Já foi dito que se os animais falassem as pessoas não comeriam carne.
Mas como a coisa não é assim, os animais vão ser sempre rebaixados e utilizados ao bel prazer pelo homem simplesmente pelo fato de que não são “evoluídos como a espécie humana”.
Isto fica bem evidente no filme “A forma da água”, onde uma criatura “selvagem e aquática", capturada na América do Sul, é trancafiada e vira objeto de estudos num laboratório secreto nos EUA.
Como a tal criatura não se comunica e não colabora com cientistas – dentro daquilo que eles esperam, é claro -, é vista, cada vez mais, como um ser embrutecido e sem valor, virando alvo da fúria do desalmado Richard Strickland (Michael Shannon)
Só que no tal laboratório trabalha Elisa (Sally Hawkins),uma faxineira tímida, muda e solitária cuja única alegria é compartilhar filmes musicais antigos com seu vizinho gay (e também solitário) Giles (Richard Jenkins).
Elisa, com seu interesse e boa vontade, acaba conquistando a confiança da criatura e descobre então que, debaixo das duras escamas, habita um ser complexo, emocional e sábio.
O que é curioso é que nenhum dos dois fala, mas eles acabam encontrando formas de se comunicar através de toques, gestos, olhares e alguns conceitos de libra.
Logo, com sua presença discreta, Elisa fica sabendo que criatura corre perigo real, e então, com a ajuda de amigos, liberta o “monstro” e o esconde na sua casa.
A partir daí, não tarda para que coisa evolua para um romance verdadeiro com o "peixão" (com direito a trepadas e tudo o mais).
Só que as coisas não são tão fáceis e eles terminam por se envolver em perigos reais que podem levá-los à prisão ou à morte.
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Com um enredo calcado em fábulas – principalmente “A Bela e a Fera” – , “A forma da Água” pretende contar uma bela e improvável história de amor, mas acaba sendo mesmo um crossover entre os igualmente bizarros “A criatura da Lagoa Negra” e “ O fabuloso Destino de Amélie Poulain”.
Elisa é a cara da sonhadora e debilóide Amélie enquanto a criatura foi chupada diretamente do trash SCI-FI de 1954, conforme o próprio diretor Guillermo del Toro comentou.
No fim o filme é bonitinho mas nada do tipo extraordinário.
Vale a pena para quem tem tesão em “sereio”.
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