Qual a chance de um filme cujos personagens são doentes mentais, pobres, azarados, feios, burros e sem tetos dar certo?
Personagens medonhos sem um pingo de glamour e muito distantes de qualquer estética mais, digamos, “limpa”?
Muito pouco pelo que presenciamos ontem no Cine Barra, pois, enquanto “Bom Comportamento” rolava na tela, várias pessoas saíram do cinema enquanto outras roncavam.Chego a acreditar que, dos pagantes iniciais, 50 % ficaram até o final.
Isto mostra que o público médio não tolera muito histórias de
“loosers”, aquelas criaturas que sobrevivem à margem da sociedade e que
batalham, sem sucesso, para botar o nariz para fora da lama cotidiana.
E neste quesito o filme não facilita mesmo.
Bem ao estilo das sagas de fracasso dos irmãos Coen, em “Bom Comportamento” acompanhamos as peripécias de Connie (Robert Pattinson, o vampiro Edward da saga Crepúsculo), que não exita em lutar, dentro do seu universo miserável, para resgatar e proteger seu irmão Nick (Benny Safdie, um dos diretores do filme), um rapaz com sérios problemas mentais que está preso.
Na sua cruzada absolutamente caótica Connie, como um “cavaleiro da triste figura”, cruza com uma galeria de personagens perturbados cujas ações e motivações sempre escapam do racional, do “certinho”, o que aumenta mais o estranhamento diante do que se vê na tela.
A coisa é muito bizarra com todos agindo de forma absurda diante de situações mais absurdas ainda. Não tem como não ficar incomodado com a tragicômica ciranda de erros que mistura tudo e todos. Para cada tentativa de acerto, um desastre acontece ali adiante e ninguém escapa das suas tragédias.
“Bom comportamento” vai na linha dos filmes “sensoriais”, aqueles onde cenografia, som, trilha sonora, enquadramento, movimentos de câmera, montagem, personagens, situações, tudo é usado para incomodar o espectador. O tipo de obra que quebra as regras de uma história bem contada, que quebra o convencional e acaba jogando o povo numa cilada.
Todos os atores estão ótimos. Benny Safdie faz um Nick tão impressionante que dá para pensar que o ator realmente é um verdadeiro doente mental. Jennifer Jason Leigh aparece poucos minutos na tela, tempo suficiente para criar uma personagem super frágil, praticamente demolida emocionalmente. Taliah Webster faz uma menor aparentemente imbecilizada e desconectada mas que na realidade quer é ser alvo de algum afeto (mesmo torto). Robert Pattinson está ótimo como o protagonista Connie e dificilmente não concorrerá ao Oscar por esta atuação.
E para coroar este perfeito hino à tristeza, no final a música do Oneohtrix Point Never, “The pure and the damned” (O puro e o amaldiçoado), na voz poderosa do Iggy Pop diz :
“Um dia, eu juro, nós iremos para um lugar onde poderemos fazer tudo o que quisermos
E poderemos acariciar crocodilos
O Puro sempre age por amor
O Amaldiçoado sempre age por amor
A verdade é um ato de amor
Isto é o amor”
E neste quesito o filme não facilita mesmo.
Bem ao estilo das sagas de fracasso dos irmãos Coen, em “Bom Comportamento” acompanhamos as peripécias de Connie (Robert Pattinson, o vampiro Edward da saga Crepúsculo), que não exita em lutar, dentro do seu universo miserável, para resgatar e proteger seu irmão Nick (Benny Safdie, um dos diretores do filme), um rapaz com sérios problemas mentais que está preso.
Na sua cruzada absolutamente caótica Connie, como um “cavaleiro da triste figura”, cruza com uma galeria de personagens perturbados cujas ações e motivações sempre escapam do racional, do “certinho”, o que aumenta mais o estranhamento diante do que se vê na tela.
A coisa é muito bizarra com todos agindo de forma absurda diante de situações mais absurdas ainda. Não tem como não ficar incomodado com a tragicômica ciranda de erros que mistura tudo e todos. Para cada tentativa de acerto, um desastre acontece ali adiante e ninguém escapa das suas tragédias.
“Bom comportamento” vai na linha dos filmes “sensoriais”, aqueles onde cenografia, som, trilha sonora, enquadramento, movimentos de câmera, montagem, personagens, situações, tudo é usado para incomodar o espectador. O tipo de obra que quebra as regras de uma história bem contada, que quebra o convencional e acaba jogando o povo numa cilada.
Todos os atores estão ótimos. Benny Safdie faz um Nick tão impressionante que dá para pensar que o ator realmente é um verdadeiro doente mental. Jennifer Jason Leigh aparece poucos minutos na tela, tempo suficiente para criar uma personagem super frágil, praticamente demolida emocionalmente. Taliah Webster faz uma menor aparentemente imbecilizada e desconectada mas que na realidade quer é ser alvo de algum afeto (mesmo torto). Robert Pattinson está ótimo como o protagonista Connie e dificilmente não concorrerá ao Oscar por esta atuação.
E para coroar este perfeito hino à tristeza, no final a música do Oneohtrix Point Never, “The pure and the damned” (O puro e o amaldiçoado), na voz poderosa do Iggy Pop diz :
“Um dia, eu juro, nós iremos para um lugar onde poderemos fazer tudo o que quisermos
E poderemos acariciar crocodilos
O Puro sempre age por amor
O Amaldiçoado sempre age por amor
A verdade é um ato de amor
Isto é o amor”
No comments:
Post a Comment