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Thursday, September 21, 2017

Mundo Gay - Pabblo Vittar - Haters gonna Hate


Alguns haters da Pabllo Vittar têm postado ultimamente mensagens dizendo que os artistas gays bons eram, por exemplo, Elton John, Freddie Mercury, Ney Matogrosso, Cazuza, Renato Russo e outros.

Que toda esta ladainha em cima da Pabllo é desnecessária, pois o mundo LGBT já estava muito melhor representado por tais ícones.

Bem, quem pensa assim tá completamente equivocado.

Primeiro, todos os artistas citados “performaram”, se não dentro, pelo menos nos limites da figuração hétero.

Destes, somente Ney Matogrosso foi quem criou uma “persona” diferenciada. Porém a estampa do Ney era pura androginia – algo fortemente vinculado à natureza, ou algo cibernético, sei lá -, algo indefinido, que permitia as mais diversas interpretações, inclusive ser visto como um palhaço pelas crianças. Assim, nenhum destes artistas nunca representou um “mal” para a família tradicional brasileira.

Pabllo não. Pablo é a primeira travesti (ou drag) que chega ao mainstream brasileiro.

E travesti, todos sabem, faz parte de uma minoria marginalizada, perseguida e definitivamente não aceita socialmente.

Pabllo é pioneira.Nunca antes, na história da música brasileira, isto tinha acontecido.

Também, dentro do grupo dos tais artistas “gays normais”, nenhum -absolutamente nenhum– iniciou sua carreira já sendo um defensor ferrenho da causa LGBT. Nenhum começou sua trajetória já dando a cara a tapa e promovendo o empoderamento das minorias como a Pablo fez.

Alguns deles, com o passar dos anos, promoveram sim discursos e até trabalhos gay friendly (vide o cd “The Stonewall Celebration Concert”, do Renato), mas nenhum se colocou lado a lado com a causa logo de início.
Pablo é totalmente o oposto e já saiu levando porrada direto (inclusive dos gays).

E quanto à musica ?

Os haters dizem que a música da Pabllo é “menor” se comparada aos outros mestres. Que a música dela “não tem profundiade”, “não tem poesia”, é “menor”, é “porcaria”, e isto e aquilo. PQP ! Mais uma vez, quem fala este tipo de coisa só revela desconhecimento, pois não tem a mínima coerência comparar a Pabblo com Cazuza, por exemplo.

Pabllo vem na linha da “drag music”, um estilo cujo primeiro registro no Brasil data de 1995, quando a travesti carioca Andreia Gasparetty lançou o cd “Escândalo” que trazia a pérola Desaqüenda la Mona.

Sim, 1995! Lá já se ouvia -somente dentro da comunidade gay é claro- este tipo de música “superficial” e “descerebrada” feita “apenas” para divertir, estilo que os tais conhecedores do que é "bom e de valor” tanto detestam. Isto é puro preconceito.

E, por fim, os haters adoram dizer que ela “canta mal”.

Bem, só tenho a dizer que, quem quer se divertir pouco tá se lixando se quem tá cantando é a Callas ou a Florence Foster Jenkins.

O povo quer mais é se jogar e ser feliz, livre e sem preconceito.

E como isto incomoda…

PS.: É óbvio que este texto em momento algum tem a intenção de desmerecer o trabalho de todos os ícones gays citados (os brasileiros foram estudados dentro do trabalho sobre MPB GAY disponibilizado nos links abaixo).

Todos são extraordinários e tiveram suas carreiras influenciadas de acordo com o período histórico no qual surgiram e/ou aconteceram, o que explica seus posicionamentos extra-música.

O que incomoda é esta necessidade dos haters em rebaixar de todas as formas o trabalho da Pabllo, inclusive criando comparações esdrúxulas e desnecessárias. 


Para quem quiser saber mais sobre a música Gay no Brasil, disponibilizo os links (cinco partes) de um trabalho que desenvolvi para um curso de Especialização em Literatura Brasileira (UFRGS)
Quarta parte  
Quinta parte

4 comments:

Niara Palma said...

Antes de tudo, um brasileiro que tem repercussão mundial, mesmo com sua música "menor". Extremamente importante na luta contra o preconceito, Pablo Vittar está instigando discussões e fazendo muita gente pensar.

Unknown said...

Incrível... o maior preconceito e não aceitação vem do próprio meio; que assim como o restante de "mundo" se divide por egoísmo em pensar somente em seu próprio"cu" em vez de pensar no bem em comum de todos... Parabéns pela iniciativa iciativa...

Unknown said...

Simplesmente lúcido, como de hábito. Delicia ler teu comentário.

Iuri said...

Obrigado por comentarem