Hino do Blog - Clique para ouvir

Hino do Blog : " ...e todas as vozes da minha cabeça, agora ... juntas. Não pára não - até o chão - elas estão descontroladas..."
Clique para ouvir

Friday, September 29, 2017

Filme - The End of The End (Último show do Black Sabbath)


Emocionante.

Esta é a descrição de "The End of the End", documentário que mostra o ultimo show da banda Black Sabbath,  em Birminghan em 4 de Fevereiro deste ano, e que teve apresentação única ontem em cinemas selecionados espalhados pelo mundo todo.

Aqui em Porto Alegre, o público no Cinemark do BarraShopping presente ontem à noite, reunia dinossauros do rock de terceira idade (eu incluído), adultos, jovens e crianças (tinha até uma menininha com uma boneca), todos unidos na celebração do som poderoso perpetrado por Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler (e mais o baterista contratado Tommy Clufetos que não deixou pedra sobre pedra na sua performance). 

E dá-lhe "Paranoid","Fairies Wear Boots", "War Pigs", "Iron Man", "Black Sabbath", "Snow Blind" e outras, executadas com tesão e garra para delírio do povo no estádio, e também no cinema. 

Mas o que me "caiu todos os butiá do bolso" foi a execução de "Changes", em versão quase que improvisada num estúdio, bem ao final do filme. 

Que momento magnífico. 

Eu, que já tinha chorado quando eles tocaram "Paranoid", me derramei em lágrimas com "Changes" e só pensava no fiasco que seria as luzes acenderem e eu com o rímel todo borrado. 

Mas, graças aos deuses do rock, o filme tem várias cenas extras após os créditos finais, e então pude me recompor e sair de boa. 

O engraçado foi que, ao saírmos, um amigo que estava conosco confessou que também tinha chorado cascatas em "Changes" e que também estava receoso de sair fungando da sala.

... He he ... bizarro... 

De qualquer forma o documentário é destruidor. Rock pesado, visceral, direto na veia para ser ouvido no volume máximo e lavar a alma. 

Magnífico.

Tuesday, September 26, 2017

Mundo Gay - O que define um ícone gay atualmente ?



Ser queer é ser um perdedor.

Ser queer é ser um estranho em desvantagem perpétua frente a um mundo “normal”, binário e encaixotado.

Ser queer é buscar conforto e validação para si próprio ao observar, admirar e “empatizar” com histórias de triunfo pessoal de personalidades poderosas e conhecidas, pois, tais histórias lembram sempre que, apesar de tudo, a vida pode ser melhor.

Ser queer é manter essas histórias em grande consideração, idolatrando-as e certificando-se de que jamais serão esquecidas.

Ser “queer” é celebrar o perdedor que se tornou um vencedor, mas que nunca perdeu contato com suas origens.

Historicamente, os genuínos ícones LGBT enfrentaram alguma espécie de sofrimento público, porém mostraram extraordinária resiliência debaixo do olhar alheio.

Judy Garland, que uma vez foi considerada um "patinho feio", lutou para tornar-se uma lenda evidenciando suas inseguranças, e se tornou um farol de esperanças para as adversidades do povo queer.
Grace Jones, também, em toda a sua furiosa bravata punk, persiste, pois o modo como expressa seu inquebrável senso de si mesma , “normaliza” o estranho.

Ícones queer, então, são revolucionários, vigorosos e magnéticos.

Elliott H. Powell, professor assistente da Universidade de Minnesota, diz claramente : ícones queer são "aqueles que, consistentemente e publicamente, desbravam fronteiras e lutam contra preconceitos raciais, sexuais e de gênero".

A recusa do status quo faz dos Ícones “queer” "professores e guias da inconformidade.

Eles nos ajudam a enfrentar as opressões do presente, e nos ajudam a sonhar com outro mundo de possibilidades ".

A questão de quem merece esse título, no entanto, não é tão facilmente respondida.

Noah Michelson, o diretor editorial da HuffPost's Voices e o editor executivo das Queer Voices da HuffPost, diz que a resposta é subjetiva.

Claro, existem os óbvios ícones queer, como Madonna, Cher, RuPaul, Ellen, e até mesmo Oscar Wilde, pessoas cujas carreiras e vidas públicas devem muito à comunidade queer, seja por meio de identificação e / ou vivendo suas verdades com orgulho.

Eles são pioneiros e têm algo a dizer.

"É difícil, hoje em dia, ser um ícone queer", diz Michelson, porque no momento em que você atribui esse título a alguém, fica mais fácil listar todas as razões pelas quais eles podem não ser dignos disso.

Eles são defensores da causa LGBT? Eles devem ser defensores ou somente o exemplo de suas vidas é o suficiente?


"A função a que servem é uma espécie de encarnação dos valores do momento, quer isto se trate de dizer “verdades para o poder”, quer se trate ser bem sucedido, ou então que isto signifique apenas ser muito bonito", diz, Riese, a fundadora, editora-chefe e CEO da Autostraddle.

"Historicamente", ela acrescenta, "as mulheres (ídolos) queer têm sido relacionadas à mulheres que comandam a porra toda; são aquelas que estão cagando para o que os homens pensam sobre elas, aquelas que são donas do próprio nariz”.

Também, uma ou outra não precisa necessariamente se identificar como queer para ser transformada em ícone.

Michelle Obama e Hillary Clinton surgem numa escala especial de ícones queer por sua perseverança e humildade.

Britney Spears, que se identifica como uma mulher heterossexual cisgênero, é um pilar de força e tenacidade, constantemente lançando musicas que bombam em clubes, bares, casas e outros espaços LGBT.

Agora, com a revolução do gênero em pleno andamento, Powell considera Laverne Cox como um excelente exemplo de um ícone queer moderno.

"Eu adoro muitas coisas sobre Laverne Cox, mas o que acho especial é como ela usa sua fama para abordar questões políticas urgentes", explica ele.

"Quer seja produtora executiva do documentário CeCe McDonald, que aborda o policiamento e o encarceramento em massa de mulheres trans negras, ou usando os Grammys para dar a conhecer a história de Gavin Grimm, Laverne Cox mostra como usar seu acesso à midia para falar sobre realidades concretas diárias.

"Cox também”, acrescenta ele”, “mantém a luz brilhando sobre figuras históricas cujas jornadas a ajudaram a chegar onde ela está hoje, pessoas como" Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera, Miss Major, Lady Chablis, Diahann Carroll, Janet Jackson, Rihanna , e, claro, Beyoncé. "

Este é um ponto importante em ser um ícone queer : não apagar o passado, mas sim honrá-lo, comemorá-lo e trabalhar para manter vivos os nomes dos “ancestrais” queer.

Powell cita o "Snatch Game" no RuPaul's Drag Race, um segmento do show onde as rainhas drag devem se vestir e representar personalidades icônicas, como sendo uma ótima lição sobre a história queer , “ [destacando] ícones queer que muitas vezes são ignorados num mundo cheio de falta de conhecimento e/ ou esquecimento”.

Icones queer realmente são fontes de conforto e inspiração.

Historicamente, os homens queer celebram as personalidades femininas fortes, pois, como diz Michelson, "a sexualidade masculina queer tem sido ligada à sexualidade feminina, pois ambas são fortemente demonizadas e vigiadas.”.

Ícones queer são aqueles que triunfaram quando quase tudo funcionava contra eles.

Eles podem ser qualquer um ou, bem, qualquer coisa ( como o agora referenciado ìcone queer, Babadook). "Eu acho que todos são dignos de uma certa maneira, seja por eles fazerem as pessoas se sentirem liberadas ou empoderadas, diz Michelson.

Ícones queer fornecem uma fuga necessária para alcançar a paz pessoal e aumentar a autoconfiança.

Atualmente pode alguém ser um ícone queer e não ser um militante LGBT?

Sim, pois qualquer pessoa pode ser um ícone se ela ajuda alguém a amar a sí mesmo (porém a identificação e o enfrentamento do poder são vitais para o movimento do direito queer.)

Seria surpreendente que todos os ícones queer fossem abertos politica e socialmente, mas, como diz Michelson, um indivíduo não precisa "preencher todos os requisitos" para ser aprovado com louvor.

Riese, no entanto, vê as coisas um pouco diferente, dizendo que "definitivamente ser “estranho” - queer- é uma grande razão para tornar-se um ícone queer”

Com Beyoncé como exemplo, ela diz "o dela contratar apenas mulheres para trabalhar nas suas turnês, de que toda sua banda é composta por mulheres, e dela ser muito franca quando trata de assuntos de feminismo ou racismo, faz dela um ícone queer”

São aqueles que tomam posição, e usam sua poder para elevar e apoiar as vozes das pessoas marginalizadas, que se tornam ícones queer.

Eles nos lembram onde estivemos, para que possamos trabalhar para um futuro melhor e mais inclusivo.

Ícones queer são então um lar de de liberdade, um lar de sonho talvez, mas ainda um lar.

===========================================
  
Link para a matéria original abaixo :


Monday, September 25, 2017

Mundo Gay - Gente com merda na cabeça - Primeiro casamento de gays neonazistas em Charlottesville (Virginia, EUA)

Matthew Brooks,  e  Shawn Thomas

Em meio ao caos e à violência dos recentes distúrbios de Charlottesville, dois amantes neo-nazistas locais decidiram unir seus destinos em casamento.

Sob o auspício do padre Bartolomeu Frederickson da Igreja Episcopal de São Francisco, dois neonazistas se uniram perante Deus durante o que se acredita ser o maior encontro de nacionalistas brancos, neonazistas e membros do Ku Klux Klan em décadas.

"Que dia melhor para mostrar nosso amor ao mundo do que este belo evento que reúne milhares de pessoas da mesma fé e crenças raciais? ", disse Matthew Brooks, o feliz recém casado aos repórteres.

"Nem todos os neonazistas são contra os homossexuais. O amor entre dois machos arianos brancos é uma coisa linda, mas isto não seria a mesma coisa se fosse com um negro ou com um promíscuo”, esclareceu ele.

O padre Frederickson defende-se de ter feito algo errado, pois a Igreja Episcopal afirma claramente que os bispos, por si próprios, podem escolher se devem ou não permitir a benção de uniões do mesmo sexo em suas dioceses

O casamento, que foi oficiado pelo padre Frederickson em uma casa particular onde 62 convidados participaram das festividades, é oficialmente a primeira "união gay neo-nazista" no estado da Virgínia conforme os novos casados Matthew Brooks, 56, e Shawn Thomas, 52 .

Embora os recém-casados sejam ambos membros do grupo de supremacia branca “Vanguard America”, com sede na Virgínia desde 2005, nenhum porta-voz oficial da “Vanguard America” estava disponível para comentários.

 -----------------------------

Link para a notícia original. 


Teatro - Antígona


Um momento único. 

Para mim, uma das melhores peças do Festival Porto Alegre em Cena juntamente com "O Testamento de Maria" - e de resto uma das melhores que vi na minha vida. 

Na encenação apresentada no Teatro São Pedro, a tragédia de Sófocles é contada por uma extraordinária e intensa Andréa Beltrão, que se reveza, de forma assombrosa, entre vários personagens da história, além da óbvia Antígona. 

Temos então o vingativo Creonte, o trágico Édipo, o sábio e amaldiçoado Tirésias, a arrependida Ismênia, o apaixonado Hemom e muitos outros vindo à cena pela força, energia e talento da Andrea. 

Fantástico. 

Uma encenação que comprova a atualidade e a perenidade dos clássicos, além impactar com a força que só teatro é capaz.. 

Inesquecível. 

Fiquei de joelhos ....

Teatro - Lifting

“Lifting” é uma peça do espanhol Felix Sabroso (com a fantástica Drica Moraes e outras mais) que pretende divertir enfileirando sketches, de “mulheres à beira de um ataque de nervos”, às voltas com os problemas da ditadura da beleza.

Só que não.

O que vemos é uma colcha de retalhos, descosturada e mal arrematada, que apresenta, aqui ou ali um ou outro momento de humor proporcionado por algumas situações bizarras, surreais, absurdas.

 Porém estes momentos não são suficientes para encobrir alguns discursos bem preconceituosos do texto quanto à aparência feminina – e alguma coisa da masculina também - , tipo a condenação explícita de rugas, barriga, culotes, peitos e bundas caídas, calvície, etc, tudo jogado na cara da plateia de uma “forma cômica” e "reflexiva".

…. hummm …. 

Enfim, é claro que tudo pode ser visto como uma grande crítica à imposição “do belo”, como uma crítica à incessante busca da perfeição à qual as mulheres, inseguras, se lançam almejando a eterna juventude. 

Sim, a obra pode até ter esta leitura, porém a forma como a maioria das coisas foi apresentada me cheirou preconceituosa.

No final não sei se a peça condenou ou validou a neurose quanto as tais intervenções estéticas, as quais, para mim, são completamente válidas desde que a pessoa não extrapole e se torne um zumbi esticado. 

Mas a peça é ruim e não vale a pena…

Friday, September 22, 2017

Mundo Gay - Sobre a tal "cura gay"




Desde que o juiz da 14ª Vara do Distrito Federal, Waldemar Cláudio de Carvalho, acatou a liminar proposta pela "psicóloga" Rozângela Alves Justino – uma “profissional” presbiteriana (casualmente a mesma religião da mãe do filme “Orações para Bobby – quem não viu, veja), dona de uma entidade descrita como associação de "apoio ao ser humano constituída segundo os princípios cristãos", e que quer "garantir o direito de pessoas de deixar a homossexualidade" –, temos visto algumas manifestações de “entendedores” (como o MBL e outros) dizendo que o acatamento da liminar não representa nenhum tipo de ideia de “cura gay” e que toda a gritaria, contra a decisão judicial, é burra e injustificada.

Será ?

Vejamos.

Mas vamos por parte :

--------------------------------------------------------------------------

1) O que é uma liminar ?

Liminar é uma decisão judicial que analisa um pedido urgente. 

Tipo a situação de alguém que não pode esperar que seu processo transite de forma “normal” na justiça. 

Alguém que tem uma situação de fragilidade premente e que precisa de uma decisão imediata, mesmo que seja precária. 

Uma liminar tem como requisitos o “fumus bonis iuris” (quando há fundamentos jurídicos aceitáveis) e o “periculum in mora” (quando a demora da decisão causar prejuízos).

Ou seja, a doutora tava louca de pressa.
--------------------------------------------------------------------------

2) Mas o que consta no seu pedido ?

Objeto : Pedido de liminar contra a Resolução 001/1999 do CFP (Conselho Federal de Psicologia)

--------------------------------------------------------------------------

3) O que é a Resolução 001/1999 do CFP?

É uma Resolução que “estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual”

--------------------------------------------------------------------------
4) O que diz esta Resolução ?

A Resolução 001/1999 diz, entre outras coisas :

Os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.”

"Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”

"Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de com unicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.”


Então, a liminar proposta pela “Ro” é contra a maneira como os psicólogos foram orientados a agir no que diz respeito à homossexualidade.



--------------------------------------------------------------------------

5) O que ela pede explicitamente ?

A doutora pede a suspensão dos efeitos da Resolução 001/1999 do CFP, dizendo que a Resolução é um “verdadeiro ato de censura” e que impede os psicólogos de “desenvolver estudos, atendimentos e pesquisas científicas acerca dos comportamentos ou práticas homoeróticas”;

Ou seja, a liminar quer que os psicólogos possam sim, enxergar a homossexualidade como um desvio – ou uma prática- que deva ser “estudado”, “atendido” e “pesquisado”.

Ora, se a OMS (Organização Mundial de Saúde) já definiu que a homossexualidade é algo natural, por que os psicólogos brasileiros deveriam ver a questão como “estranha”?

Por que não, então, estabelecer que a heterossexualidade, por ser tão natural quanto, também seja passível de “estudo”, “atendimento” e “pesquisa”?

Que piada, né ?

--------------------------------------------------------------------------

6) E o tal juiz o que fez ?

Deferiu (ou aceitou) a liminar e determinou que o Conselho Federal de Psicologia aceite que seus profissionais promovam “estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual”


Ou seja, de agora em diante os psicólogos podem desenvolver estudos e atender casos de (re)orientação sexual, no que se refere à homossexualidade.


--------------------------------------------------------------------------

E ainda tem gente que a liminar não fala sobre cura gay?


Abaixo, imagens da liminar 

-------------------------------------------------------------------------
Sobre o que trata a liminar :
  Sobre a decisão do Juíz :

------------------------------------------

No link abaixo um texto excelente com muitos mais esclarecimentos sobre este disparate:

As Entrelinhas da 'Liminar da Cura Gay': a homofobia disfarçada de liberdade





Teatro - O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu

Renata Carvalho como Jesus trans
















Acabo de sair do teatro onde assisti 'O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu', a tal de peça profana que muita gente, sem ver, se largou a jogar pedras e pediu sua proibição.

O que tenho a dizer?

Pelo que vi, para mim tudo o que foi apresentado se resume a uma única pergunta : "Um gay é alguém capaz de atos de bondade (ou ser objeto de bondade) conforme Cristo ensinou, ou não ?"

Se as pessoas acham que sim, que um gay tem capacidade de agir de forma bondosa (conforme a mensagem do Salvador), a peça definitivamente não tem nada, absolutamente nada, de profano ou agressivo à religião cristã.

Muito pelo contrário : a peça celebra a palavra de Cristo no que ela tem de mais boa, sábia e inclusiva.

Agora, se alguém pensa que um gay é pecador, alguém que só age com maldade e definitivamente não possui valor algum - e que deve ser extirpado da sociedade-, a peça sim pode ser considerada profana só pelo fato dela ter uma forte pegada “queer” (mas que não se esgota nisto).

Só que, para mim, uma pessoa que pensa assim não vive a palavra de Cristo. Alguém assim é o tipo de pessoa que sempre tem um dedo em riste julgando os demais, e que se esquece da imortal “quem nunca pecou que atire a primeira pedra”.

Portanto não sei mesmo o porque de tanta celeuma por causa de uma obra totalmente pró Cristo.

Além disto, o fato da figura do Rei dos Reis ser representada por uma travesti em momento algum rebaixa sua imagem.

Ao contrário; o que temos, no desenrolar da ação, é este "ser híbrido" divulgando uma constante mensagem de união e comunhão entre todos, independente de gênero (o que eu acredito que Cristo faria).

Enfim, o que eu acho mais bizarro é que a excepcional peça “O testamento de Maria”, que vimos ontem neste mesmo festival, é infinitamente, repito, infinitamente mais “profana” que a peça “da travesti”, e sobre “O testamento” ninguém falou nada (certamente porque os tais “formadores de opinião”, que influenciam a massa de “zumbis da moral”, não manjam nada de teatro e se ligam apenas no sensacionalismo barato, se ligam apenas no assunto “que causa”).

Sim, acreditem, “O testamento de Maria” - que passou em brancas nuvens- é uma peça afrontosamente anti-cristã (literalmente acaba com tudo) enquanto “O evangelho” é totalmente pró Cristo.

Portanto, quem joga pedra nesta peça, revela que só sabe papagaiar o que ouve na mídia, sem ter o mínimo de conhecimento ou capacidade intelectual de refletir e pensar por si próprio. Ou então é alguém que, em sua alma, anseia pelo Genocídio Gay.

Mas enfim, vamos em frente…. Bola adiante….

Só é triste constatar, quando este tipo de coisa acontece, o tamanho da desinformação e preconceito que ainda existe por aí...

Porém, quem sabe um dia ...

Teatro - O Testamento de Maria

















Ver a figura de Maria, mãe de Jesus, vinculada explicitamente à deusa grega Ártemis - uma deusa que expressa uma síntese das energias multifacetadas da essência feminina – é simplesmente desestabilizador.

Ainda mais se esta mesma figura de Maria se expressa como as mulheres trágicas e ameaçadoras do teatro grego - como Medeia, Antígona, Electra, Hécuba –, personagens que trazem em si a força da natureza, dos elementos, do destemor de revirar suas fúrias .

Porém é isto o que vivemos diante da estupenda peça “O testamento de Maria”, apresentada nesta edição do Porto Alegre em Cena. 

Escrita por Colm Tóibin, e encenada com sucesso na Broadway, “O testamento de Maria” é um monólogo dramático avassalador, defendido pela vulcânica Denise Weinberg de forma absolutamente assombrosa, que detona as verdades criadas e impostas por uma religiosidade presunçosa, que estabelece “leis” - criadas pelo homem - para aterrorizar, controlar e rebaixar a espiritualidade..

O que temos na peça é uma contundente denúncia daquele tipo de crença que se julga “superior”, detentora do “conhecimento”, conhecedora das “leis”, que se baseia “no que está escrito” para justificar seus atos de maldade, interesse e preconceito (algo bem evidente no Brasil atual)

Fiquei absolutamente pasmo. Me caiu todos os butia do bolso.

Definitivamente uma das melhores peças da minha vida.

Thursday, September 21, 2017

Mundo Gay - Pabblo Vittar - Haters gonna Hate


Alguns haters da Pabllo Vittar têm postado ultimamente mensagens dizendo que os artistas gays bons eram, por exemplo, Elton John, Freddie Mercury, Ney Matogrosso, Cazuza, Renato Russo e outros.

Que toda esta ladainha em cima da Pabllo é desnecessária, pois o mundo LGBT já estava muito melhor representado por tais ícones.

Bem, quem pensa assim tá completamente equivocado.

Primeiro, todos os artistas citados “performaram”, se não dentro, pelo menos nos limites da figuração hétero.

Destes, somente Ney Matogrosso foi quem criou uma “persona” diferenciada. Porém a estampa do Ney era pura androginia – algo fortemente vinculado à natureza, ou algo cibernético, sei lá -, algo indefinido, que permitia as mais diversas interpretações, inclusive ser visto como um palhaço pelas crianças. Assim, nenhum destes artistas nunca representou um “mal” para a família tradicional brasileira.

Pabllo não. Pablo é a primeira travesti (ou drag) que chega ao mainstream brasileiro.

E travesti, todos sabem, faz parte de uma minoria marginalizada, perseguida e definitivamente não aceita socialmente.

Pabllo é pioneira.Nunca antes, na história da música brasileira, isto tinha acontecido.

Também, dentro do grupo dos tais artistas “gays normais”, nenhum -absolutamente nenhum– iniciou sua carreira já sendo um defensor ferrenho da causa LGBT. Nenhum começou sua trajetória já dando a cara a tapa e promovendo o empoderamento das minorias como a Pablo fez.

Alguns deles, com o passar dos anos, promoveram sim discursos e até trabalhos gay friendly (vide o cd “The Stonewall Celebration Concert”, do Renato), mas nenhum se colocou lado a lado com a causa logo de início.
Pablo é totalmente o oposto e já saiu levando porrada direto (inclusive dos gays).

E quanto à musica ?

Os haters dizem que a música da Pabllo é “menor” se comparada aos outros mestres. Que a música dela “não tem profundiade”, “não tem poesia”, é “menor”, é “porcaria”, e isto e aquilo. PQP ! Mais uma vez, quem fala este tipo de coisa só revela desconhecimento, pois não tem a mínima coerência comparar a Pabblo com Cazuza, por exemplo.

Pabllo vem na linha da “drag music”, um estilo cujo primeiro registro no Brasil data de 1995, quando a travesti carioca Andreia Gasparetty lançou o cd “Escândalo” que trazia a pérola Desaqüenda la Mona.

Sim, 1995! Lá já se ouvia -somente dentro da comunidade gay é claro- este tipo de música “superficial” e “descerebrada” feita “apenas” para divertir, estilo que os tais conhecedores do que é "bom e de valor” tanto detestam. Isto é puro preconceito.

E, por fim, os haters adoram dizer que ela “canta mal”.

Bem, só tenho a dizer que, quem quer se divertir pouco tá se lixando se quem tá cantando é a Callas ou a Florence Foster Jenkins.

O povo quer mais é se jogar e ser feliz, livre e sem preconceito.

E como isto incomoda…

PS.: É óbvio que este texto em momento algum tem a intenção de desmerecer o trabalho de todos os ícones gays citados (os brasileiros foram estudados dentro do trabalho sobre MPB GAY disponibilizado nos links abaixo).

Todos são extraordinários e tiveram suas carreiras influenciadas de acordo com o período histórico no qual surgiram e/ou aconteceram, o que explica seus posicionamentos extra-música.

O que incomoda é esta necessidade dos haters em rebaixar de todas as formas o trabalho da Pabllo, inclusive criando comparações esdrúxulas e desnecessárias. 


Para quem quiser saber mais sobre a música Gay no Brasil, disponibilizo os links (cinco partes) de um trabalho que desenvolvi para um curso de Especialização em Literatura Brasileira (UFRGS)
Quarta parte  
Quinta parte

Friday, September 15, 2017

Filme - "Tom of Finland"


Neste momento no qual se discute o que é ou não arte, o que dizer de um artista cuja obra surgiu em revistas gays semi-clandestinas de quinta qualidade da década de 50, e que hoje conta com itens no acervo no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque, e que também foi objeto de exposição no Instituto Cultural Finlandes (Paris), Casa da Cultura (Estocolmo), Museu de Arte Contemporânea (Los Angeles), Instituto de Arte Contemporânea (Londres) e outros, além de ter sido publicado pela editora Taschen em item de luxo ?

O artista em questão é o Touko Valio Laaksonen, que agora tem sua vida, obra e influência mostrada no filme “Tom of Finland” (2017) de Dome Karukoski,  uma produção de cinco milhões de euros que demandou três anos de filmagens na Finlândia, Suécia, Alemanha, Espanha e Estados Unidos 

Segundo seu diretor, a obra foi proibida em mais de 50 países por seu tom abertamente homossexual, sobretudo em países de expressão árabe. 

Verdade ou não, o lance é que o filme pode incomodar alguns “não iniciados” por suas cenas homoeróticas, que afinal nem são tão “perturbadoras” assim.

De qualquer forma, o grande mérito do filme é revelar a influência de Touko (depois rebatizado como Tom of Finland), para a cena gay mundial.

Numa época (anos 50) quando a visão sobre os gays ainda era fortemente influenciada por Oscar Wilde com seus rapazes diáfanos, e em meio ao tenebroso Macartismo, Tom esculhambou tudo criando um mundo composto por motociclistas, policiais, soldados, marinheiros cowboys e outros “símbolos de machismo”, vivendo sua sexualidade de forma absolutamente descarada.

Fortemente influenciado por sua experiência como tenente durante a segunda guerra – que o fez um fetichista de uniformes -, e devoto fanático da figura de Marlon Brando em “O Selvagem” - que o transformou num “leather” para o resto da vida - , Tom permitiu aos gays “se empoderarem” e se afastarem daquela imagem afetada de dândis recostados em chaise-longes e se esfumaçando com piteiras enquanto ouviam Marlene Dietrich.

Nada disto.

Segundo o poeta, critico de arte e autor Edward Lucie-Smith, Tom “alterou o modo como os gays pensavam sobre si mesmo. Ele também mudou a forma como os héteros pensavam a respeito dos homossexuais. Enquanto alguns héteros sentiam-se desconfortáveis, ou mesmo ameaçados pela nova forma de comportamento gay proposta por Tom, outros, mesmo contra sua vontade, a acharam sedutora, e, na maioria das vezes inconscientemente, absorveram aspectos do imaginário de Tom nos seus próprios estilos de vida. Ele mudou não apenas seus jeitos de vestir, como também afetou alguns de seus aspectos de comportamento como postura e gestual” (Fashion in Popular Culture – Literature, Media and Contemporary Studies). ...(Pausa : Será verdade? Sei lá, mas de uma coisa eu sei : muitas vezes os gays são os primeiros a adotar algum estilo para, depois, os heteros virem na cola.)

Mas voltando ao Tom – que entre seus fãs temos Camille Paglia e John Waters - , a partir dos seus desenhos , os gays se apropriaram de muitos dos ditos “símbolos masculinos” e construíram toda uma nova cultura para o meio (inclusive o Village People), que perdura até hoje.

O filme não é grande coisa, por conta do seu enredo “fraquinho”, mas cumpre muito bem seu papel de resgatar a obra e influência deste artista tão importante.

Vale a pena

--------------------------

Algumas obras :







Thursday, September 14, 2017

Show - As Bahias e a Cozinha Mineira

Uma pajelança.

Só assim para definir o show de ontem à noite do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira no Teatro São Pedro.

Pop, rock, dance, maracatu, blues, samba, axé, manguebeat, tudo misturado num mix musical destruidor.

Assucena Assucena e Raquel Virgínia, as vocalistas trans, demoliram a cena com suas performances elétricas carregadas de energia.

Confesso que não conhecia o grupo, mas me apaixonei. Virei fã.

Este trecho da música "Reticências" me conquistou.

Tuesday, September 12, 2017

Mundo Gay - Manifestação de apoio à Exposição QueerMuseu em Porto Alegre

O clima ficou tenso hoje à tarde na frente do Santander Cultural., na Praça da Alfandega

De um lado o povo do MBL (e alguns simpatizantes), e do outro, representantes de vários grupos sociais e partidos políticos protestando contra o fechamento da Exposição QueerMuseu.

Como não podia deixar de ser, os lados antagônicos quase entraram em êxtase vociferando um contra o outro.

Mas, por estar em minoria diante dos manifestantes raivosos, o povo do MBL para não acabar levando umas bordoadas, acabou saindo rapidinho para alegria e vitória dos que ficaram.