Fragmentos de "Bonitinha mas ordinária", "Os sete gatinhos",
"Toda nudez será castigada", "Álbum de família", "Vestido de noiva", "A falecida", e
outros textos do Nelson Rodrigues, desfilaram ontem à noite na Cia de Arte, na peça “Amores Obsessivos” montada pela Cômica
Cultural.
A intenção da montagem pareceu ser ótima e ousada mas a verdade é que vários
defeitos atrapalharam e muito a fruição do espetáculo.
Pra começar, o espaço da Cia
de Arte, transformado numa espécie de cabaré, dificulta tanto a visão do
público quanto a movimentação dos atores (várias vezes eles tropeçaram nos
degraus da sala e eventualmente ouvia-se algum objeto caindo ou batendo fora de
cena).
O encadeamento dos excertos é fraco e primário, com os intervalos entre um
e outro sendo marcado pelo óbvio apagar das luzes.
Os textos explicativos sobre
Nelson e sua obra, inseridos aqui e ali em alguns momentos, não ajudam em nada
o todo, e o público fica com a impressão de que assiste uma aula truncada e pouco
elucidativa, calcada muito nos pretensos
aspectos escandalosos do autor.
No mais, falta ritmo e não há diálogo (pelo menos perceptível)
entre os textos. Cada fragmento é estanque
em seu conteúdo.
Porém felizmente Nelson é Nelson e seu texto consegue manter
seu vigor mesmo sob as intempéries da montagem.
Elton Paula, Emiliano Speck e Nathan Denck detonam nos seus
papéis de cafajestes ou cornos.
As mulheres, com destaque absoluto para
Laura Medina, encarnam muito bem as neuróticas, pudicas, sofredoras, adúlteras e safadas
rodrigueanas, complementando o painel de pura loucura nonsense.
No final das contas, mesmo com as várias falhas observadas, a
peça vale a pena somente pelo fato de trazer ao público a genialidade do nosso
maior dramaturgo.
Legal.
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