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Thursday, May 08, 2014

Livro - Longe da Árvore (Andrew Salomon)

“Longe da Arvore” é o segundo livro do Andrew Salomon que leio. O primeiro foi “O demônio do meio-dia”, uma viagem sem concessões aos subterrâneos da depressão. Uma obra fundamental sobre o tema.

Já “Longe da Árvore – Pais, Filhos e a Busca da Identidade” (um calhamaço de mais de 800 páginas) trata dos dramas dos pais supreendidos com “filhos disfuncionais”, tipo rebentos surdos, anões, com sindrome de down, autistas, esquizofrenicos prodígios, crianças geradas em estrupo, filhos criminosos e transgêneros. Salomon (gay, depressivo e disléxico), apresenta as dificuldades de sua própia história pessoal e familiar como motivadora para se aprofundar neste espinhoso tema.

Dentro do “correto”, do “certo”, os pais, naturalemnte narcisistas, esperam que os filhos sejam / representem uma continuidade saudável da sua linhagem. Alguem perfeito, sem defeito de fabricação, que, através de uma “vida normal” e com genes perfeitos, gere novos frutos, nova descendência, e , desta forma, garanta a preservação da família. Esta seria a “Identidade Vertical” (a “natural”), que envolve a cultura, as tradições, a nação, a língua, a tribo, o meio.

Mas e quando esta tal esperada “criança perfeita” apresenta “defeitos” ? Algo para o qual os pais não estavam preparados ? Algo que destrói as expectativas ? Que lança os pais num mundo desconhecido onde a anomalia é a realidade ? Onde o comportamentos, formações ou necessidades “bizarras” revelam uma “monstruosidade” ? Algo que arrebenta a “Identidade Vertical” que desconcerta o programado ? Arruína as expectativas e introduz um “corpo estranho” no cotidiano ?

Surge então a idéia de “Identidade Horizontal”, aquela que será moldada pelas características biológicas e / ou comportamentais dos filhos, e para as quais os pais vêem-se sem o poder de “cura”.

Diante do irrefutável o que fazer ? Que caminho seguir ? Aceitar, negar, rejeitar, assumir ?

O livro é recheado de histórias de famílias / casais / indivíduos supreendidos com “crianças assimétricas” e de como lidaram com isto (desde a rejeição até a completa aceitação).

Sabiamente Salomon não julga as decisões dos envolvidos e atua como um acompanhante e testemunha das inúmeras histórias (algumas durante vários anos)..

No fim o super livro revela-se um elogio à diversidade. Um majestoso respeito às diferenças, ao “irregular”. E, desta forma, um monumento essencial à vida.

Fantástico.

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Excelente entrevista de Salomon para o Milênio  (Jorge Pontual)

 Clique na imagem abaixo

http://globotv.globo.com/globo-news/milenio/v/escritor-andrew-solomon-explica-como-lidar-com-as-diferencas-numa-familia/2949086/


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Fotos 
Andrew Salomon


Salomon com seu companheiro e seu filho.

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