“E
qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará
uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma
serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião?”
(Lucas 11 – versículos 10 & 11)
Quando Jesus fez
estas perguntas aos discípulos, certamente não conhecia o tenebroso
casal Boris (Alexey Rozin) e Zhenya (Maryana Spivak), os pombinhos do
filme “Sem Amor”, do diretor Andrey Zvyagintsev .
Sim, porque que
casalzinho mais filho da puta!
Senão vejamos :
Em um processo de
divórcio pra lá de barraquento, marido e mulher são o próprio
retrato do ódio, do endurecimento e do egoísmo.
Ambos estão loucos
pra pular fora do casamento (cada um já está em uma nova relação),
porém existe um “problema” a ser resolvido : quem irá ficar com
Alyosha (Matvey Novikov), o filho de 12 anos?
Nenhum dos dois quer
assumir o “fardo”.
Zhenya (viciada em
celular) odeia o filho desde a gravidez e não está nem um pouco
interessada em ficar com o “pequeno traste”.
Já Boris está
focado numa nova relação (sua namorada está grávida), e em manter
sua imagem de bom esposo no seu emprego, mesmo que sob mentiras.
O desinteresse e o
desprezo pelo filho são tão grandes que eles nem notam que, em um
determinado dia, a criança some. Os alienados só vão tomar pé do
acontecido quando a escola os procura para questionar a ausência do
menino nas aulas.
A polícia é então
chamada e um grupo de voluntários peritos em procurar crianças
sumidas entra em cena – após alguns dias - para auxiliar nas
buscas.
Neste quadro, o
curioso é que quando os pais são questionados sobre os hábitos e
características de Alyosha, acabam mostrando que o menino era quase
que um desconhecido para eles (principalmente para a mamãe Zhenya).
Assim, diante de um
fato tão grave, não tem como os genitores desnaturados não se
envolverem na busca e acompanharem de perto a ação dedicada de
estranhos para recuperarem o menino.
Mas a questão é :
Com um filho
desaparecido, com o tempo passando - e a indicação de uma possível
tragédia -, Boris e Zhenya conseguirão aprender com a dor, superar
o rancor e se tornarem pessoas melhores?
Ou permanecerão os
mesmos, sem nenhum pingo de remorso ou arrependimento?
Pois então…
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