Ser
queer é ser um
perdedor.
Ser
queer é ser um
estranho em desvantagem perpétua frente a
um mundo “normal”, binário e encaixotado.
Ser
queer é buscar
conforto e
validação para si próprio
ao observar,
admirar e “empatizar” com histórias de triunfo pessoal de
personalidades poderosas
e conhecidas,
pois, tais histórias lembram sempre que,
apesar de tudo, a vida pode ser melhor.
Ser
queer é manter
essas histórias em grande consideração, idolatrando-as
e certificando-se de que jamais
serão esquecidas.
Ser
“queer” é
celebrar o
perdedor que se tornou um vencedor, mas que
nunca perdeu contato com suas origens.
Historicamente, os genuínos
ícones LGBT enfrentaram alguma
espécie de sofrimento
público, porém
mostraram extraordinária resiliência
debaixo do
olhar alheio.
Judy
Garland, que uma vez foi considerada um "patinho feio",
lutou para tornar-se uma lenda
evidenciando suas inseguranças,
e se
tornou um
farol de esperanças
para as adversidades
do povo queer.
Grace
Jones, também, em toda a sua furiosa
bravata punk, persiste, pois
o modo como expressa seu inquebrável senso
de si mesma , “normaliza”
o estranho.
Ícones
queer, então, são revolucionários, vigorosos
e magnéticos.
Elliott H. Powell, professor assistente da
Universidade de Minnesota, diz claramente : ícones queer são
"aqueles que, consistentemente e publicamente, desbravam
fronteiras e lutam
contra preconceitos
raciais, sexuais e
de gênero".
A
recusa do status quo faz dos Ícones
“queer”
"professores e guias da
inconformidade.
Eles
nos ajudam a enfrentar
as opressões do presente, e nos ajudam a sonhar
com outro mundo de possibilidades ".
Noah
Michelson, o diretor editorial da HuffPost's Voices e o editor
executivo das Queer Voices da HuffPost, diz que a
resposta é subjetiva.
Claro,
existem os óbvios ícones queer, como Madonna, Cher, RuPaul, Ellen,
e até mesmo
Oscar Wilde, pessoas
cujas carreiras e vidas
públicas devem
muito à comunidade queer,
seja por meio de identificação e
/ ou vivendo suas
verdades com
orgulho.
Eles
são pioneiros e têm algo a dizer.
"É
difícil, hoje em dia, ser um ícone queer",
diz Michelson, porque no momento em que você atribui esse título a
alguém, fica mais
fácil listar todas as razões pelas quais eles
podem não ser
dignos disso.
Eles
são defensores
da causa LGBT?
Eles devem ser
defensores ou
somente o exemplo de suas vidas
é o suficiente?
"A função a que
servem é uma espécie de encarnação dos valores do momento, quer
isto se trate de
dizer “verdades
para o poder”, quer se trate ser bem
sucedido, ou então
que isto signifique
apenas ser muito bonito", diz,
Riese, a
fundadora,
editora-chefe e
CEO da Autostraddle.
"Historicamente",
ela acrescenta, "as mulheres (ídolos)
queer têm sido relacionadas à mulheres
que comandam a porra toda;
são aquelas que estão cagando para o que
os homens pensam sobre elas, aquelas que são donas do próprio
nariz”.
Também,
uma ou outra não
precisa necessariamente se identificar como queer para ser
transformada em
ícone.
Michelle
Obama e Hillary Clinton surgem numa escala
especial de ícones queer
por sua perseverança e humildade.
Britney
Spears, que se identifica como uma mulher heterossexual cisgênero,
é um pilar de força e tenacidade,
constantemente lançando musicas que bombam
em clubes, bares, casas e outros espaços
LGBT.
Agora, com a revolução do gênero em pleno
andamento, Powell considera Laverne Cox como um excelente exemplo de
um ícone queer moderno.
"Eu
adoro muitas coisas sobre Laverne Cox, mas o
que acho especial é como ela usa sua fama
para abordar questões políticas urgentes", explica ele.
"Quer
seja produtora
executiva do
documentário CeCe McDonald, que aborda o
policiamento e o encarceramento em massa de mulheres trans negras,
ou usando os Grammys para dar a conhecer a
história de Gavin Grimm, Laverne Cox
mostra como usar
seu acesso à midia para
falar sobre realidades concretas
diárias.
"Cox
também”, acrescenta ele”,
“mantém a luz brilhando sobre figuras históricas cujas jornadas
a ajudaram a chegar onde ela está hoje, pessoas como" Marsha P.
Johnson, Sylvia Rivera, Miss Major, Lady Chablis, Diahann Carroll,
Janet Jackson, Rihanna , e, claro, Beyoncé. "
Este é um ponto importante em ser um ícone queer
: não apagar o passado, mas sim honrá-lo,
comemorá-lo e trabalhar para manter vivos os nomes dos
“ancestrais” queer.
Powell
cita o "Snatch Game" no RuPaul's Drag Race, um segmento do
show onde as rainhas drag devem se vestir e
representar personalidades icônicas, como
sendo uma ótima lição sobre
a história queer , “ [destacando] ícones
queer que muitas
vezes são ignorados num mundo
cheio de
falta de conhecimento e/ ou esquecimento”.
Icones
queer realmente são fontes de conforto e inspiração.
Historicamente,
os homens queer celebram as personalidades
femininas fortes,
pois, como diz Michelson, "a sexualidade masculina queer tem
sido ligada à sexualidade feminina, pois ambas são fortemente
demonizadas e vigiadas.”.
Ícones
queer são aqueles que triunfaram quando quase tudo funcionava contra
eles.
Eles
podem ser qualquer um ou, bem, qualquer coisa (
como o agora referenciado ìcone queer,
Babadook). "Eu
acho que todos são
dignos de uma certa maneira, seja por eles
fazerem as pessoas se sentirem
liberadas ou
empoderadas”,
diz Michelson.
Atualmente
pode alguém ser um ícone queer e não ser
um militante LGBT?
Sim,
pois qualquer
pessoa pode ser
um ícone se ela
ajuda alguém a amar a sí mesmo
(porém a identificação e o enfrentamento
do poder são vitais para o movimento do
direito queer.)
Seria
surpreendente que todos os ícones queer fossem abertos politica e
socialmente, mas, como diz Michelson, um indivíduo não precisa
"preencher todos os requisitos"
para ser aprovado com louvor.
Riese,
no entanto, vê as coisas um pouco diferente, dizendo que
"definitivamente ser “estranho” -
queer- é uma grande razão para tornar-se um ícone
queer”
Com
Beyoncé como exemplo, ela diz "o dela
contratar apenas mulheres para trabalhar
nas suas turnês, de que toda sua banda é composta por mulheres, e
dela ser muito franca quando trata de assuntos de feminismo ou
racismo, faz dela um ícone queer”
São aqueles que tomam posição, e usam sua
poder para elevar e apoiar as vozes das pessoas marginalizadas, que
se tornam ícones queer.
Eles
nos lembram onde estivemos, para que possamos trabalhar para um
futuro melhor e mais inclusivo.
Ícones
queer são então um lar de de liberdade,
um lar de sonho talvez,
mas ainda um lar.
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