Mulher recalcada é perigosa.
Mulher arrependida é falsa.
Mulher acuada inventa.
Assim é Dona Guigui (Lavínia Pannunzio), uma mulher multiplicada que
toma a voz e conta três versões diferentes da mesma história conforme
seu humor.
O cenário é a periferia do Rio dos nos 50 onde um bicheiro famoso e sanguinário chamado Boca de Ouro (Malvino Salvador) - por ter trocado sua arcada dentária perfeita por uma dentadura de ouro-, está morto.
O Jornal O Sol, perfeito exemplo da imprensa marrom, manda o repórter Caveirinha (Chico Carvalho) entrevistar Dona Guigui, uma ex-amante do Boca, para ver se é possível descobrir alguma história escabrosa envolvendo o falecido.
Dona Guigui é casada com Agenor (Leonardo Ventura) uma espécie de corno manso que a aceitou de volta depois que ela foi dispensada por Boca.
Ela, sem saber que Boca está morto e com ódio por ter sido “devolvida”, alegra-se ao denunciar ao repórter um crime cometido por Boca por um motivo fútil : ele matou Leleco (Claudio Fontana), marido de Celeste (Mel Lisboa) - outra provável (ou não) amante de Boca-, por este ter feito chacota do seu nascimento – Boca teria nascido na pia de uma gafieira.
Porém, ao ser informada por Caveirinha que Boca está morto, Dona Guigui se arrepende e reconta o crime. Desta vez dizendo que foi Celeste quem matou Leleco, ao mesmo tempo que humilha Agenor chamando-o de banana.
Agenor, sentindo-se um cocô e vendo o grau de intimidade de Guigui com o Boca, bate boca com a “viúva” e decide cair fora.
Caveirinha se sente responsável por todo o bafão e faz de tudo para o casar se reconciliar, o que acontece.
Acuada, a esposa apresenta (ou inventa) novos fatos, desta vez elogiando Agenor e acusando Boca de, além de ser parceiro de Celeste na morte de Agenor, ser também o assassino da própria Celeste. Isto não sem antes trazer ao rolo uma quarta pessoa : Maria Luisa, uma grã-fina que mantem com o Boca um tipo de “relação espiritual”.
Guigui sai de cena e no final revela-se, através da imprensa, que Maria Luísa é a assassina de Boca.
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“Boca e Ouro” não é das melhores peças do Nelson Rodrigues.
A trama não “avança” e os personagens não são bem desenvolvidos, talvez porque surjam diferentes conforme a versão da história muda.
De qualquer forma, o conjunto vale a pena, principalmente pelas personagens femininas Dona Guigui e Celeste.
O elenco está bom, mas o destaque vai para Mel Lisboa (numa interpretação over) e Chico Carvalho que, além de fazer o Caveirinha, faz uma Maria Luísa absurda e hilária.
Lavínia Pannunzio, Claudio Fontana e Leonardo Ventura mostram talento, e Malvino Salvador faz um Boca de Ouro debochado, energético e disperso.
Vale.
O cenário é a periferia do Rio dos nos 50 onde um bicheiro famoso e sanguinário chamado Boca de Ouro (Malvino Salvador) - por ter trocado sua arcada dentária perfeita por uma dentadura de ouro-, está morto.
O Jornal O Sol, perfeito exemplo da imprensa marrom, manda o repórter Caveirinha (Chico Carvalho) entrevistar Dona Guigui, uma ex-amante do Boca, para ver se é possível descobrir alguma história escabrosa envolvendo o falecido.
Dona Guigui é casada com Agenor (Leonardo Ventura) uma espécie de corno manso que a aceitou de volta depois que ela foi dispensada por Boca.
Ela, sem saber que Boca está morto e com ódio por ter sido “devolvida”, alegra-se ao denunciar ao repórter um crime cometido por Boca por um motivo fútil : ele matou Leleco (Claudio Fontana), marido de Celeste (Mel Lisboa) - outra provável (ou não) amante de Boca-, por este ter feito chacota do seu nascimento – Boca teria nascido na pia de uma gafieira.
Porém, ao ser informada por Caveirinha que Boca está morto, Dona Guigui se arrepende e reconta o crime. Desta vez dizendo que foi Celeste quem matou Leleco, ao mesmo tempo que humilha Agenor chamando-o de banana.
Agenor, sentindo-se um cocô e vendo o grau de intimidade de Guigui com o Boca, bate boca com a “viúva” e decide cair fora.
Caveirinha se sente responsável por todo o bafão e faz de tudo para o casar se reconciliar, o que acontece.
Acuada, a esposa apresenta (ou inventa) novos fatos, desta vez elogiando Agenor e acusando Boca de, além de ser parceiro de Celeste na morte de Agenor, ser também o assassino da própria Celeste. Isto não sem antes trazer ao rolo uma quarta pessoa : Maria Luisa, uma grã-fina que mantem com o Boca um tipo de “relação espiritual”.
Guigui sai de cena e no final revela-se, através da imprensa, que Maria Luísa é a assassina de Boca.
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“Boca e Ouro” não é das melhores peças do Nelson Rodrigues.
A trama não “avança” e os personagens não são bem desenvolvidos, talvez porque surjam diferentes conforme a versão da história muda.
De qualquer forma, o conjunto vale a pena, principalmente pelas personagens femininas Dona Guigui e Celeste.
O elenco está bom, mas o destaque vai para Mel Lisboa (numa interpretação over) e Chico Carvalho que, além de fazer o Caveirinha, faz uma Maria Luísa absurda e hilária.
Lavínia Pannunzio, Claudio Fontana e Leonardo Ventura mostram talento, e Malvino Salvador faz um Boca de Ouro debochado, energético e disperso.
Vale.
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