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Monday, February 04, 2013

Filme - O Som ao Redor

O Som ao Redor - Poster
Sobre o que mesmo é “O som ao redor”? Solidão? Violência Urbana? Especulação imobiliária? Violência  Rural? Luta de Classes? Vingança familiar? Vazio existencial?  

O que mais poderia incrementar esta lista ?

Ache qualquer coisa  (“relevante” socialmente, é claro)  e registre, pois o filme, enquanto “obra aberta e simbólica”, se presta a qualquer “interpretação ”.  

Eu prefiro ver pelo lado do tédio, do marasmo, do pretensioso, do  ôco total.

A narrativa agrega (meio no estilo Robert Altman, mas sem o mesmo pulso firme) fragmen­tos de histórias de moradores de um bairro classe média do Recife. Ali reside uma fauna humana totalmente desinteressante, inócua e inepta.

Obviamente o diretor, com sua idéia de “crítica” pretende demonstrar algum tipo de vazio existencial-social-emocional-político e tudo o mais que afeta o humano e suas relações.

Só que não convence ( a não ser aqueles que enxergam maravilhas na simbologia de “uma folha caindo”).

Ai, meu saco. Haja paciência e pretensão.

Quanto ao tão aclamado “uso do som”, para mim não significou nada.

Lembro do magnífico Mal dos Trópicos (Sud pralad, 2004), do diretor Apichatpong Weerasethakul, onde o som realmente é um elemento orgânico em cena, chegando em alguns momentos a estar acima das imagens.

No “Som..” os “ruídos” realmente “aparecem”, mas não acrescentam nada à narrativa (exceto no caso da drogada e  estressada com o cusco. Sim, aquela que bate siririca na máquina de lavar roupa).

De resto, algumas cenas rápidas,  um flashes carregados com imagens para assustar (ou chocar, sei lá), e dar um clima "de estranhamento", tipo "tem uma mensagem, um recado, uma reflexão subentendida sobre..."

Mas a coisa não fica só nisto.

Sabe quando o diretor quer “causar” e insere uma jogada esperta (uma coisa sutil ou meio confusa entende? tipo uma "fala", um "som", um "olhar", um "gesto", um "toque", um "silêncio") para fazer com que os espectadores digam "Oh!" e se “sintam inteligentes”?   

Pois bem, “O som”  tá cheio destes expedientes, destes lances bacanas e modernos que seduzem,  que -usando uma palavra mais fina-, "dialogam" com os culturalmente avançados (o que não é o meu caso).

E então assim dizem os entendidos : Que prodígio! Que sutileza!  Que genialidade!

Ai, meu São Michael Haneke da Banda Calypso, me entrega um Michael Bay!

Kleber Mendonça (roteirista e diretor do longa) cita entre alguns de seus mestres Martin Scorcese e John Carpenter. 

E a criatura aqui, ao ver o “Som..”, pergunta-se : o que o Tio Kleber efetivamente aprendeu com tais diretores? Sim porque sua obra não apresenta nada em sintonia com as dos citados.

O longa só enfileira uma bobagem atrás da outra (num ritmo vertiginosamente modorrento) e acaba por compor um quadro absolutamente murcho,  frouxo e fracassado na  tentativa de discutir seja lá o que for.

E a crítica ainda se rasga toda diante deste nada absoluto.

Pavor total.

Obs : A sessão que fomos ver na Casa de Cultura Mario Quintana aqui em Porto Alegre foi abrilhantada pelo som baixo, pela projeção fora de foco (que ocasionou vários gritos – inclusive meu -  de “Olha o foco !”, “Arruma o foco!” ), além da ausência de ar refrigerado. 

Todos estes “pormenores”, acrescidos do vazio do que se via na tela, proporcionaram aos presentes uma inesquecível sessão de tortura.
Uma das "imagens rápidas" montadas para "causar"

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