico atrás do outro.

 “Que Maravilha” (uma surpresa para mim pois adorava esta musica quando criança ), “Samba de Orly”, “O caderno”, “Aquarela” , “A casa”  e outras são entregues de forma generosa. 

As canções são intercaladas por casos saborosos da época em que  Toquinho conviveu com os monstros sagrados Vinicius, Tom, Baden e outros.  

No set instrumental – introduzido com uma homenagem a Paulinho Nogueira - o poeta prova ser um virtuose do violão. Bachianinha, Gente Humilde e Asa Branca são executadas de forma sublime e a galera delira.

Revelando o que ele considera o marco zero de sua carreira – o momento em que Vinicius passou a respeitá-lo como musico – Toquinho chama ao palco João Bosco, e ambos cantam “Tarde em Itapoã”. 

Toquinho sai e João assume o show.

A esta altura do campeonato o teatrão do Sesi já se transformou numa coisa tipo roda de amigos num barzinho. É inegável a aproximação entre os artistas e o publico.

E seguindo nesta mesma linha, Joao alterna casos e canções. 

 Fala especialmente de Elis Regina – sem duvida a melhor cantora que este país já teve - e de como aconteceu o primeiro encontro entre eles. 

Aí realmente a coisa me surpreendeu.  João revela que a primeira musica que apresentou à diva foi “Bala com Bala”, um “samba” que ela acabou gravando. Acontece que “Bala com Bala” não tem nada de fácil, nem no seu ritmo – bem acelerado – nem na sua letra, digamos “estilhaçada” :

"A sala cala e o jornal prepara quem está na sala
Com pipoca e com bala e o urubu sai voando, manso
O tempo corre e o suor escorre, vem alguém de porre
Há um corre-corre, e o mocinho chegando, dando.
Eu esqueço sempre nesta hora (linda, loura)
Minha velha fuga em todo impasse;
Eu esqueço sempre nesta hora (linda loura)
Quanto me custa dar a outra face.
O tapa estala no balacobaco e é bala com bala
E fala com fala e o galã se espalhando, dando.
No rala-rala quando acaba a bala é faca com faca
É rapa com rapa e eu me realizando, bambo.
Quando a luz acende é uma tristeza (trapo, presa),
Minha coragem muda em cansaço.
Toda fita em série que se preza (dizem, reza)
Acaba sempre no melhor pedaço"


Me caiu os butiá.  Eu nunca esperava ouvir esta canção (que eu cantava a plenos pulmões quando adolescente).  

E para não deixar as surpresas só por ai, ele acaba apresentando outra musica, digamos, “difícil” : a emocionante “Agnus Sei”- sua primeira gravação,  lado B de um compacto simples, cujo lado A era nada menos do que “Aguas de Março”, com Tom Jobim – ao revelar isto ele manda ver  com “Aguas de Março”.   


Os demais petardos foram, entre outros que posso ter esquecido,  “Corsário” (outra das minhas preferidas), “Desenho de Giz”, “Quando o amor acontece”, “Papel marché”, “Nação” , “Ronco da cuíca” (maravilha), “Mestre Sala dos Mares” (clássico em homenagem a João Cândido Feslisberto, gaúcho de Encruzilhada do Sul, que liderou a Revolta da Chibata em 1910), “O bêbado e a equilibrista” (que o povo cantou junto de cabo a rabo).

 Uma em especial, que confessando minha ignorância eu não conhecia, me emocionou muito.  Fruto de parceria do Joao com Chico Buarque, “Sinhá” traz a marca dos grandes compositores. Fui às lágrimas com a interpretação emocionada do artista.

A roda foi chegando ao final. Toquinho volta ao  palco e eles cantam – após revelarem a importância do mito João nas suas formações – a indecentemente perfeita “Chega de Saudade”. Ai meus sais ! Que momento mágico !  

Se despedem da platéia após a imortal “Saudosa Maloca”.

São ovacionados.

Retornam para o bis e encerram a noite com “Se acaso você chegasse”, do Lupicinio.

Precisa mais ?

Na verdade, sim.

Para mim ficaram faltando “apenas duas músicas” : “Onde anda você” , com o Toquinho, e “Memória da Pele”, com o Joao (esta tem um sentido determinante / fundamental na minha vida). 

Mas, mesmo com estes “furos” (olha minha pretensão), não dá pra dizer que o show é nada menos que  absolutamente fantástico, inesquecível, único.

As emoções que o conjunto de canções apresentadas desperta nas gerações que as conheceram nas suas épocas é algo que sacode a memória, reaviva descobertas, lutas,  amores, derrotas, alegrias e tristezas.

Perfeito ! Salve os bruxos !









Friday, May 25, 2012

Musica Gay - John Grant


John Grant

Conheci o trabalho do compositor e cantor gay John Grant ao assisitir Weekend


Sua musica “I wanna go to Marz”, encerra de forma brilhante este belo filme de Andrew Haigh.

Não conhecia o John 
 e acabei descobrindo um artista único.

Suas canções têm uma poesia especial / estranha e tocam assuntos sociais, morais, sexuais e afetivos de forma um tanto intrigante, para não dizer bizarras e/ou herméticas..

Para saber mais sobre o trabalho do John clique aqui (uma crítica brilhante sobre seu primeiro álbum solo – Queen of Denmaik)

MUSICA  : I WANNA GO TO MARZ / EU QUERO IR PARA MARTE

 A musica.tem um letra bem for a da casinha para quem não entende seu sentido, o qual só pode ser desvendado a partir da explicação do próprio John.

Diz ele  : “Marz é uma loja de doces da minha infância. Agora ela está vazia e à venda.  Mas eu fui visitá-la antes disto, e a senhora que me servia quando eu era criança ainda está lá.  Eles ainda produzem seus próprios doces e sorvetes. Na canção eu listo todos os nomes dos sundaes e bebidas oferecidos lá, como o Green River (Rio Verde). A canção é sobre um portal de volta à infância e inocência, antes das coisas se tornarem complicadas”. (contactmusic.com)

Dito isto, fica fácil entender a letra. 

VIDEO : I WANNA GO TO MARZ / EU QUERO IR PARA MARTE - Legendado

Assim como a letra, o video também é tri estranho. 

Mas, com os esclarecimentos de co-diretor Casey Raymond  para a promonews.tv, o entendimento das imagens fica mais fácil (se bem que nem tudo).

Entrevista :

O vídeo é uma notável combinação de tragédia  assustadora e um (em ultima instãncia enganoso) adorável otimismo.  Como isso aconteceu?

O que captamos da letra da canção foi o desejo melancólico de alguém em retornar às suas memórias infantis favoritas. Nós imaginamos  se isso era realmente possível, que depois de morrer você acaba em algum purgatório, um meio caminho onde você começa a reviver os desejos do seu coração várias e várias vezes.. Pode ser bom durante algum tempo, mas eventualmente pode deixá-lo completamente louco.

Havia uma espécie  de resumo, ou alguma dica, de John ou de sua gravadora ?  Como vocês sabiam que eles iriam na direção de uma idéia tão extrema?
Nós pegamos o trabalho devido aos nossos vídeos anteriores, de modo que todos já sabiam que rumo as coisas iriam tomar. John enviou algumas idéias, que eram em grande parte inviáveis devido ao orçamento, embora ele não tenha mencionado alguém se  afogando em sorvete. Enviamos a eles um tratamento muito vago, principalmente falando de interpretações modernas de fantasmas, como o fantasma da loja de caridade, com raiva de que alguém está comprando suas roupas. Houve também a menção de um fantasma Spectrophiliac,  que estava sexualmente excitado por ter morrido  e, por isto,  passava o dia inteiro se masturbando sobre sua própria sepultura. Assim, o  video final é muito leve em comparação a isso. Eles eram clientes ideais, eles apenas nos deixaram ir em frente

Por que essa doce menina se mata  (supondo que foi suicídio)? A idéia foi inspirada por alguma outra coisa alem da canção ?

Ela teve uma educação dura, sabe, lutando com o mal-estar e a depressão geral.  Amadurecer precocemente 
 pode ser difícil, principalmente se  perceber que sua infância está desaparecendo. Negar a si mesma um futuro é o simbolismo bruto para alguém que tenta se apegar à  infância

Quais foram os desafios de fazer o vídeo? Onde você filmou  e quanto tempo demorou?
Foi um processo escalonada devido a toda a sobreposição de imagens. Primeiro, circulamos por alguns dias em Gales do Sul filmando  em varias locações : um shopping abandonado, uma praia, uma pequena igreja evangélica  onde tentaram nos converter, um hospital que filmamos  sub-repticiamente sob o pretexto de que éramos uma outra equipe de filmagem, coincidentemente esperada  para aquele mesmo dia. Filmamos em uma usina de força e fomos pegos pela segurança,  que nos fez apagar  nossa filmagem. Após isso,  passamos dois dias em um estúdio escuro filmando os fantasmas (acrescentados em camadas), todo o Purgatório e as seqüências de dança. Então  mais um dia para filmar o suicídio de Francesca e seu afogamento no sorvete; uma manhã para  filmar o coelho morto e finalmente um dia para construir e filmar todas as paisagens de doces. Foi um monte de trabalho.

Como você fez a maquiagem para o Cara de Cabeça-Doce ?  E fazer o Bebê de Chocolate? E o  que é sorvete real?
O bebê é quase totalmente feito de doces. O Cara de Cabeça Doce é apenas um sujeito que descobriu ter uma terrível doença de pele. O sorvete para maioria das partes é real, como por exemplo  a cena afogamento. Mas em tudo o mais também utilizamos purê colorido de batata,  porque não derrete tão rápido.

Como você se sente em relação a este vídeo comparado  aos seus outros ?

Certo. Nós gostamos. É certamente bom para fazer um vídeo sem a banda o tempo todo presente pois permite mais espaço para idéias. Dito isso, esperamos fazer o próximo vídeo de John,  que também deve ser muito interessante. 

Dito isto, veja abaixo o clipe legendado em portugues de “Eu quero ir para Marte”


CLIPE : JESUS HATES THE FAGGOTS / JESUS ODEIA AS BICHAS  - Legendado

Outra musica do John. Aqui ele insurge contra aqueles que usam o nome do Cristo para justificar qualquer ódio ou preconceito. 

Para John, a imagem do Jesus déspota se encaixa em qualquer ódio ou condenação que as pessoas queiram expressar.

Em entrevista para a revista UK´s Uncut, John diz : 

“Esta não é minha idéia sobre Jesus, e se você ler sobre sua vida e ensinamentos, verá ele que não tem nada a ver com isto, com o ódio. Suas pregação era sobre a união e igualdade entre as pessoas. Esta musica é sobre as interpretações das suas mensagens por outras pessoas, como por exemplo, alguém diz “eu odeio garfos”, portanto Jesus odeia garfos...”


CLIPE : QUEEN OF DENMARK / RAINHA DA DINAMARCA - Legendado

Cover da Sinead O´connor para a musica do John.

Cheia de metáforas, esta musica fala sobre não se encaixar no mundo, sentir-se estranho, final de relações, entre outras coisas.

Sinead arrebenta.


Filme - Weekend


Weekend poster

O enredo é de uma simplicidade só.

Dois caras -  Russell (Tom Cullen) e Glen (Chris New) - se conhecem num bar gay numa sexta à noite e mantêm uma espécie de relação / romance até o domingo.  

Nestes dois dias,  eles trepam, se drogam horrores, cumprem compromissos particulares,  festejam com amigos e conversam / divagam muito. 

Resumindo “Weekend” é isto. 

Porém,  o que a princípio poderia desaguar num filme aborrecido e tedioso,  se revela sedutor graças aos diálogos espertos e naturais dos protagonistas abordando diversos temas relacionados as suas vidas intimas, emocionais e sociais.

Assuntos  como a auto-aceitação da homossexualidade, assumir perante a família e amigos, relações de trabalho e amizade,   afetividade,  amor, sexo, diferenças entre heteros e gays, e outros mais, são discutidos de forma espontâneas e calorosa,  enriquecidos muitas vezes através do conflito de visão / entendimento entre os amigos / amantes.


Alguns são particularmente destacados, como a simulação da conversa entre pai e filho e a descrição da masturbação com o filme “Uma Janela para o Amor / A room with a view”  ( realmente um achado e, convenhamos, o Rupert Graves merece).

Porém em alguns momentos Weekend cansa com tanta verborragia.  Mas a idéia do roteirista e diretor Andrew Haigh parece ser esta mesma : aproveitar para colocar na vitrine a maior quantidade de assuntos que permeiam a condição gay.

Em entrevista ao The GUardian, Haigh foi claro sobre a mensagem que queria transmitir “Eu sempre tive intenção de fazer Weekend de forma honesta sobre ser gay e não fazê-lo mais aceitável. Eu quis ter certeza de fazer uma história que pudesse ser sentida por qualquer pessoa, mas que falasse também dos problemas de homens gays. As pessoas não acham que as batalhas dos gays valem à pena serem contadas apenas porque todo mundo acha que agora somos iguais. Essas batalhas são mais superficiais. Mas o peso de ser diferente ainda continua… A sociedade está mudando, mas você ainda tem que lutar contra um mundo heterossexual.”

Acredito que ele alcançou sucesso nesta proposta. O filme é muito bom.

Um dos efeitos colaterais de Weekend foi eu conhecer a musica de John Grant. O filme encerra com “I wanna go to Marz”, uma canção belíssima que me cativou nos primeiros acordes. 
John Grant

 Virei fã.

Para saber mais sobre o John, e ouvir “I wanna go to Marz” – e outras mais –  clique AQUI.




Trailer do filme :

Monday, May 21, 2012

Hare Krishna em versão Don’t stop believing, do Journey. Legendado e traduzido.




Este garoto é tri talentoso.

 Pegou o hit “Don’t stop believing” do Journey e mandou o canto Hare Krishna por cima.  


Ficou muito bom




.

Saturday, May 19, 2012

The Irrepressibles - In this shirt / The lady is dead (legendado em portugues)



Esta banda britânica de dez membros lembra muito o  Anthony and The Johnsons, seja pela voz sofrida do  compositor e musico  Jamie McDermott, seja pelo clima  etéreo, desencarnado e  transcendental das canções.


Não é a a toa que o cineasta Roy Raz escolheu a musica “In this Shirt” para ilustrar seu curta chamado “The Lady is Dead”, o qual aparentemente desfila, com imagens fortes,  os delírios da dama no momento da sua morte.  


Porém, independente de simbologias e significados, a conjunto é  fantástico, casando perfeitamente com a letra e a sonoridade da canção.


Filme - O céu sobre os ombros


O ceu sobre os ombros

Mistura de documentário com ficção “O céu sobre os ombros”, dirigido por Sérgio Borges, acompanha  o cotidiano de três personagens da periferia  de Belo Horizonte, que são :

Everlyn,  um transexual  que faz mestrado na UFMG sobre um hermafrodita do século XiX. Everlyn  também faz programas nas ruas em busca de sexo e afeto,  está louca para arrumar um amor verdadeiro e alimenta o sonho de realizar a operação de transformação do sexo.

Murari,  um skatista, pichador, operador de tele-marketing, hare krishna e torcedor do Atlético Mineiro que perambula pela cidade sozinho e com várias galeras, o que demonstra sua capacidade de se mimetizar com a coletividade, de “desaparecer” em publico ( uma metáfora para a perda do ego).

Lwei, um escritor perdido que escreve vários livros ao mesmo tempo , sem chegar ao final de nenhum.  Lwei nunca trabalhou (passa bom tempo do filme nu)  e é sustentado pela mãe e pela mulher.  Tem um filho doente e revela fortes impulsos suicidas.

Posto isto, o que temos pela frente ? Cenas do cotidiano dos personagens , seus trabalhos, suas relações, suas reflexões e sonhos.  Tudo sob um prisma distante, não invasivo, quase contemplativo.

A emoção, se é que surge, parte principalmente da capacidade  do espectador em penetrar  no universo de cada um e refletir sobre o que é apresentado de forma quase fria.

No final fica a pergunta :  Afinal sobre o que é mesmo  “O céu sobre os ombros ?  Um recorte , um vislumbre, na vida, no cotidiano dos  personagens  ? Um retrato sobre a condição humana nas grandes metrópoles ? Um painel sobre a solidão e a busca do afeto, da felicidade ? Uma reflexão sobre a existência ? Uma viagem às profundezas da alma ? Ou um tédio absoluto travestido de filme Cult ?

O final abrupto – e inconclusivo – reforça  o que foi visto (ou aturado) até o momento, para o bem ou para o mal. 

Filme - O Palhaço


O Palhaço

Selton Mello disse que tirou a idéia do Palhaço a partir de questionamentos sobre seu próprio ofício , sobre sua identidade como artista. 

Não sei que meandros psicológicos, emocionais ou existenciais que ele desbravou  nesta busca, mas, seja como for, acertou em cheio.

O filme é fantástico.

Mesmo que, a princípio, encaremos com um certo cinismo a fila de clichês e cenas piegas  - afinal a idéia de palhaço triste é mais velha que andar pra frente - , não há como resistir à delicadeza, respeito e segurança com que o diretor  constrói sua história.


O Palhaço mostra  as andanças da troupe  chamada “O Circo Esperança” que viaja pelo interior do Brasil exibindo espetáculos para platéias cada vez mais vazias, porém encantadas.  Pangaré (Selton) e Puro Sangue (Paulo Jose) – pai e filho no filme - fazem a dupla de palhaços que alegram os shows.


Se em cena eles demonstram uma harmonia perfeita, fora logo se vê que Benjamin (nome “real” do personagem de Selton) enfrenta forte crise a  respeito das  suas  responsabilidades e desejos,   de seu papel  diante de si e dos outros.  Isto o leva, a certa altura,  a tomar uma decisão que o transforma e o conduz  a encontrar o sentido da sua vida.

Mas reduzir o filme a isto  - o que não é pouco – é pouco. Na verdade a galeria de personagens é riquíssima e poderia ser mais explorada revelando mais sobre a vida de alguns deles ( talvez se isto acontecesse acredito que o filme poderia se perder em histórias paralelas, sei lá )  De qualquer forma o que se vê na tela é um hino a condição humana no que ela tem de melhor (amizade, amor, respeito, desapego, honestidade).

O elenco é um assunto à parte. É verdadeiramentee emocionante ver em cena alguns atores em participações  mínimas porém definitivamente marcantes. Para  mim assistir Moacir Franco, Ferrugem e Jorge Loredo foi quase como uma catarse afetiva que ficou com um gosto de quero muito mais.  Outro destaque absoluto é Paulo José. Meu Deus, que ator !  Nada menos que soberbo.

E qual o resultado de tudo isto ? Lágrimas e mais lágrimas. Me lavei chorando. O filme transborda emoção.

Não consegui resistir a história boba e simples,  porém universal,  que fala diretamente ao coração de cada um.

Sunday, May 13, 2012

Hipnotismo para ganhar dinheiro

Olhe fixamente para cada uma abaixo por 1 minuto e depois me manda o depósito.













  

 



Saturday, May 05, 2012

Filme - A Perseguição (The Grey)



Liam Neeson (com sua caraterística cara de sofrido), faz John Ottway  uma espécie de caçador contratado por uma empresa petroleira para matar lobos que se aproximam das suas instalações no Alasca.

Logo no início vemos que Ottway tem um relação ambígua com sua atividade pois, ao atirar num  lobo, aproxima-se do animal agonizante e realiza uma espécie de “cerimônia do adeus”  até  fera  moribunda desencarnar.

Também somos informados que ele padece por estar afastado da amada,  para quem escreve uma carta e guarda no bolso.

Tudo bem, vamos adiante.

Logo em seguida, ele e alguns companheiros embarcam num avião para voltar a civilização. Só que, é óbvio, a viagem dá merda e a aeronave cai no meio de um deserto de neve, longe de tudo e de todos. 

Dai acontece a primeira cena ridícula do filme. 

O que rola é que  um dos colegas ( do qual não sabemos chongas) “aterrisa todo estropiado”  e está  morrendo (já enxergando Jesus).  Ottway então, com sua vasta experiência em  acompanhar a passagem dos lobos desta para uma melhor, aproxima-se do tal colega e , com carinhos e belas palavras,  o “ajuda” a ir para o “Nosso Lar”, numa cena desnecessariamente longa e vazia emocionalmente.

Mas, como azar pouco é bobagem, logo os sobreviventes descobrem que estão sem comunicação, num local perdido depois do cú congelado do mundo , e, para abrilhantar sua miséria,  na mira de uma alcatéia maldita. 

Oba ! Vai começar a ação !

Que nada !  Numa ação “empata foda total,  “A perseguição” logo se revela  absolutamente brochante na  sua tentativa de abarcar vários estilos, sem acertar em nenhum. Que ódio !

Como ação é zero total por não apresentar nem uma cena digna de crédito.

Como suspense falha totalmente  com raros momentos de tensão que são resolvidos de forma apressada e insatisfatória.

Como ode à coragem e força,  afunda com personagens fracos e imbecis que sempre tomam as decisões  mais cretinas na tentativa de sobreviver.

Como estudo psicológico da fragilidade humana frente à força da natureza,  derrapa na construção de perfis rasos e estereotipados -  dentro do manual mais óbvio para a composição do grupo dos petroleiros  (o corajoso, o sábio, o revoltado, o conciliador, o mártir,  etc) - .

Como obra transcendental e filosófica (e até religiosa) – que certamente é o que “A Perseguição” pretende ser –  é absolutamente, indecentemente, escandalosamente patética e  ridícula com suas mais que batidas  referências simbólicas / metafóricas.  Parece que os roteiristas Joe Carnahan  e  Ian Mackenzie Jeffers  consultaram  a cartilha “Como fazer um filme Denso e Profundo” e só colocaram em prática o mais óbvio para não exigir demais do público médio.

Mas e cadê os lobos ? 

Porque não aparecem e matam todos os idiotas de uma vez e assim aliviam os espectadores desta angústia cinematográfica ? 

Para que tanta lenga lenga e encheção de lingüiça – com tanto “drama humano” – se o que queremos ver -  o que pagamos para ver -  são os peludinhos malditos em ação ?

E os flash-backs do personagem do Liam ? Mellldéllls ! ... Tá certo que ele tá sofrendo com a situação da amada, mas precisamos ser bombardeados a cada 15 minutos com as imagens das recordações do rapaz ? 

Chega ! Já entendemos ! Vamos adiante !

O resultado é que o filme é um fracasso bíblico com suas pretensas várias leituras que não levam a lugar nenhum e só  evidenciam a ruína desta  obra vazia, mal escrita, mal dirigida, enfim,  desta droga (M) total.

Ah, e não me venham falar que “o filme se explica” na cena que rola após os créditos finais. Se alguém conseguir ficar no cinema para ver a tal cena, vai concordar que o que acontece – ou não – é a cereja azeda que faltava para coroar este bolo intragável  oferecido aos pagantes incautos.