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Tuesday, May 29, 2018

Musical - A Pequena Sereia


- “Pai, o que é boy magia?”

A pergunta feita por um menino de uns 6 anos ao seu pai, no banheiro masculino do Teatro Santander em São Paulo, no intervalo do musical A Pequena Sereia, me deixou paralisado.

Quando na minha inocente vida eu imaginaria ouvir algo assim de uma criança ? ... e de modo tão espontâneo e inocente?

“Boy Magia”, para quem não sabe, é uma gíria que nasceu no mundo gay e que foi rapidamente absorvida e popularizada através de alguns grupos das redes sociais.

Sendo assim, até então eu estava convicto que esta expressão era de uso exclusivo deste povo “alternativo e ligado” .

Mas, para minha absoluta surpresa, não é que “boy magia”, junto com outras gírias gays tipo “o bofe é bafo”, “gongar”, “uó” e “visu”, surgiram na boca da vilã Úrsula no musical “A Pequena Sereia” ? .... da Disney !!

Pois então.

“O bofe é bafo”, “gongar”, “uó” e “visu” (juntamente com a já clássica “bela, recatada e do lar”) aparecem no número “Escravos da Dor”, quando a vilã “vende” o trabalho de macumba à Ariel (ela terá pernas mas perderá a voz).

O trecho é hilário e é uma das melhores coisas do espetáculo (link abaixo).

Link para o vídeo "Escravos da Dor"
Mas, mesmo com toda a jogada cênica da tia má, Ariel não se convence logo de cara e titubeia.

Daí Úrsula chega bem nas fuças da fedelha e define :  “ - Assina !!! Tu não quer ficar com o boy magia?!!!”.

É claro que Ariel assina e “esmudece” imediatamente

.... e o ato termina....

E o pai responde o quê no banheiro do Teatro?

Muito circunspecto me sai com esta :“ - Eu acho que é um rapaz bonitão...”

Muito bem! ... Pai ligado é isto!

( Mas o que será que ele responderia se o garoto perguntasse “- Pai, o que é bofe bafo?” .... Mêêdo)

Que dificuldade ser pai na modernidade !

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A Pequena Sereia não é um musical todo bom.

Muito pelo contrário.

Tem diversas passagens tediosas e a história não ajuda.

Ariel talvez seja uma das princesas mais chatas “ever”.

Que garota mais revoltada e impertinente, além de alienada e burra.

Como é que uma “peixa” pode se apaixonar por um humano?.... que mata e come peixes?!

A coisa é tão imbecil que no banquete oferecido a ela no palácio, são servidos diversos dos seus amiguinhos para serem degustados, mas a estúpida só fica com nojinho....

Como assim? ...

.... seus amigos mortos e prontos para serem devorados e a doida não me sobe nas tamancas e condena todo o holocausto gastronômico ?!

Bizarro.

Isto sem falar na cena quando o “Lagosto” Sebastião é perseguido pelo cozinheiro, de facão em punho, que quer levá-lo para a panela.

Este seria um trecho de horror ou de humor?

Mas, para não dizer que nada se salva no musical, os efeitos especiais são de cair os butiá.

Os atores voando pelo palco como se estivessem no fundo do mar,em alguns momentos chaves, são fantásticos.

Tu fica tipo “Uau!”.

E também algumas músicas, como “No nosso mar” (Under the Sea), são ótimas.

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O elenco não poderia ser melhor.

Fabi Bang (Ariel) é linda e canta “pra cacilda”. Já a tínhamos visto em Wicked e aqui ela também detona.

Rodrigo Negrini tá muito bem como Príncipe Eric.

Conrado Helt é uma aparição como Rei Tritão (aliás, Helt seria o típico bofe bafo).

Elton Towersey é a gaivota Sabidão e Lucas Cândido é o peixe Linguado, os amigos de Ariel.

E, para nossa decepção, na sessão que assistimos não foi Tiago Abravanel quem fez o Sebastião (por causa do seu compromisso com o Show dos Famosos no Programa do Faustão). Quem fez o Sebastião foi o Willian Sancar que já tínhamos visto no Cinderella. Felizmente Willian é legal, canta bem e tem uma boa veia cômica.

Mas quem rouba a cena é a Andrezza Massei como a vilã Úrsula.

Andrezza recebeu o prêmio Bibi Ferreira de Atriz Coadjuvante pelo sua performance brilhante como Madame Thenardier no Les Miserables, e comprova aqui seu talento descomunal. Que atriz magnífica.

De resto, A Pequena Sereia tem todos os predicados que fazem os grandes espetáculos : música, dança, luz, figurinos, efeitos, cabelos, adereços, maquiagem, tudo impecável.

Tudo certinho, redondinho.

Pena que toda esta excelência não tenha resultado em algo inesquecível.

Valeu, mas nada excepcional




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