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Monday, June 04, 2018

Filme - The Place





Para reencontrar sua vocação religiosa, a freira terá que engravidar.

Para trepar com a modelo do pôster da oficina, o mecânico terá que ser, temporariamente, o anjo da guarda de alguém.

Para que seu marido a ame para sempre, a mulher terá que separar um casal.

Para reaver o dinheiro de um roubo, o policial terá que espancar alguém.

Para voltar a enxergar, o cego terá que estuprar uma mulher.

Para ser bonita, a moça terá que cometer um assalto milionário (com mais alguns centavos).

Para curar seu esposo do Alzheimer, a vovozinha terá que fabricar e explodir uma bomba num local público.

Para salvar seu filho do câncer, o pai terá que matar uma criança

Todos estas pessoas desesperadas querem firmar um pacto com o Homem (Valerio Mastandrea), alguém que realiza desejos, desde que os pedintes retribuam praticando alguma prova.

O Homem atende seus “clientes” numa mesa do “The Place”, cujo dona é Angela (Sabrina Ferilli), uma mulher linda e solitária que fica intrigada com a rotina do Homem no seu bar e tenta se aproximar daquele ser misterioso.

O Homem, longe de ser uma personificação do mal (tipo o demo firmando pactos), age mais como um observador, um curioso - e até um estudioso - da natureza humana.

Ele não discute nem julga os pedidos do povo interesseiro e retira a prova de cada um de uma agenda na qual anota e rabisca o tempo todo.

Por outro lado, fica evidente sua solidão e melancolia.

Angela (como boa observadora que é) tenta se aproximar dele, porém o Homem não corresponde (ou corresponde?) e foca sua ação apenas na administração das tarefas dos pedintes.

E esta administração revela-se bem confusa.

Obviamente o ser humano não é linear e o que acontece é que, à medida que os testes vão sendo tramados e executados, as pessoas (algumas) entram em conflitos, ou são surpreendidas com os efeitos dos desejos atendidos, ou se entusiasmam e partem para novos pedidos.

Claro que, no final, todas arcarão (ou não, depende do ponto de vista) com os efeito dos seus atos.

“The Place” é um filme bizarrrrooooo. Uma viagem total.

O ação se passa apenas dentro de um bar com o povo falando o tempo todo.

E o que é de cair os butiá, é que, mesmo com este cenário restrito, o filme é hipnótico e alcança uma dimensão humana extraordinária utilizando somente as vozes dos personagens.

E é claro que tu fica todo o tempo na fissura de saber como as histórias vão acabar.

Particularmente, quando o filme terminou, eu fiquei tipo “cuméquié??!!”.

Deu "tilt" nos meus miolos e não soube o que pensar.

Mas depois, parando, respirando e refletindo, assumi que “The Place” é um filme ótimo.

Estranho e muito show.

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