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Wednesday, October 11, 2017

Filme - Aquarius



O que dizer de “Aquarius”, um filme cujo diretor (Kleber Mendonça) comparou a saga da personagem principal (Clara) com Dilma Rousseff?

Disse ele em entrevista à Folha de São Paulo : “São duas mulheres que estão sendo despejadas e precisam lidar com homens corruptos para tentar manter a casa onde vivem”.

Vendo o filme me perguntei se ele estava elogiando ou espinafrando a Dilma.

Sim, pois o que dizer de uma personagem suuupeeer burguesa e montada na grana (vive de aposentadoria e rendas. Ela tem 5 imóveis (!!) além daquele no qual mora e que é o pivô do drama), que é "intelectual" ( é escritora de um livro super cult sobre Villa Lobos), que fuma um ou outro baseado eventualmente (certa ela), que não passa um pano na mesa (não faz absolutamente nada em casa e tem uma daquelas empregadas faz tudo, a qual ela trata “como se fosse gente”), que é "amiga" dos desvalidos (tipo ela é simpática com o salva vidas da praia e eventualmente mostra que é gente do povo ao frequentar churrascos na laje na parte pobre da cidade)?

Resumindo, uma mulher com grana, metida a intelectual e com um pé no populacho.

Nada mais óbvio para ilustrar um esquerdista de boutique.

Enfim...

Mas o drama é que ela não quer sair do apartamento que guarda as lembranças da sua vida.

Todos os demais apartamentos do prédio já foram vendidos para uma empresa de engenharia (que obviamente quer construir ali algum super empreendimento), mas ela resiste, finca pé e diz que dali não sai.

Os antagonistas – o povo da construtora – são o estereótipo dos corruptos. Gente que comete atos terroristas cada vez mais baixos para forçar Clara a voar do ninho.

Nada mais óbvio do que capitalistas malvados.
 
Tudo muito esquemático, didático, óbvio.

Na sua saga, Clara acaba descobrindo (de modo quase aleatório) algumas sujeiras da construtora, as quais ela usa para sua grande virada no jogo, numa daquelas cenas mais clichês de filme americano “de resistência”; sabe? Bem daquele tipo onde o "perseguido" joga na cara do vilão evidências de que ele tem o rabo preso e que agora quem manda na porra toda é o looser.

Aff … que sono…

Mas o filme tem o imenso mérito de trazer uma Sonia Braga absolutamente iluminada.

Diva, sua interpretação, que vai do minimalismo à explosões emocionais, é fantástica. A câmera praticamente não sai dela, o que faz a alegria dos seus fãs (eu).

Tirando isto o filme é boring mesmo. Os personagens são caricaturas e a história é rasteira (com um ou outro momento mais “humano”).

Porém, no fim das contas, “Aquarius” vale mesmo para se deliciar com uma Sonia Braga em momento “lacrante”, e para curtir uma ou outra cena de sexo explícito.

Afinal tudo é “arte”.

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