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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Saturday, September 26, 2020

Documentário : ONE CHILD NATION

 

Fetos com até nove meses de vida abortados à força, mortos e jogados no lixo por outras mulheres.
Mulheres sendo capturadas e esterilizadas – por outras mulheres-, num procedimento “rápido” de apenas 10 minutos. 
 
Filhas não vistas como “agregadoras de valor” à família, e, por isto, rebaixadas, oprimidas e impedidas de aparecer nas fotos com homens parentes. 
 
Meninas bebês sendo deixada nas ruas e mercados -por seus pais- na esperança inútil de que alguém “as pegasse”, situação na qual eram expostas aos animais e morriam em média em dois dias na frente de toda a população. 
 
Quando o regime comunista chinês implementou a política do “filho único”, que perdurou de 1979 a 2015, com a intenção de evitar um boom populacional no país – o que causaria, na visão do partido comunista, uma fome generalizada que levaria ao canibalismo - , uma ostensiva propaganda para limitar as famílias a terem um único filho foi implementada em todos os cantos do país. 
 
Paralelamente, o regime adotou diversas ações para que a regra fosse cumprida, como nomeação de “chefes locais” em todas as cidades, bairros e vilarejos do país, encarregados de fiscalizar todas as famílias nos arredores, criação de equipes de mulheres especializadas em doutrinar a população e levar a cabo ações como abortos e esterilizações forçados, implementação de “selos de qualidade” para as famílias com apenas uma criança, etc. 
 
O resultado foi que praticamente todas as famílias preferencialmente queriam filhos homens (porque, culturalmente na China, o homem tem mais valor que a mulher), o que gerou um verdadeiro “descarte” de bebês femininos que incluía abandono e morte. 
 
Depois, quando o governo chinês abriu as fronteiras para que outros países adotassem bebês locais, o descarte foi transformado numa grande e próspera rede de tráfico humano que “empregava” até lixeiros para andar pelas ruas e ir recolhendo os bebês abandonados que encontrassem. 
 
“One child Nation”, disponibilizado na Amazom Prime, é um documentário necessário e brutal – narrado por Nanfu Wang, uma mulher chinesa que teve que abandonar os estudos para trabalhar quando criança para que seu irmão (o mais valorizado, é claro) pudesse estudar - que mostra a aniquilação total de vidas sob um regime hediondo que destrói qualquer possibilidade das pessoas serem protagonistas da suas próprias vidas e escolhas.

Friday, August 28, 2020

ANIMAIS NÃO HUMANOS E ESCRAVIDÃO - ESCRAVIDÃO AINDA É UMA PAUTA

 

 

 ANIMAIS NÃO HUMANOS E ESCRAVIDÃO - ESCRAVIDÃO AINDA É UMA PAUTA.

Por Christopher-Sebastian McJetters

Ei, pessoal. Eu sou um cara negro! Eu sei que provavelmente é óbvio para alguns de vocês quando olham para mim. Mas algumas pessoas não veem raça. Portanto tenho que deixar isso bem claro, caso contrário eles não captarão este fato.

Muito recentemente, reuni um grupo de pessoas e fiz uma pergunta simples: “Por que consumimos animais?” 

As respostas foram tão simples e concisas quanto a própria pergunta:

"Porque eu gosto."

“Eles não são como nós.”

“Somos simplesmente superiores.”

“Temos inteligência superior.”

“É perfeitamente natural.”

"Deus os colocou aqui para nós."

“Somos mais importantes.”

“Eles não sentem dor da mesma forma que nós.”

"É apenas um animal."

“Eles não raciocinam ou têm emoções complexas.”

"Porque nós podemos."

"Eu preciso."

“Fui criado em uma fazenda. Não há nada de errado nisso. Fazemos isso há gerações. ”

Certo, ótimo! Segunda pergunta então: “Por que não reinstituímos a escravidão nos Estados Unidos?”

ESCRAVIDÃO?!

Sempre quero ter uma câmera para registrar as expressões quando faço essa pergunta. Vamos pensar sobre isso. Não são todas essas justificativas anteriores as mesmas que os americanos pré Guerra Civil usaram para justificar a manutenção de escravos africanos?

Opa ! As cabeças começam a girar! Quase pude ver os pensamentos se debatendo nas cabeças da audiência. Mais da metade dessas pessoas eram afro-americanas e não aceitavam nenhuma das minhas tolices de jeito nenhum. Mas não eram apenas os negros. Os brancos do grupo também pareciam desconfortáveis. A expressão em seus rostos não tinha preço. Como assim?! Eu atraí esses dois grupos díspares para um assunto que não ousa pronunciar seu nome.

Havia tanta agitação na sala que eu não conseguia mais dizer se estávamos discutindo ou se havíamos declarado uma dança interpretativa improvisada.

Essa resposta não é incomum, estou acostumado com isso. A escravidão americana é o elefante na sala. No entanto, o diálogo construtivo é a única maneira de curar a injustiça sistêmica. Ignorá-lo serve apenas para perpetuar a opressão. Mas isso é mais profundo do que a escravidão americana. É sobre a mentalidade que permitiu que a escravidão americana criasse raízes. Pelo menos todos na sala podiam concordar com o fato de que os brancos não deveriam mais obrigar os negros a colherem seu algodão. Infelizmente, parece que estamos perfeitamente confortáveis ​​com a reprodução em cativeiro, tortura, trabalho forçado e assassinato dos outros (os animais) agora. Mas por que?

Se eu estivesse tendo essa conversa há 200 anos com um branco, sobre ser dono de negros, enfrentaria o mesmo nível de ceticismo. Na verdade, não ... essa conversa não teria acontecido 200 anos atrás porque eu estaria muito ocupado cantando espirituals negros e descascando milho dentro do papel que me era definido. Mas você entendeu. Por que uma forma de escravidão é aceita enquanto reconhecemos a óbvia violação/crueldade da outra? E por que ficamos tão furiosos e desconfortáveis ​​quando identificamos esses paralelos?

Vamos tirar um momento para desfazer alguns de nossos preconceitos contra os outros. Vejamos algumas das reações viscerais comuns experimentadas por pessoas de cor ao discutir a opressão. Vamos superar nossas percepções atuais e nos colocar no lugar das vítimas, em vez do sistema estabelecido que nos beneficia.

COMO VOCÊ OUSA COMPARAR NEGROS E ANIMAIS? ESSES DOIS GRUPOS NÃO SÃO NADA PARECIDOS!

Permita-me fazer um esclarecimento : humanos são animais. Quer você acredite ou não que fomos concebidos de um ancestral comum com os bonobos, não existimos fora do reino animal. Portanto é importante desconstruir a narrativa que coloca "nós" contra "eles". Além disso, vamos ouvir a parte correta da conversa. Esta não é uma comparação de animais humanos com animais não humanos. Esta é uma comparação de sistemas semelhantes de opressão. Seja falando sobre humanos brancos e marrons ou cavalos e porcos, a escravidão é um abuso de poder. É isso que estamos aqui para examinar.

EU GOSTARIA QUE VOCÊ PARASSE DE DIZER "ESCRAVIDÃO". NÃO É A MESMA COISA.

A linguagem é importante. A própria definição de escravidão é o tratamento de um grupo como propriedade a ser comprada, vendida e forçada a trabalhar por outro grupo. Se os animais não humanos não são escravos, eles são livres? Não há muitos animais que eu conheça na sociedade humana que voluntariamente se engajem neste sistema. As vacas não têm registro de ponto de horário de trabalho. Elas não vão para casa com suas famílias. Elas não conversam no refeitório. E o único pacote de aposentadoria disponível para elas no final de suas vidas dolorosas é uma morte violenta quando sua utilidade para nós se esgota.

É claro que aceitar a realidade preocupante da escravidão é provavelmente o obstáculo mental mais difícil de superar durante essas discussões. Porque se formos forçados a reconhecer que a escravidão é errada e que os não humanos são escravos, temos a obrigação moral de falar sobre a abolição. As repercussões para nossa estrutura econômica e, de fato, nosso modo de vida podem ser devastadoras. Mas eu imagino que também não foi fácil para os americanos pré Guerra Civil.

 EU NÃO SOU UMA PESSOA MÁ. VOCÊ ESTÁ ME CHAMANDO DE DONO DE ESCRAVOS?

Na narrativa histórica da América é fácil pintar proprietários de escravos como vilões e os abolicionistas como heróis. Mas nem todos os proprietários de escravos eram pessoas más. Da mesma forma, nem todos os racistas são pessoas más. O racismo e a escravidão são construções que fazem com que pessoas boas se envolvam em comportamentos realmente ruins. Infelizmente, todos nós nascemos nesta construção que privilegia alguns de nós sobre outros. A chave é desaprender o condicionamento que nos ensina que qualquer forma de opressão está bem.

MAS COMPARAR ANCESTRAIS NEGROS COM PORCOS É UM INSULTO E DEGRADANTE, E BANALIZA A OPRESSÃO PELA QUAL ELES PASSARAM.

Diga comigo agora : uma comparação entre sistemas semelhantes de opressão não é uma comparação entre duas espécies de animais. Mas mesmo se estivéssemos comparando grupos marginalizados de humanos e não humanos, por que achamos isso ofensivo? No fundo a maioria de nós se sente insultado porque acha que somos melhores do que outro grupo com base em distinções físicas. Isso é discriminação. Quando um grupo de humanos faz isso com outro grupo de humanos chamamos isso de racismo. Quando humanos fazem isso com não humanos isso é chamado de especismo.

Qualquer critério que usamos para estabelecer domínio sobre ou para exceto outro grupo é discriminatório. Veja, o padrão usado para medir as diferenças entre “nós e eles” sempre vai começar com “nós” com uma medida superior. E uma casa construída com medidas falsas está destinada a cair. O próprio ato de procurar apontar nossas diferenças em uma sociedade é um sistema fraudulento projetado na sua própria natureza para determinar quem é o melhor. Ao longo da história americana os negros sempre se viram vítimas de uma hierarquia que favorece inerentemente os brancos. Neste sentido, não humanos ao longo de toda a história sofreram o mesmo destino, e ainda o sofrem sem perspectiva de um fim à vista.

BEM, O QUE OS NEGROS SOFRERAM É MUITO PIOR.

Isso tudo é uma questão de perspectiva, não é? Do ponto de vista da vítima pode-se argumentar que o que está acontecendo com não humanos é na verdade muito pior. Durante os séculos 18 e 19, aproximadamente 12,5 milhões de africanos foram embarcados para o Novo Mundo. Quase 10 bilhões de animais terrestres são mortos a cada ano para produzir carne, laticínios e ovos. E isso é apenas nos Estados Unidos. Esse número aumenta para 65 bilhões globalmente (ou 6 milhões a cada hora). Então, estritamente em números, os não humanos vencem os africanos. 

Também poderia ser argumentado que, uma vez que essa exploração (dos animais) existia antes do comércio de escravos na África e ainda existe agora, é uma agressão que mereceria uma consideração muito maior..

Mas onde está o valor de calcular quem sofreu a maior injustiça? Por que deveríamos escolher assumir a narrativa de que um grupo foi mais profundamente prejudicado do que outro? 

Estabelecer uma hierarquia de opressão serve apenas para ajudar o opressor. A melhor narrativa - a narrativa mais forte - é escolher buscar a liberdade para todos. Caso contrário, estamos apenas lutando pelo direito de oprimir outra pessoa. A solidariedade é a chave para estabelecer a igualdade. A divisão apenas perpetua mais tirania.

TUDO ISSO É MUITO BOM, MAS CONSUMIR ANIMAIS É UMA ESCOLHA PESSOAL. VOCÊ ESTÁ FORÇANDO SUAS CRENÇAS SOBRE MIM.

Novamente, isso é uma questão de perspectiva. Devemos dar uma olhada sóbria no tipo de agressão que está sendo perpetrada contra não humanos. Sua exploração é tão completa que é quase invisível. 

Sim, eles são nossa comida. Mas eles também são nossos suéteres de lã, nossos sapatos de couro, nosso xampu, nossas ruas, nossos eletrônicos e até mesmo a decoração de nossa casa. 

Podemos dizer honestamente que é nossa escolha pessoal tirar o arbítrio e a soberania de outra pessoa e, ao mesmo tempo, dizer que a escravidão americana estava errada? 

Se segurar um espelho para expor nossa cumplicidade na desigualdade estrutural em relação aos não humanos é “forçar crenças”, então os abolicionistas “forçaram suas crenças” nos americanos para acabar com a exploração dos negros.

ESTOU COM MEDO

Eu também. É preciso muito trabalho para desaprender uma vida inteira de condicionamentos que privilegiam certos grupos. É igualmente assustador quando negros conversam sobre raça com brancos. Mas mesmo que isso nos deixe desconfortáveis, é necessário.

Quando podemos compreender adequadamente o espaço ocupado tanto por aqueles que se beneficiam de privilégios quanto por aqueles que são oprimidos por ele, construímos uma ponte que pode nos libertar totalmente de tal desigualdade. É por isso que a escravidão é algo que diz respeito a todos nós. 

Independentemente de nossa origem racial, todos somos cúmplices desse sistema de perseguição contra animais não humanos. E até que estejamos verdadeiramente conscientes do impacto de prejudicar os mais vulneráveis ​​entre nós (os animais), não seremos capazes de desconstruir a ação de causar danos uns aos outros (os humanos).

Então, como terminou
essa provocação, com todas as pessoas nervosas e desesperadas para se distanciarem de sua participação na escravidão? Como sempre. Ficamos com raiva. Ficamos tristes. Procuramos outros culpados. E então algo incrível aconteceu: assumimos a responsabilidade. Todas essas pessoas partiram, optando instantaneamente por abandonar seu especismo? Não. Mas cada um deles agora está mais consciente. E a conscientização é onde tudo começa.

O racismo também não foi totalmente erradicado. Felizmente muito menos pessoas fazem essa escolha. Portanto, temos este tipo de conversa. E não desistimos.

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 CHRISTOPHER SEBASTIAN
Autor | Pesquisador | Conferencista

Sebastian é o diretor de mídia social da Peace Advocacy Network, faz parte do Conselho Consultivo da Encompass, é membro sênior da Sentient Media, é cofundador da VGN e leciona na Columbia University no Departamento de Serviço Social para o curso de pós-graduação POP: Poder, Opressão e Privilégio. Usando uma abordagem multidisciplinar que inclui teoria da mídia, ciência política e psicologia social, ele se concentra em como as relações humanas com outros animais moldam nossas atitudes sobre raça, sexualidade e classe. 

LINK PARA A MATÉRIA ORIGINAL

https://veganpublishers.com/slavery-its-still-a-thing-christopher-sebastian-mcjetters/

 SITE DO CHRISTOPHER SEBASTIAN :

https://www.christophersebastian.info/