Em 1845, quando os
navios Erebus e Terror partiram da Inglaterra para tentar
encontrar a passagem que liga os oceanos Atlântico e Pacífico através do
Círculo Polar, não sabiam na treta que
tavam se metendo.
Depois de vários incidentes, sempre buscando escapar das armadilhas
do tempo, os navios acabaram presos de
vez no mar congelado. Ali, sob temperaturas glaciais e sem comida, todos os 128
tripulantes encontraram a morte, depois de (não) comerem o pão que o diabo
amassou.
Baseado neste fato, Dan Simmons cometeu “Terror”, um tijolaço de 751 páginas que
reconta o destino dos infelizes europeus de forma beeem livre.
No seu livro, como se já não bastasse o drama do povo faminto, exausto e com doenças sinistras e letais, Dan introduz o Tuunbaq,
um monstro da mitologia Inuit (uma nação indígena que habita o norte do Canadá)
para dar um upgrade na trama e assim causar terror nos leitores.
O tal do Tuunbaq é uma criatura muito malvada e assustadora,
porém protetora dos esquimós (por assim dizer), que se alimenta da carne e das almas dos britânicos.
Então dá-lhe marujo arrebentado, almirante destroçado, mestre devorado, tenente
deglutido e assim por adiante em cenas patéticas que não assustam nem um Miniom.
O livro é uma droga fenomenal.
Primeiro, a leitura é de chorar de tão cansativa. O autor
gasta centenas (sim, centenas) de páginas para descrever em detalhes como os tais
navios funcionam, como é a hierarquia interna, quais são as funções de cada um,
como é a geografia do Ártico, como o povo perde tempo indo pra lá e pra cá em
excursões inúteis tentando escapar do congelador. Aliás, a inutilidade destas
passagens são evidentes já que todo mundo sabe que eles não vão se salvar. Então
é um tédio mortal acompanhar o povo girando pela terra do Papai Noel sem chegar a lugar nenhum.
Em adição, os personagens (inúmeros) são péssimos. Não se
salva um. É um monte de gente tão sem personalidade que tu nem se importa
quando eles vão morrendo um atrás do outro (aliás, tu torce pra que todos
morram logo e o livro acabe).
O único ser que faz diferença é uma bixa bem maldita que se
torna líder dos amotinados canibais.
Mas a construção deste vilão é super rasteira e homofóbica :
a bixa é pintada como uma sodomita devassa, insubordinada, rancorosa e
vingativa – além de ter apetite por carne humana –, totalmente exagerada e destoante da
intrépida tripulação.
O autor até tenta dar
uma disfarçada no seu preconceito introduzindo um outro gay “do bem”. Mas este
segundo personagem é tão sem sal que entra e sai de cena sem relevância alguma.
Para completar, lá pelo final (inteiramente previsível desde
o início - mesmo que o autor queira surpreender),
somos brindados com uma interminável explicação da tal mitologia Inuit imaginada
por Simmons, o que não acrescenta nada ao nada que já é o livro, e só reafirma a inutilidade do conjunto.
Resumindo, “Terror” é uma bomba épica sem suspense, sem terror e sem emoção alguma, indicada apenas aos fanáticos que curtam se entediar com geografia, geleiras e navios antigos.
Quem procura algo pra se assustar, trate de correr pra bem longe.
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