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Sunday, November 17, 2013

(Autora : Niara) O Rei Leão - O Musical

O Clico da Vida
Há alguns anos atrás, sendo uma fã dos filmes dos Estúdios Disney e apaixonada pelo filme “O Rei Leão”, comprei uma versão em DVD duplo, com o filme, novas músicas e o making off. 

Depois de curtir novamente essa maravilha, fui procurar os famosos “extras”.

De repente topei com o link “Musical da Brodway”, do qual havia ouvido falar, mas não possuía muitas informações. 

Tive a sorte de ter acesso à história da criação do Musical que, de um grande potencial, se tornou um enorme problema, pois como essa história seria passada para uma linguagem teatral sem perder a magia e a capacidade de envolvimento do público como tinha o filme?

Somente quando a Diretora e Artista Plástica Julie Taymor foi chamada para dirigir e desenvolver a “concepção artística” do espetáculo esse rico material pôde ser dramatizado ao vivo. 
 
Com soluções diversas para cada personagem, inspirando-se em técnicas teatrais, cenográficas e variados tipos de bonecos de diversas partes do mundo, ela trouxe ao palco um novo universo, com a savana africana viva, dançante, e a indumentária dos personagens permitindo a exposição necessária da interpretação dos atores.

 Naquele momento, assistir ao espetáculo parecia um sonho muito longínquo que guardei no coração. Quando tive a notícia de que o musical seria encenado em São Paulo, com atores brasileiros, vi o sonho chegar mais perto e nesse ano tive a imensa felicidade de compartilhar com meu irmão Iuri e meu amado cunhado Luciano esse momento mágico. Passei a noite da virada do meu aniversário assistindo ao Rei Leão.

Phindile Mkhise como Rafiky

O início já é um arrebatamento que leva crianças, artistas, informatas, arquitetos, todo ao mesmo patamar, vivenciando uma superprodução rica em detalhes que nos transporta a outro universo coroado pela interpretação primorosa de todos os atores e bailarinos. Mesmo se tratando de “leões”, a história que ali se passa é total e absolutamente humana, e isso é a base do fascínio que o filme e o musical tem mostrado por todo esse tempo.

Em uma história clássica como é a do Rei Leão, cujo argumento principal foi inspirado em Hamlet, o público tem que se apaixonar pelo personagem principal, a figura do herói, no caso, Simba.
 
O herói nesse caso representa todas as nossas fraquezas, inseguranças, tristezas e sensação de solidão diante da realidade que se coloca de maneira fria e, aparentemente, impossível de ser suplantada. O público então tem que se identificar com o personagem principal, tem que se apaixonar, sofrer, cair e criar coragem com ele. Isso não se consegue só com uma superprodução irretocável, como é o caso do Rei Leão. A interpretação dos dois atores que fazem o papel de Simba é fundamental nessa viagem na qual o acompanhamos desde o nascimento até a maturidade. 
 
Inicialmente Simba é apresentado como um bebê na Pedra do Rei em uma cena extremamente marcante, embalada pela bela canção “O Ciclo da Vida” interpretada pela atriz sul-africana Phindile Mkhise, que interpreta o personagem Babuíno Shaman Rafiky.

Mufasa e Simba
O tempo passa e o Simba criança é interpretado por Matheus Braga com um talento enorme e raro que nos torna fãs imediatos. Ele nos faz sentir a brincadeira cantando “Mal Posso Esperar para Ser Rei” com técnica apurada que só é suplantada pela alegria e a inocência que ele transmite. A inocência fica clara porque ele não entende que, para ser Rei, o pai que ele respeita, ama e tem como exemplo, deve morrer. 
 
Na morte de Mufasa, apesar de tudo o que já fora apresentado até então surge a expectativa e o susto do tipo “como eles fizeram isso?!!!”, porque se trata do estouro de uma manda de antílopes em cima do palco!!!!! 
 
Novamente é incrível como Matheus Braga, esse jovem grande talento passa toda a fragilidade da criança que se vê perdida diante de um momento tão triste e cruel. Ele consegue nos fazer sentir a sensação de culpa, tristeza e abandono, que só tem alívio na amizade inesperada com Pumba e Timão, terminando o primeiro ato com a célebre Hakuna Matata e tentando deixar o passado para trás, como se não tivesse existido. Novamente o jovem ator mostra uma força de renovação se adaptando à nova condição e se despedindo de um público totalmente cativado por ele.
Matheus Braga como Simba

Tiago Barbosa,o Simba adulto, é perfeito na interpretação, voz rara e também beleza, trazendo todas as dificuldades de um jovem procurando seu lugar na vida. Simba cresce tentando esquecer um passado traumático e vivendo de maneira despreocupada, um dia de cada vez.Tiago passa essa inquietação interna para o público com uma movimentação inspirada em movimentos felinos e posições de luta africana, trazendo inclusive, a brasileira Capoeira. Com o reencontro com Rafiky,Simba acaba tendo que tomar atitudes adultas que são exigidas dele, mesmo sem se sentir preparado. Quem não se identifica com isso? 
Tiago Barbosa como Simba
 
Simba encontra forças em um dos momentos mais emocionantes da história quando o Espírito de Mufasa volta e exige que ele se lembre de quem é na verdade e assuma seu lugar superando todos os medos. Nesse momento em especial a técnica teatral e a interpretação do ator se casam e trazem ao espectador novamente a sensação “como eles fizeram isso?!!!”.  Daí Tiago mostra cantando com vigor e expressão física a força e a coragem para resgatar seu passado.

Agora, para que todo o espetáculo tome forma, por mais incoerente que possa parecer, temos que nos apaixonar também pelo vilão. E Osvaldo Mil traduz todas as emoções humanas que temos e tentamos bravamente evitar que aflorem. Scar, como um típico viláo shakespeareano  tem sua humanidade distorcida revelando fraqueza de caráter, inveja, covardia e cobiça, que são traduzidas por um figurino maravilhoso inspirado em Samurais.

Scar enfrenta Mufasa
Sua máscara deformada, e sua interpretação que mescla momentos de maldade com humor conseguem transformar um ser covarde e desprezível, em uma figura absolutamente fascinante. O “Demônio da Perversidade”, como diria Edgar Allan Poe.
 
Scar
Essa história clássica tem sido contada por diferentes autores de diferentes formas ao longo do tempo. Mesmo conhecendo o filme, tendo lido sobre o espetáculo, ter durante minha vida inteira contato com a arte através da prática do desenho e da pintura, não estava nada preparada para o que iria vivenciar. 

Todas as pessoas deveriam ter acesso a essa celebração à arte, à música, à dramaticidade dos atores e aos efeitos visuais inacreditáveis, que nos levam a uma emoção tão intensa que fica, mesmo com todo o carinho dedicado a esse post, impossível de descrever.
 

Niara e Iuri

Bjo Iuri e Luciano, obrigada por compartilharem este momento comigo.

Iuri e Luciano

1 comment:

Anonymous said...

Olá,
Li seus comentários sobre o Rei Leão e concordo em grande parte com ele.
Minha grande diferença com você é sobre o Simba (adulto). Realmente não me convenceu. A voz é boa mas a interpretação fraca, não transmite emoção. A atuação - como ator - é bem ruim. Em síntese, para mim o Tiago é o elemento fraco do espetáculo, juntamente com as hienas que são muito "chatas". Falta "poder de convencimento" nesses personagens.
José Miguel