Alguns haters da
Pabllo Vittar têm postado ultimamente mensagens dizendo que os
artistas gays bons eram, por exemplo, Elton John, Freddie Mercury,
Ney Matogrosso, Cazuza, Renato Russo e outros.
Que toda esta
ladainha em cima da Pabllo é desnecessária, pois o mundo LGBT já
estava muito melhor representado por tais ícones.
Bem, quem pensa
assim tá completamente equivocado.
Primeiro, todos os
artistas citados “performaram”, se não dentro, pelo menos nos
limites da figuração hétero.
Destes, somente Ney
Matogrosso foi quem criou uma “persona” diferenciada. Porém a
estampa do Ney era pura androginia – algo fortemente vinculado à
natureza, ou algo cibernético, sei lá -, algo indefinido, que
permitia as mais diversas interpretações, inclusive ser visto como
um palhaço pelas crianças. Assim, nenhum destes artistas nunca
representou um “mal” para a família tradicional brasileira.
Pabllo não. Pablo é
a primeira travesti (ou drag) que chega ao mainstream brasileiro.
E travesti, todos
sabem, faz parte de uma minoria marginalizada, perseguida e
definitivamente não aceita socialmente.
Pabllo é pioneira.Nunca antes, na
história da música brasileira, isto tinha acontecido.
Também, dentro do
grupo dos tais artistas “gays normais”, nenhum -absolutamente
nenhum– iniciou sua carreira já sendo um defensor ferrenho da
causa LGBT. Nenhum começou sua trajetória já dando a cara a tapa e
promovendo o empoderamento das minorias como a Pablo fez.
Alguns deles, com o passar dos anos, promoveram sim discursos e até trabalhos gay friendly (vide o cd “The Stonewall Celebration Concert”, do Renato), mas nenhum se colocou lado a lado com a causa logo de início.
Pablo é totalmente o oposto e já saiu levando porrada direto (inclusive dos gays).
Alguns deles, com o passar dos anos, promoveram sim discursos e até trabalhos gay friendly (vide o cd “The Stonewall Celebration Concert”, do Renato), mas nenhum se colocou lado a lado com a causa logo de início.
Pablo é totalmente o oposto e já saiu levando porrada direto (inclusive dos gays).
E quanto à musica ?
Os haters dizem que
a música da Pabllo é “menor” se comparada aos outros mestres.
Que a música dela “não tem profundiade”, “não tem poesia”,
é “menor”, é “porcaria”, e isto e aquilo. PQP ! Mais uma
vez, quem fala este tipo de coisa só revela desconhecimento, pois
não tem a mínima coerência comparar a Pabblo com Cazuza, por exemplo.
Pabllo vem na linha
da “drag music”, um estilo cujo primeiro registro no Brasil data
de 1995, quando a travesti carioca Andreia Gasparetty lançou o cd
“Escândalo” que trazia a pérola Desaqüenda la Mona.
Sim, 1995! Lá já
se ouvia -somente dentro da comunidade gay é claro- este tipo de música
“superficial” e “descerebrada” feita “apenas” para
divertir, estilo que os tais conhecedores do que é "bom e de valor” tanto detestam. Isto é puro preconceito.
E, por fim, os
haters adoram dizer que ela “canta mal”.
Bem, só tenho a
dizer que, quem quer se divertir pouco tá se lixando se quem tá
cantando é a Callas ou a Florence Foster Jenkins.
O povo quer mais é
se jogar e ser feliz, livre e sem preconceito.
E como isto
incomoda…
PS.: É óbvio que este texto em momento algum tem a intenção de desmerecer o trabalho de todos os ícones gays citados (os brasileiros foram estudados dentro do trabalho sobre MPB GAY disponibilizado nos links abaixo).
Todos são extraordinários e tiveram suas carreiras influenciadas de acordo com o período histórico no qual surgiram e/ou aconteceram, o que explica seus posicionamentos extra-música.
O que incomoda é esta necessidade dos haters em rebaixar de todas as formas o trabalho da Pabllo, inclusive criando comparações esdrúxulas e desnecessárias.
PS.: É óbvio que este texto em momento algum tem a intenção de desmerecer o trabalho de todos os ícones gays citados (os brasileiros foram estudados dentro do trabalho sobre MPB GAY disponibilizado nos links abaixo).
Todos são extraordinários e tiveram suas carreiras influenciadas de acordo com o período histórico no qual surgiram e/ou aconteceram, o que explica seus posicionamentos extra-música.
O que incomoda é esta necessidade dos haters em rebaixar de todas as formas o trabalho da Pabllo, inclusive criando comparações esdrúxulas e desnecessárias.
Para quem quiser
saber mais sobre a música Gay no Brasil, disponibilizo os links
(cinco partes) de um trabalho que desenvolvi para um curso de
Especialização em Literatura Brasileira (UFRGS)
Quarta parte Quinta parte
4 comments:
Antes de tudo, um brasileiro que tem repercussão mundial, mesmo com sua música "menor". Extremamente importante na luta contra o preconceito, Pablo Vittar está instigando discussões e fazendo muita gente pensar.
Incrível... o maior preconceito e não aceitação vem do próprio meio; que assim como o restante de "mundo" se divide por egoísmo em pensar somente em seu próprio"cu" em vez de pensar no bem em comum de todos... Parabéns pela iniciativa iciativa...
Simplesmente lúcido, como de hábito. Delicia ler teu comentário.
Obrigado por comentarem
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