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Wednesday, December 26, 2012

Filme - Tropicalia

Poster Tropicalia
Extraordinário documentário do Marcelo Machado, que retrata a gênese, vida e “morte” do movimento que mudou  a cultura tupiniquim. 

Ironicamente, o filme começa com Caetano declarando, num programa de televisão português do final dos 60´s, que o Tropicalismo ja tinha morrido e que já não havia sentido em continuar a remexer em suas cinzas.

É claro que isto não era (e não é) verdade. 

O Tropicalismo misturou radicalmente -   num grande caldeirão de idéias, conceitos e estilos  -,  várias formas de arte (musica, cinema, teatro,  artes plásticas, etc),  numa proposta de manifestação artística que transgrediu e quebrou de forma definitiva as barreiras entre o erudito e o popular.

Deste modo vemos no documentário a importância de  Glauber Rocha com o "Terra em transe",  a  ousadia de José Celso Martinez Corrêa com a  montagem  de "O rei da vela" ( de Oswald de Andrade ), e também o trabalho do artista plástico Hélio Oiticica - a quem se deve a criação do termo "Tropicália", título de uma instalação vista no Museu de Arte Moderna carioca e que batizou a canção de Caetano Veloso em torno da qual se construiu o disco "Tropicália ou panis et circensis", espécie de manifesto musical do movimento.

Nesta trupe cabem ainda : Os mutantes, Rogerio Duprat, Tom Zé, Torquato Neto, Gal Costa, Jorge Mautner, Rogerio Zganzerla e outros.

Sem esquecer de  Chacrinha, Jorge Ben, Roberto Carlos, a Jovem Guarda, capoeira, samba, forró, baião, o rock, tudo batido numa centrífuga antropofágica ( novamente Oswald ) que definiu (e define) uma estética integrada,  fundamental e mirabolante que é a cara do Brasil
.

Infelizmente tal estética ainda é rejeitada por milhões de “conhecedores”, “eruditos”, “intelectuais”  - e outras aberrações do gênero - , que desprezam e ignoram o popular, tachando de ridículo e inferior tudo o que consideram “brega”.

De qualquer forma, capitaneado por Caetano e Gil, o  tropicalismo foi um soco na cara do conservadorismo nacional, na pureza das “belas artes”, e - o que dá outra dimensão a sua história -  com todo o movimento ocorrendo em plena ditadura militar.

Isto,  conforme a história registra,  acarretou a perseguição e o exílio dos dois mentores.

E o filme, além de falar sobre o Tropicalismo,  traça um excelente panorama do efervescente ambiente sócio-político da época.

Uma época de repressão e contestação, de perseguição e busca de liberdade.

Uma época de enfrentamento político e social. Uma época utópica, sonhadora. Uma época de mudanças definitivas. Uma época de transformação de comportamento, de quebra de barreiras, dogmas e velhos conceitos.

Analisando a atualidade, certamente não vivemos numa sociedade libertária, onde o humano é valorizado pela sua natureza.

Porém é inegável que movimentos revolucionários como a Tropicália, hippies, e qualquer outro que vise a libertação e integração do humano, lançaram  sementes que geraram novas idéias, conceitos e estéticas que resultaram em novos comportamentos e evolução social.

Ágil, surpreendente (algumas imagens são fabulosas pelo ineditismo), altamente informativo e emocionante (especialmente Caetano cantando “Asa Branca”),  o documentário do Marcelo Machado   é uma obra para  ver e rever sempre.

Fantástico, para dizer o mínimo.
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Trailer do filme


Tropicalia com Caetano


Gil e os Mutantes – Domingo no Parque


Gal – Divino Maravilhoso

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