Os mortos "ressucitam e voltam casa”.
Quando "Ressurreição" (Jason Mott - Editora Versus) começa, este “milagre” já é conhecido da humanidade e está ocorrendo em todo o mundo.
Os “ressurgidos” aparecem em qualquer lugar do planeta, totalmente desorientados, e contam com o apoio da “Agencia Internacional para os Ressurgidos” (um órgão mundial) que faz a ponte entre os (possíveis) parentes vivos e eles.
Este link pode ou não resultar num resgate das relações e convivência. Tudo vai depender do interesse, do estado emocional - e até físico - dos “bem vivos” em receber os falecidos em seus ambientes.
Neste contexto, temos como protagonistas Harold e Lucille Hargrave, que vêem na porta da sua casa (em Arcadia / EUA) trazido pela Agencia, Jacob seu filho de cinco anos, morto há mais de cinquenta anos.
De início o casal até passa por uma pequena crise com a situação, mas logo são seduzidos pela inocência e amor da criança e se esforçam para restabelecer o convívio familiar e superar seus traumas.
Em paralelo, surgem outros personagens, ressurgidos e “bem vivos” , que – a princípio - coloririam a história com as diversas possibilidades de conflitos oriundas desta instigante idéia.
Só que não.
O livro é um porre só.
Para se ter uma idéia, a fim de criar cenas de impacto – ou sei lá por que- , do nada, sem explicação, os ressurgidos passam a ser trancafiados (juntamente com familiares que não querem separarem-se deles) - pelo governo - em escolas e outros espaços publicos, transformados em algo tipo campos de concentração.
Lá são examinados e interrogados (para quê ?) em sessões intermináveis de conversa inúteis.
Os ressurgidos não falam uma só palavra sobre o “tempo que estiveram dormindo”, não se recordam de nada e todos, invariavelmente, são exemplos de imbecis carinhosos. Todos são um perigo para o diabetes de tão açucarados, de tão doces.
Não há um só diálogo “de resgate”, de “acerto de contas”, de “verdade” no livro inteiro. Tudo se resume a “reencontros” (bem ou mal sucedidos, é verdade) em climas amorosos ridículos.
O pior é que o autor, de forma explicita para encher lingüiça e assim “dar volume à obra” , gasta páginas e páginas com divagações e sonhos - totalmente soporíferos - de vários personagens (numa malograda tentativa de dar “profundidade” aos mesmos), que não levam a nada, não acrescentam nada, não esclarecem nada.
A coisa é tão inútil que o leitor pode tranquilamente pular dezenas de páginas pois a trama não avança um milímetro entre elas
Mas para a coisa não ficar só neste lenga lenga enjoativo (ou purgativo), eis que, de forma absolutamente primária, estabelece-se um clima de guerra na cidadezinha, com um grupo de fanáticos de bem vivos” querendo acabar com os ressurgidos. Esta é a desculpa para “criar tensão” – e surgir cenas de “suspense e violência” -; só que o resultado é constrangedor de tão pífio, tão frouxo, tão murcho.
Nada se salva neste livro. Na verdade é um livro covarde, medroso de ir fundo na sua própria idéia. Tudo é raso, rasteiro, superficial.
Ah, mas espere que tudo tem uma explicação. Na “Nota do Autor”, depois de finalmente ter terminado o suplício do último capítulo, Jason esclarece sua motivação, seus insights envolvidos na escrita de “Ressurreição”.
Ali, fica bem claro por que ele optou por uma linha auto-ajuda para a trama.
Tudo bem, nada contra. Cada qual com seus fantasmas e necessidades emocionais.
Mas confesso que se eu soubesse disto, não teria perdido meu tempo precioso tempo com esta josta total.
=====================================================
É incrivel que este zumbi-impresso serviu de fonte para a criação de uma série de televisão. Se a adaptação para a telinha seguir suas páginas o resultado só pode ser catastrófico.
Se é para assistir uma série de ressucitados, prefiro mil vezes a francesa Les Revenants, que é porrada pura.
Trailer Abaixo
3 comments:
Comecei a ler essa semana este livro.
Espero ter uma opinião diferente da tua.
Mas achei legal sua sinceridade.
Abraço .
Concordo plenamente com a opinião de que não tem conteúdo. Para entender um pouco sobre o por quê da trama, temos primeiro se ler a nota do autor nas últimas páginas. Não recomendo
Também considerei o livro uma chatice sem história concreta. Nada ali faz sentido e por fim não levou a nada. Vendi o livro pouco antes de chegar às últimas páginas, pois tenho certeza que não acontecerá nada de novo.
Escolhi o livro pq tem uma série baseada nele, mas não entendi o que de magnitude Brad Pitt encontrou nessas páginas que o levou a produzir uma série. E
E ainda encontrei comentários de que a série foi cancelado na primeira temporada. Mas o livro não tem conteúdo nem pra meia temporada.
Post a Comment