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Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
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Tuesday, September 28, 2004

Hospital



Hospital para mim é sinônimo de depressão. Semana passada estive em um visitando uma amiga que está passando por problemas na sua gravidez. Ao chegar lá, desde o momento em que atravessei o portão, já começou a baixar um sentimento de opressão. Este sentimento só aumentou a medida em que caminhava pelos corredores, perguntava a localização do quarto e ia me deslocando pelos labirintos assépticos. Ao vê-la me senti acuado, perdido. O que fazer? O que dizer? Uma pergunta clássica e ridícula é : "Como vc está?". Mas de que adianta a pergunta diante da obviedade dos fatos? A continuidade do questionamento segue o mesmo triste caminho : "Desde quando você sente isto?", "O que o médico disse?", "E os resultados dos exames?", etc, ou então podemos, para tentar amenizar, começar a discutir o "ambiente" do hospital, tipo : comida, médicos, outros pacientes, enfermeiros e outras amenidades.


Eu confesso que não sei bem como lidar diretamente com alguém hospitalizado. Não no sentido de visitar, escutar ou ajudar a pessoa no que for possível. O que não sei é como procedecer para, de alguma forma, estimular a mente do enfermo a navegar um pouco para fora da doença, navegar um pouco para fora do clima local. Talvez isto seja difícil ou mesmo impossível dependendo do que e/ou de como a pessoa está se sentindo. De qualquer forma me incomoda e me choca todo o ambiente que envolve os nosocômios : dor, tristeza, perda, impotência, cochichos, curiosidade, comentários. É claro que sei que muitas alegrias acontecem nestes locais (partos, recuperações, milagres), porém, mesmo assim, fica em mim a impressão de que os hospitais são locais onde a fragilidade da carne humana se revela, se impõe e reina soberana.

PS : O que é curioso é que semana que vem vou sofrer uma pequena cirurgia e vou ter que dormir pelo menos uma noite na "casa de recuperação". Estou me sentindo o peru na véspera do natal, he he ...

13 comments:

Anonymous said...

Gosto das coisas que você escreve, da maneira que você se coloca diante das situações.
Boa sorte na cirurgia, sei que pouco posso fazer, e estamos longe fisicamente (eu aqui no Japão), mas no que puder ajudar, estamos aí
abraço do outro lado do mundo.
Ah, e finalmente, muito legal, o seu blog

Daniel

Anonymous said...

Pode parecer o q for, mas adoro hospital.

Nunca tive nada grave, além de uma "semi" parada respiratória por causa de uma crise de bronquite... hehehe A ambulancia teve de me buscar, fui pro PS de oxigenio e tudo!

Enfim, eu adoro ficar internado, principalmente pq no hospital eu consigo respirar... pode até ser uma coisa psicológica, por eu saber q lá vou estar "protegido".

Adoro aquele lugar. Dormir dias e noites seguidos, tomando soro, uma enfermeira velhinha me aplicando aminofilina e outras cositas (cheguei a ter de tomar adrenalina) o silêncio só quebrado por algum choro ou gemidos.... paz, enfim.

CyberPunk Mark

Anonymous said...

Iuri, como você mesmo disse, o hospital tem seu lado bom. Leia o artigo do André "Eficientes físicos" e boa sorte para você na sua cirurgia.Um abraço amigo,

Lúcia.

Anonymous said...

Olá,

parabéns pelo blog, está ótimo como sempre!!! quanto ao hospital, também sinto coisas parecidas pelas quais vc passa: primeiro é o cheiro de álcool (ou algo parecido) por todos os corredores, depois tem a questão dos termos técnicos que sempre ouço, mas, na maioria das vezes, nem sei do que se trata, e alguns profissionais nem fazem o favor de tentar utilizar uma linguagem mais corrente... sinto-me realmente frágil... nunca tive que ficar internado num hospital, mas já visitei alguns parentes e amigos, e só pelo pouco tempo que fiquei já deu pra perceber o quanto o lugar é frio...

mas, mundando um pouco de assunto, fique tranqüilo, pois eu acredito que o ambiente hospitalar tem de ser assim mesmo, já que médicos e enfermeiros lidam com o maior bem que qualquer pessoa possa ter (mesmo que algumas não pensem assim): a saúde...
então, vá para sua cirurgia em paz, porque tenho certeza que isso vai ser "fichinha" pra vc!!! até mais,

Laguna
bubblesoflove_df@yahoo.com.br

Anonymous said...

Olá !

Nessas ocasioes, eu acho conveniente chegar e oferecer qualquer tipo de ajuda, seja de serviços ou mesmo pscologica.

Conversar, de preferência, assuntos mais divertidos que nao tenha relação com doenças, morte e coisas do genero.

Observar que, se for inconveniente o momento da visita, voltaria em outro horário.

E tomermos consciencia de que são momentos que todos nós poderemos estar envolvidos a qualquer momento.

Um Abraço

Scorpion

Anonymous said...

Amigo Iuri, ia mesmo colocar esta mensagem no grupo, mas dedico principalmente à sua pessoa :

"Em que acredito?

A vida é muito simples. O que damos, recebemos. Creio que somos os responsáveis por tudo que acontece em nossa vida - desde o pior até o melhor. Cada pensamento que temos cria nosso futuro. Cada um de nós produz suas próprias experiências pelos pensamentos e palavras que expressa. Crencas são idéias e pensamentos que aceitamos como verdade. O que pensamos sobre nós e o mundo torna-se verdadeiro. O que escolhemos acreditar pode ampliar e enriquecer nosso mundo. Cada dia que passa pode ser uma experiência emplogante, alegre, esperancosa ou triste, limitadora e sofrida. Duas pessoas dentro de um mesmo mundo, dentro das mesmas circunstâncias, podem vivenciar suas experiências de maneira completamente diferente. Por isso, estou convencido de que nossas crencas conseguem realizar esta tarefa. Quando nos dispomos a modificar nossas crencas primárias, estamos a caminho de uma verdadeira mudanca. Sejam quais forem suas crencas sobre você mesmo e o mundo, lembre-se de que elas não passam de pensamentos. Nosso subconsciente aceita tudo que escolhemos acreditar..... Se você aceita uma crenca limitadora, ela se tornará verdade para você. Se você acredita que é baixo demais, alto demais, gordo demais, magro demias, sabido ou burro demais ou incapaz de formar bons relacionamentos - essas crencas se tornarão verdade para você.
Lembre-se que estamos lidando com pensamentos e que pensamentos podem ser mudados. Temos escolhas ilimitadas sobre o que podemos pensar e este ponto de poder está sempre no momento presente.
E então ? O que você está pensando neste momento ? É algo positivo ou negativo ? Você quer que esse pensamento crie o seu futuro ?
A escolha é sua !"

É isso irmãozinho, trabalhe sempre seus pensamentos da melhor maneira positiva para que eles não o derrubem.

São os votos do seu irmãozinho lobosolitário.

Anonymous said...

Meu amigo orelhudo.

É difícil mesmo tal situação. Eu não me sinto legal
também. É muita dor e muito sofrimento junto.
Entretanto não se podia esperar outra coisa senão
isso.

Mas, por outro lado, vc não imagina o bem que a pessoa
sente sendo visitada no hospital. Mesmo que fique
aquele clima meio sem jeito de não se ter o que falar,
mas só o fato de vc ter lembrado da pessoa já é pra
ela um estímulo para uma recuperação.

O pior é quando vc vai ao hospital e vê as pessoas
sozinhas lá, sem ter ninguém que aperte a mão, que
simplesmente fique ao seu lado, mesmo sem dizer nada.

Não.. não é fácil.. mas o que vc fez foi bonito e, sem
dúvida, não será esquecido pela pessoa que vc visitou.

Desejo boa sorte na pequena cirurgia pela qual vai
passar.

Um grande abraço e vou estar pensando em vc.

Sucesso.

curumim

Anonymous said...

Iuri,

Lendo seu texto, caí na realidade de nunca havia pensado nesse lance de "hospital", mesmo porque, sou um cidadão que muito pouco entrei nesses recintos. Graças a Deus.

Claro, já tive parentes com problemas de saúde e eu mesmo também já sofri pequenas cirurgias, mas confesso que entre estar lá e ir para lá visitar alguém são circunstância completamente distintas.

Essa situação de não saber o que dizer quanto a visitar um paciente, talvez seja igual quando vamos a um velório e dizemos: "Afinal, ele (a) descansou". Nada consola tal situação.

O que leva a um ar de felicidade ao receber uma nova vida dentro de uma maternidade ou na notícia de que um paciente teve alta, não podemos esquecer as
os lados negativos de tudo isso. Talvez num futuro teremos lugares específicos somente para tais acontecimentos.

Não podemos esquecer num ambito geral na "fábrica" de nascimento, da morte, da recuperação entre outros.

Vemos aqui em São Paulo grandes hospitais particulares crescendo, expandindo, lucrando com tudo isso. Aqui na região da Av. Paulista onde trabalho existem dois, um na própria avenida, que não pára de crescer. São prédios e anexos sendo construidos a todo vapor.

Recentemente algumas propagandas são veiculadas por aqui, mais recentemente do Hospital Albert Einstein onde diz que algumas pessoas sofreram infarto e lá foram recuperadas. Como todos paulistanos sabem, que não é qualquer um que pode sequer pisar nesse hospital, que dirá sofre tal traramente de alta tecnologia.

Outro, a maternidade S. Luiz, se gaba pela excelência em maternidade. Com certeza, deve ser uma maravilha ficar por lá. Porém, a grande maioria das mulheres tem que se contentar com os tais hospitais do SUS e olhe lá!!!

Sendo assim, paga-se para nascer, viver e morrer.

Abraços,

Hélio

Anonymous said...

Oi Iuri, os Hospitais podem para muitos significar a
limitação humana, ou seja, sem a totalidade da saúde o
ser humano percebe que o principal valor é a vida
plena, ou seja, saúde no tripé: fisico, mente e
espírito.

Mas como você citou é complicado visitar um
enfermo e querer alegrá-lo na situação em que se
encontra, por isso, mas vale rezar pela pessoa para
que pela oração você a conforte.

Sucesso. Anderson.

Anonymous said...

Querido Luri!

Li sua mensagem com muita atenção e rosolvi escrever a vc, para poder te dar uma forçinha.
Há cerca de 10 anos estive internado num hospital, cerca de 1 mês e meio. Claro que não é fácil para quem visita, mas pior é ainda para quem lá está.
Uma coisa é certa, a "fragilidade da carne humana" não começa nos hospitais. Os doentes vão lá exactamente para se curarem. Graças a Deus existem pessoas como médicos, enfermeiros, visitas, voluntários , etc..., que podem ou devem dar um pouco de alegria e esperança a estas pessoas.
Alguns anos passados, desde que saí do hospital, voltei, mas agora como voluntário. E voluntário é exactamente isso, dar um pouco de alegria e esperança a alguém que está doente e muitas vezes só.
O que lhe posso aconselhar, pela minha humilde experiência, é que às vezes basta ouvir, outras vezes uma palavra simpática e há outras vezes ainda que basta um sorriso. Claro que nem sempre é agradável... tem algumas vezes que temos que ajudar a dar as refeições, com tudo o que isso implica (vómitos, etc).
Mas uma coisa posso assegurar a vc, o trabalho de voluntariado é muito gratificante. Pois vamos lá para dar e acabamos recebendo muito mais do que aquilo que damos. Isso eu posso testemunhar!
Espero ter ajudado um pouco...

Boa sorte para vc! Vai ver que tudo correrá bem!

Abraço

Duarte

Anonymous said...

A dor possui um grande poder educativo: faz-nos melhores, mais misericordiosos, mais capazes de nos recolhermos em nós mesmos e persuade-nos de que esta vida não é um divertimento, mas um dever.
(Cesare Cantú)

Anonymous said...

Olá Iuri!!!

Interessante seu comentário no que se refere e diz respeito ao sítio hospitalar.....Bem .. eu sou Enfermeira já alguns anos, me formei ainda nova, quando fiz o auxiliar de anfermagem, e logo depois Cursei a Faculdade de Enfermagem...fazendo especialização na area de UTI Pediátrica onde até hoje eu atuo e Adoro(amoooooo pra falara a verdade!! rs)....Ainda hoje faço no período diurno Faculdade de Medicina, estou no terceiro ano...

Diferente de vc eu estou e sempre fui muito familiarizada com esse ambiente hospitalar, o curioso na sua colocação é que existem, muitas pessoas com essa mentalidade e sentimento acerca do ambiente hospitalar tambem... Queria apenas te dizer pra não pensares assim mais meu caro; pois existe algo que é simplesmente impagável nessa vida que é o fato de sermos feitos de pó e termos de vez em quando a visão de que ao pó um dia querendo ou não iremos ter que voltar....saiba que o ambiente hospitalar nos torna mais sensíveis (em alguns casos ao contrário visse!!!!) e perceptíveis ao mundo e ao que acontece com as pessoas ao nosso redor e com nós mesmos... A grande dificuldade nisso tudo é que temos que lidar com uma realidade que nem sempre é aceitável, e chega assim como um grande amor; de forma insperada em nossas vidas.O mais díficil nesse cotidiano é fazer com que a pessoa, ou seja o doente lembre-se sempre de que não deixou de ser uma pessoa que tem uma vida social e pessoal, por isso a palavra humanizar sempre vai estar na linha de frente de qualquer profissional dessa area que queira sempre estar lidando com o humano antes de pensar na doença....Porem uma coisa é certa; antes de mais nada vc, e todos que eventualmente venham a se tornar enfermos um dia, tem que nos dar essa abertura, por mais doloroso e impossível que possa parecer, e até mesmo ser...Fica aqui então essa pequena porem muito profunda frase: ...Se a chama que está dentro de ti se apagar...as almas que estão sempre ao seu lado morrerão com certeza de frio." Carpe Diem meu caro e a todos os Participantes desse grupo....

PS: gsoto muito de ler e eparender com seus comentários acertca de artes Cênicas e outras mais....sua inteligência e sensibilidade é algo raro meu querido....

Cellis Aisha Schimellevitche de Abreu

Dayse Batista said...

Querido Iuri!!!!!!!

Oi, oi, OOOOOIIIIII!!!!!!

Que alegria de "ver" de novo!

Preocupei-me sinceramente com teu desaparecimento, perguntei por ti na lista (a lista "literária" quase parada), não tinha como saber mais sobre ti.

Fico muito contente por estares aí, e rezo para que, seja o que for que te afastou, tenha passado. Algumas coisas não passam, mas temos de dar um jeito de ir rolando a pedra (sabes que sou Sísifo, pois não?), seguir em frente.

Um abração apertado. VOLTA PARA FICAR, POR FAVOR.