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Friday, August 29, 2014

Livro–O Imperador de Todos os Males

O imperador de todos os malesVá entender a criatura que compra um livro com subtítulo de “Uma biografia do Câncer”.

Primeiro, se falamos em “biografia” pensamos na trajetória de vida de uma criatura. Até aí, tudo bem. Mas uma história de vida de uma doença? Ainda mais do câncer, o maior tabu dentre todos os males?

Bem, talvez num momento de “desassociação” (sic) acabei comprando o “O Imperador de Todos os Males”, do Siddhartha Mukherjee (respeitado oncologista da Universidade de Columbia), que pretende traçar um painel da história do Câncer, desde seus primeiros registros históricos, passando pela evolução das formas de tratamento, pesquisas e descobertas , até as mais recentes formas de tratamento.

E não é que o livro é tri bom? Mesmo para um leigo?

De maneira tranquila e sólida,  Mukherjee conduz o leitor através dos tempos e mais variados lugares ilustrando a “luta” do homem contra este inimigo sorrateiro e letal.

E aí se vê de tudo. Desde conclusões e tratamento altamente bizarros, passando pela arrogância de vários “iluminados” que definiam “verdades” absurdas a respeito da doença (o lance das cirurgias invasivas é simplesmente tenebroso), uma mastodôntica fogueira de vaidades (quando se vê que os cientistas – que deveriam trabalhar juntos pelo bem comum – queriam mais é “alcançar o estrelato” com razões bem pouco nobres), esforços e missões pessoais (pioneiros que estudaram e descobriram diversos fenômenos relacionados à doença e que foram rechaçados pela toda poderosa comunidade científica), descaso e disputa da indústria farmacêutica quanto à produção de drogas (sempre com olhos para o ganho / lucro, é claro), além de inúmeras histórias de vida (e morte) de pacientes.

É coisa pra caralho.siddhartha-mulherjee-cancer-size-598

Mas a coisa não fica “só nisto”. Cientista que é (e mirando a diversidade de publico – inclusive o “acadêmico” ), Mukherjee, a partir de certo momento, começa uma viagem fascinante (porém árdua para os leigos – como o meu caso) ao interior da célula, desenhando suas estruturas, fenômenos e funções, num traçado vital para entender a estrutura (da) , o comportamento (da) e o combate à doença (mesmo que várias questões ainda permaneçam obscuras).

E aí tu acaba - de forma aterradora - reconhecendo a “beleza” do câncer - se é que se pode dizer isto -, baseada exatamente no seu poder destrutivo, que na verdade pode ser visto através de outras interpretações e intenções, as quais não tem nada a ver com os interesses do “hospedeiro”.

Livraço.

Trecho do livro pode ser lido Aqui.

Entrevista com o autor pode ser lida Aqui.

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