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Tuesday, December 19, 2017

Teatro - Amores Obsessivos (Fragmentos de Nelson Rodrigues)




Fragmentos de "Bonitinha mas ordinária", "Os sete gatinhos", "Toda nudez será castigada", "Álbum de família", "Vestido de noiva", "A falecida", e outros textos do Nelson Rodrigues, desfilaram ontem à noite na Cia de Arte,  na peça “Amores Obsessivos” montada pela Cômica Cultural.

A intenção da montagem pareceu ser ótima e ousada mas a verdade é que vários defeitos atrapalharam e muito a fruição do espetáculo. 

Pra começar,  o espaço da Cia de Arte, transformado numa espécie de cabaré, dificulta tanto a visão do público quanto a movimentação dos atores (várias vezes eles tropeçaram nos degraus da sala e eventualmente ouvia-se algum objeto caindo ou batendo fora de cena).

O encadeamento dos excertos é fraco e primário, com os intervalos entre um e outro sendo marcado pelo óbvio apagar das luzes. 

Os textos explicativos sobre Nelson e sua obra, inseridos aqui e ali em alguns momentos, não ajudam em nada o todo, e o público fica com a impressão de que assiste uma aula truncada e pouco elucidativa,  calcada muito nos pretensos aspectos escandalosos do autor. 

No mais, falta ritmo e não há diálogo (pelo menos perceptível)  entre os textos. Cada fragmento é estanque em seu conteúdo. 

Porém felizmente Nelson é Nelson e seu texto consegue manter seu vigor mesmo sob as intempéries da montagem.

Elton Paula, Emiliano Speck e Nathan Denck detonam nos seus papéis de cafajestes ou cornos. 

As mulheres, com destaque absoluto para Laura Medina, encarnam muito bem as neuróticas, pudicas, sofredoras, adúlteras e safadas rodrigueanas, complementando o painel de pura loucura nonsense.

No final das contas, mesmo com as várias falhas observadas, a peça vale a pena somente pelo fato de trazer ao público a genialidade do nosso maior dramaturgo.   

Legal.