Bjork e Niara |
Nesses
últimos dias passei por um tratamento complicado nos olhos e ainda terei duas
cirurgias pela frente. Claro que isso me deixa mais sensível do normal.
Esse
preâmbulo é somente para contextualizar a verdadeira história que quero tratar
nesse post. Na verdade o assunto é outro, mais singelo, mais puro.
No dia 16 de
novembro, estava em casa repousando e tentando assistir a televisão. Estava,
como de hábito, recostada no sofá quando senti um leve toque no meu ombro. Era
minha gata Bjork avisando que estava ali. Era como se ela dissesse "você não
está sozinha mamãe, estou aqui contigo, te fazendo companhia"
Eu estava
com o celular à mão e quis tirar uma foto daquele momento. Quem conhece gatos
sabe que tirar uma foto dessas é praticamente impossível, pois eles mudam de
ação de forma muito rápida. Mas nesse dia não, ela permaneceu fazendo
carinho com o focinho o tempo suficiente para que eu pudesse tirar a tão
desejada e rara foto.
Postei a
foto no Facebook e uma coisa inédita aconteceu : tive 37 curtir.
Talvez possa parecer pouco, mas além do número, o que me surpreendeu foi a
manifestação de amigos que nunca antes haviam curtido minhas fotos. E isso
aconteceu de forma muito rápida também.
Comecei a
pensar no motivo pelo qual essa foto tinha se tornado tão especial. A beleza da
gata siamesa? O inusitado do tipo de foto sendo uma gata a personagem
principal? O carinho demonstrado?
Talvez
contando a trajetória da minha relação com a Bjork, o motivo fique mais claro :
Ela não foi minha desde pequena. Antes disso foi comprada por amigos e minha
sobrinha Ana escolheu seu nome. Quando soube, pensei, sendo também fã dessa
cantora : “porque não pensei nisso antes? Que nome legal!”
Durante
algum tempo recebi notícias de longe e fiquei sabendo que ela tinha dado à luz a seis
gatinhos, estava muito magra e que em um determinado dia tinha chegado a
desmaiar.
Uma bela noite,
eu, meu irmão Iuri e meu cunhado Luciano fomos convidados pra jantar na casa de nossa
sobrinha Ana e, para nossa surpresa, nossos amigos haviam deixado a Bjork na
casa dela, pois estavam viajando e pensavam na possibilidade de doar a gatinha.
Quando vimos
aquela gata com extrema magreza, eu e meu cunhado conspiramos para levá-la
para minha casa, pois decidi na hora adotá-la. Pegamos uma toalha de nossa
sobrinha, enrolamos e sequestramos minha nova filha levando-a para meu
apartamento. Pedi à Ana que avisasse aos nossos amigos o acontecido.
Em casa, os
primeiros dias foram uma tragédia. Minhas gatas mais velhas e maiores batiam na
nova irmã e eu vivia apartando as brigas. Por medo de banho, ela não entrava no
banheiro onde fica a caixa de areia e, para meu horror, fez necessidades em um lugar que eu não
descobria. Minha família foi contra, disse que minha casa estava inabitável - brigas, uma confusão total.
Com o tempo
as coisas se ajeitaram, ela aprendeu a utilizar a caixa de areia, as brigas
felinas reduziram e ela foi se recuperando com a comida especial que eu
passei a preparar para que ela (fígado de frango
grelhado).
Bjork |
Com o tempo ela tornou-se uma gata realmente linda, chamando a
atenção de quem me visitava, chegando ao ponto de me pedirem ela de presente.
Ela começou
a se relacionar comigo de forma diferente das outras, pois sempre foi mais brincalhona. Adora até hoje que eu jogue papel de bombom para ir buscar correndo e trazer de
volta, como se fosse um cachorro. Quando vou dormir, corre para a cama para
brincar de se esconder sob as cobertas.
Nos últimos
tempos, entretanto, seu comportamento se modificou. Ela, que sempre dormiu nos
meus pés ou fora da cama, em virtude dos lugares mais nobres (ao lado do meu
travesseiro e em cima de mim) serem ocupados pelas gatas mais velhas - a malvada Nicky
e a malhada Jackye Brown -, começou a brigar para mudar a posição. Eu disse aos meus familiares e amigos: "A Bi (apelido
carinhoso) perdeu o amor à vida! Desafiou a hieararquia e começou a brigar com a Nicky para poder deitar
ao meu lado!"
E tanto
incomodou que conseguiu. Hoje ela dorme ao lado do meu travesseiro em cima da
minha mão, de preferência. Eu não imaginava no início de nossa relação que
essa iria evoluir para um amor tão profundo, tanto que lhe deu coragem de desafiar as
irmãs que têm o dobro do tamanho dela. E principalmente a Nicky (Nicole Kidman
Palma), que é arisca e malvada!
Dei-me conta
então que a atração da foto citada no início da história, e que é o motivo
desse post, é a demonstração de um amor construído de forma conturbada,
inesperada, com valentia e coragem por parte dela.
A foto conta
toda essa história, mesmo que as pessoas não a conheçam. O que aparece ali, não
é um tipo de sentimento que nasce de uma hora para outra e penso que quem viu e
curtiu, sentiu isso, mesmo que inconscientemente, pela expressão sua e a minha
alegria em receber esse amor puro no momento de fragilidade pelo qual estou
passando, apesar do apoio da família e dos amigos queridos.
Bjork Palma
é uma companheira como poucas e hoje sinto que, apesar dos tropeços iniciais,
foi a decisão mais correta que eu poderia ter tido.
Dedico esse
Post a todos os amantes de felinos que sabem reconhecer nessas criaturas nobres
e independentes a felicidade que podem
trazer às suas vidas.
1 comment:
Que texto mais lindo, que amor mais lindo, Niara. Esses felinos são demais. Bjos
Post a Comment