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Thursday, June 28, 2012

TEATRO - A PRIMEIRA VISTA & CABARET

TEATRO - A PRIMEIRA VISTA

Drica Moraes & Mariana Lima
Segunda peça que vejo do canadense Daniel MacIvor. 

A primeira foi “It on It” e me impressionou muito. Portanto foi com boas expectativas que fomos ao Sáo Pedro domingo passado para conhecer “A primeira vista” com as ótimas Mariana Lima e Drica Moraes. 

Mas que surpresa : ao invés de um texto “denso”, “dramático” como “It on It”, “A primeira vista” (a primeira vista) é super leve, light, tranquila, sem nenhum arroubo emocional, sem grandes dramas. 




A história é de uma simplicidade só : duas garotas se conhecem numa loja de material para acampamento e acabam desenvolvendo uma relação que se estende pelo resto de suas vidas. 

Durante a peça somos levados a acompanhar diversos encontros delas (alguns fortuitos, outros não), onde os diálogos nunca se aprofundam de forma incisiva. Isto é até de certa forma explicado com uma frase recorrente durante a peça : “Nada é suficiente”. O sentido ambíguo, a leitura desta frase define – numa visão bem poética – que o “nada se basta”. Não é necessário acrescentar, adicionar, acumular. O pouco, o simples, o “nada”, basta para preencher muitas necessidades – inclusive as emocionais ( e as da peça também).

Então o que se ve no palco é uma fila de cenas “bonitinhas” mas sem grande expressão (quase nada é apresentado). Os diálogos são truncados, cortados – com algumas passagens bem viajantes -, isto sem falar do humor um tanto “fora da casa” ,que pra mim não funcionou diversas vezes. Esta situação foi me exasperando e fui criando um distanciamento cada vez maior até me desligar da cena.

 No final não achei grande coisa e fui saindo um tanto decepcionado ao passo que meu companheiro estava em prantos. Curioso, indaguei-o para que tudo aquilo , e ele, aos poucos foi me abrindo os olhos para uma série de fatos e situções que me tinham passado despercebido, os quais, sem dúvida alguma, dão outra dimensão, revelam outros segredos e engrandecem a montagem. Atrás da sutileza, o invisível, o não dito sustenta uma riqueza humana que fala aos corações com uma sensibilidade ímpar.

Falar das atrizes chega até a ser ridículo. Não dá pra destacar nenhuma. Nada menos que perfeitas as duas.

TEATRO - CABARET 

Bem, o que falar sobre Cabaret ? Na verdade utilizar qualquer superlativo é redundante, desnecessário.


Estar diante de um clássico, soberbamente executado, é uma experiencia única que invade nosso espírito, nos transporta, nos fascina. A magia do teatro explode, se impõe diante de nós, que acabamos subjugados pelos demónios da cena. O palco é o altar onde o feitiço acontece, o espaço onde nossa mente é tragada para um mundo de ilusão / verdade que faz a delícia dos sentidos.

Cabaret é um dos maiores musicais de todos os tempos. Contando a história da ascenção do nazismo na Alemanha dos anos 30, sob o olhar de pessoas comuns, a peça equilibra de forma perfeita, riso, emoção e reflexão. E a montagem brasileira é perfeita.

Claudia Raia é uma diva e mata a pau integralmente – uma atriz completa. Sua Sally Bowles surge numa personalidade mais forte, diferente da garota ingênua e frágil que a Liza imortalizou no filme homonimo. São dela os dois melhores numeros musicais (na minha opinião) : “Maybe this time” - que fecha o primeiro ato (com eu aos prantos), e “Cabaret” - que fecha a peça (com eu aos prantos novamente) . Nossa diva não deixa nada a desejar. Perfeita.

Jarbas Homem de Mello, como o MC – Mestre de Cerimônias – é simplesmente perfeito, também numa caracterização bem diferente do excelente Joel Grey. Jarbas faz um MC viril, raivoso, cínico, debochado e, sem dúvida alguma, corajoso. Super ator.

O resto do elenco mantem o nível da apresentação lá em cima. Isto sem falar da parte tecnica (luz, musica, som, cenografia, etc), tudo executado de forma primorosa.

Fantástico.

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