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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Thursday, December 08, 2005

Depois da Vitória vem o Destino

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Há alguns dias eu estava escutando uma música do ABBA (sim, aquele grupo pop-cult da década de 70 e 80) e ouvi a seguinte frase “beyond the victory lies the destiny” (trad : além –depois- da vitória existe o destino). Fiquei pasmo, achei genial. Fui procurar a letra para confirmar. Que decepção !..tinha entendido errado. A letra diz : “beside the victory that’s her destiny” ( trad: junto à vitória está seu destino – ou algo que o valha). Mas o meu entender errado não tirou da minha cabeça o sentido que me fascinou.

Me peguei a pensar sobre isto.

Muitas vezes buscamos a vitória, buscamos um objetivo e para alcançá-lo nos empenhamos, investimos energia, sangue, suor e lágrimas. Traçamos um caminho e perseveramos nele. Alcançamos o sucesso, atingimos a meta. Comemoramos, sentimos felicidade. Vibramos com a realização, a concretização de um sonho. Saboreamos o final da jornada. Recebemos a recompensa.

Sim, mas e daí? O que vem depois do “felizes para sempre”? O que vem depois do beijo final? O que vem depois do “the end” triunfante? O que vem depois da vitória?

Conforme “entendi” o Abba, vem o “destino”. E este determinante, este destino muitas vezes pode nos mostrar que a vitória anterior nada mais era do que o início de um caminho que nos levou a grandes sofrimentos.

Isto é bem típico observar em relacionamentos amorosos. Nestes, é investida toda uma energia para a conquista, para a sedução, para o estabelecimento de laços e a prática da convivência. Pronto! Agora eu tenho alguém! Tenho um relacionamento! Tenho um amor! Mas e o dia seguinte? E o outro? E depois? Como manter a felicidade da vitória?.. do êxito?

O tempo é inexorável com nossas conquistas. Não existe vitória imutável, não existe a perpetuação do gozo. Isto gera angústia, gera mêdo pois gostaríamos que as felicidades fossem perenes, que pudéssemos nos despreocupar, que pudéssemos relaxar. É claro que com uma observação atenta, com um cuidado cotidiano, podemos agir para que muitas das coisas que nos agradam perdurem.

Porém muitas vezes nos vemos incapazes de atuar sobre todas as variáveis e situações que fazem a roda da vida girar e que acabam deslocando os elementos antes bem conhecidos. Assim, novos cenários surgem, novas paisagens se revelam. Novos desafios e dramas nos são impostos. Surgem finais e outros recomeços. Para enfrentá-los necessitamos de novas ferramentas, de novas energias, de novos objetivos. Vamos em frente, traçamos caminhos. Lutamos. Perseveramos na jornada, na busca de renovados êxitos.

Encontramos novamente o sucesso. Alcançamos a vitória. Novo sabor, nova alegria.

O tempo volta ... e conhecemos novos destinos...

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obs : a música em questão é “The winner takes it all”

6 comments:

Anonymous said...

Mutas vezes paro p´ra pensar exatamente neste ponto : O que vem depois do “felizes para sempre”? O que vem depois do beijo final? O que vem depois do “the end” triunfante? O que vem depois da vitória ?

As vezes me dá um certo medo de pensar que :Conforme “entendi” o Abba, vem o “destino”. E este determinante, este destino muitas vezes pode nos mostrar que a vitória anterior nada mais era do que o início de um caminho que nos levou a grandes sofrimentos.

Ando gastando tanta energia em arranjar uma maneira de resolver meu presente, meu futuro.....mas e o destino?????? o que será que ele vai me apresentar?????? que medo!!!!!

Com relaçã as conquistas, penso hoje que não devemos conquistar nada na sua totalidade, para sempre termos aquele gostoso friozinho na barriga que nos dá tanto prazer, mas é um exercício muito difícil e uma conquista diária que requer imaginação, tolerância e paciência.

A cada dia que passa chego a conclusão de como é difícil ter e manter um relacionamento com prazer, onde a sinceridade, cumplicidade, amizade, tesão, estejam sempre presentes.....

que saco!

Bjo

Themis

Anonymous said...

concordo com vcs e só tenho a acrescentar que essa eterna busca da vitória é inerente ao ser humano, à sua ânsia de perseguir a tão decantada felicidade ( ou vitória, que seja), e que constatamos ao longo de nossas existências que ela é feita tão pura e simplesmente de momentos, muitas das vezes tão fugazes como bolhas de sabão.
É se deparar com todos estes fatos e entender que é a roda da vida, nos levando como ondas, num eterno fluir e refluir, avançar em algumas situações, descobrir onde recuar em outras, onde contornar em tantas outras...
e assim vamos seguindo nossa trajetória, permeada de lutas, conquistas, vitórias ( por quanto tempo?), fracassos que poderão nos projetar ao mais fundo do poço ou nos alçar a vôos mais elevados, depende de nós, somente de nós e sempre de nós.
Estou descobrindo que podemos ter essa garra de persisitir, buscar, cair, levantar é aquilo que chamamos de coragem, apesar de todo medo, de todo apego que trazemos da nossa ancestralidade, das nossas carências mais primitivas.

Marinês

Anonymous said...

Oi, ratão Iuri
Legal o seu texto.
O que os seres humanos curtem mesmo, mais do que a vitória, é a competição. Quando essa acaba, a graça também se vai. Como escreveu um grafiteiro: "A felicidade não é uma estação de chegada, mas uma forma de viajar".

Um abração da ratinha filosófica Têmis

Anonymous said...

Oi Iuri:

Parabéns pelo texto.
Muito bem escrito e possui uma beleza e inteligência admirável.

Um abraço.

Paulo Alves

greentea said...

"Um casamento não se contrai.
Dança-se.
Por nossa conta e risco"
em Elogio do Casamento, do Compromisso e Outras Loucuras.

Quem diz casamento diz ligação diz negócio diz trabalho ou qualquer outra actividade. Tudo se "DANÇA POR NOSSA CONTA E RISCO".
dESDE VIDAS PASSADAS ATÉ À PRESENTE.
E daí o destino, o Karma.
Quando escolhemos os nossos pais, os namorados, os amantes , os maridos , os filhos já há uma opção prévia que trazemos dentro de nós, por nisso nos aproximamos desta ou aquela pessoa, desta ou daquela situação...
Não há só dias de SOL, não há só dias em q tudo corre bem e parecemos eternamente felizes, nem sempre os blogs têm assuntos interessantes (para nós!) mas isso faz-nos procurar algo melhor, faz-nos libertar, faz-nos saír de nós e do aconchego em q julgávamos estar porque nada é definitivo nada é permanente. Hoje temos um bom emprego ou um negócio rentável e amanhã ... zero : a empresa faliu , a conjuntura alterou-se. O amor , o amado altera-se , evolui, envelhece. Nós também! As canções q ontem gostávamos hoje não as queremos, nem os livros nem os filmes nem os politicos nem os lugares nem as comidas nem as roupas.
O amor fica e a relação mantem-se quando ambos acompanham a evolução, o crescimento do outro, as diferentes passagens nesta vida; mas há pessoas que deixam de ter significado , importancia para nós e surgem outras. Por vezes ficamos doentes por vezes temos de parar, para apreciarmos melhor os dias em que tudo floresce...

Tristão said...

Como diz Guimarães Rosa em um de seus contos, é como um vaga-lume: acende e apaga - o que é magnífico e terrível, porque impede consolidar, ou congelar, uma visão-de-base sobre o mundo.
Vim agradecer a visita e o comentário. Vou estar, também, sempre aqui.