Texto de Niara Palma
Como é participar de um momento mágico? Como é se sentir
transportado para outro lugar, inesperado, inusitado, surpreendente e ao mesmo
tempo extremamente familiar? Como se tudo que tu esperasses acontecesse, mas de
uma maneira insólita, emocionante, inacreditável?
Hoje participei de um momento mágico, sublime, emocionante.
Conheço e amo o legado de Lupicínio Rodrigues desde criança,
graças à minha mãe, Isis Palma, fã ardorosa do drama, da poesia, da força das
palavras de Lupicínio. Mesmo quando criança, sem passar pelos dissabores do
amor, sentia fascínio pelas palavras fortes, carregadas de emoção.
Com a maturidade, o que eu intuía, passou a fazer sentido, a
tocar fundo na alma, a traduzir sentimentos que não somos capazes de confessar
em voz alta. Mas Lupicínio canta tudo isso, falava de vingança, a dor de ver um
amor nos braços de um outro qualquer, admitia que, por um simples prazer, fui
fazer meu amor infeliz, dizia que nunca, nem que o mundo caia sobre mim, nem se
deus mandar, nem mesmo assim, as pazes contigo eu farei, e tantas outras frases
que demonstram amor, ódio, rancor, sentimentos proibidos na sociedade
politicamente correta e baseada na auto-ajuda por uma vida plena e feliz como a
sociedade de hoje exige.
Mas mesmo assim Lupi, íntimo para nós gaúchos, persiste. Por
quê? Talvez a resposta não demonstre um lado muito bom da minha personalidade,
mas, tendo Lupicínio na alma desde sempre, já pensei várias vezes, não só em
casos de amor, muitos outros: “eu gostei
tanto, tanto quando me contaram, que tive mesmo é que fazer esforço pra ninguém
notar...”
Com toda essa expectativa, assisti ao espetáculo musical
“Vingança” de Anna Toledo, Dirigido por André Dias no Theatro São Pedro lotado,
no dia de aniversário de nascimento de
100 anos de Lupicínio Rodrigues em Porto Alegre.
Dia mais especial,
impossível....
Confesso que já fui emocionada, mas nunca, nem que o mundo
caia sobre mim, poderia dizer que estava preparada para o que estava por vir.
De forma alguma!
Texto de Iuri Palma
Isto é o que eu chamo de "espetáculo", onde todos os recursos, tudo o que se vê em cena cumpre perfeitamente seu papel.
A peça é praticamente irretocável. Os atores, músicos, iluminação, cenografia, tudo conspira para a magia cênica.
Mas, sem dúvida alguma, o que paira, o que se impõe, o que domina é a obra do Lupi.
Confesso que fiquei meio abobado ontem no São Pedro.
Saber que era o dia do centenário do nascimento do gênio e estar assistindo a um musical inspirado nas suas canções foi realmente "perturbador".
Para mim, isto define um artista. Alguém que com sua simplicidade certeira baseada nas paixões humanas, constrói algo que chamamos de "clássico", algo universal e eterno.
E este "clássico" permanece e fecunda em novas obras, atravessando gerações.
"Vingança" é um exemplo disto.
É impossível não se emocionar com o desfile precioso de canções inseridas brilhantemente nos momentos exatos da peça.
Então dá-lhe "Vingança", "Volta", "Esses Moços", "Maria Rosa", "Nunca", "Ela disse-me assim", " Felicidade", " Foi Assim" e tantas outras.
Pelo amor de Deus ! Fala sério ! Não é de cair de quatro salivando e embasbacado?
Magnífico.
Ficha técnica :
Musical de Anna Toledo
Direção Musical Guilherme Terra
Direção Geral André Dias
Com Amanda Acosta, Andrea Marquee, Anna Toledo, Jonathas Joba, Leandro Luna e Sérgio Rufino
Músicos Guilherme Terra (Piano), Jeferson de Lima (Violão) e Ricardo Berti (Percussão)
Direção Musical Guilherme Terra
Direção Geral André Dias
Com Amanda Acosta, Andrea Marquee, Anna Toledo, Jonathas Joba, Leandro Luna e Sérgio Rufino
Músicos Guilherme Terra (Piano), Jeferson de Lima (Violão) e Ricardo Berti (Percussão)
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