Para reencontrar sua vocação religiosa, a freira terá que engravidar.
Para trepar com a modelo do pôster da oficina, o mecânico terá que ser, temporariamente, o anjo da guarda de alguém.
Para que seu marido a ame para sempre, a mulher terá que separar um casal.
Para reaver o dinheiro de um roubo, o policial terá que espancar alguém.
Para voltar a enxergar, o cego terá que estuprar uma mulher.
Para ser bonita, a moça terá que cometer um assalto milionário (com mais alguns centavos).
Para curar seu esposo do Alzheimer, a vovozinha terá que fabricar e explodir uma bomba num local público.
Para salvar seu filho do câncer, o pai terá que matar uma criança
Todos estas pessoas desesperadas querem firmar um pacto com o Homem (Valerio Mastandrea), alguém que realiza desejos, desde que os pedintes retribuam praticando alguma prova.
O Homem atende seus “clientes” numa mesa do “The Place”, cujo dona é Angela (Sabrina Ferilli), uma mulher linda e solitária que fica intrigada com a rotina do Homem no seu bar e tenta se aproximar daquele ser misterioso.
O Homem, longe de ser uma personificação do mal (tipo o demo firmando pactos), age mais como um observador, um curioso - e até um estudioso - da natureza humana.
Ele não discute nem julga os pedidos do povo interesseiro e retira a prova de cada um de uma agenda na qual anota e rabisca o tempo todo.
Por outro lado, fica evidente sua solidão e melancolia.
Angela (como boa observadora que é) tenta se aproximar dele, porém o Homem não corresponde (ou corresponde?) e foca sua ação apenas na administração das tarefas dos pedintes.
E esta administração revela-se bem confusa.
Obviamente o ser humano não é linear e o que acontece é que, à medida que os testes vão sendo tramados e executados, as pessoas (algumas) entram em conflitos, ou são surpreendidas com os efeitos dos desejos atendidos, ou se entusiasmam e partem para novos pedidos.
Claro que, no final, todas arcarão (ou não, depende do ponto de vista) com os efeito dos seus atos.
“The Place” é um filme bizarrrrooooo. Uma viagem total.
O ação se passa apenas dentro de um bar com o povo falando o tempo todo.
E o que é de cair os butiá, é que, mesmo com este cenário restrito, o filme é hipnótico e alcança uma dimensão humana extraordinária utilizando somente as vozes dos personagens.
E é claro que tu fica todo o tempo na fissura de saber como as histórias vão acabar.
Particularmente, quando o filme terminou, eu fiquei tipo “cuméquié??!!”.
Deu "tilt" nos meus miolos e não soube o que pensar.
Mas depois, parando, respirando e refletindo, assumi que “The Place” é um filme ótimo.
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