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Tuesday, September 26, 2017

Mundo Gay - O que define um ícone gay atualmente ?



Ser queer é ser um perdedor.

Ser queer é ser um estranho em desvantagem perpétua frente a um mundo “normal”, binário e encaixotado.

Ser queer é buscar conforto e validação para si próprio ao observar, admirar e “empatizar” com histórias de triunfo pessoal de personalidades poderosas e conhecidas, pois, tais histórias lembram sempre que, apesar de tudo, a vida pode ser melhor.

Ser queer é manter essas histórias em grande consideração, idolatrando-as e certificando-se de que jamais serão esquecidas.

Ser “queer” é celebrar o perdedor que se tornou um vencedor, mas que nunca perdeu contato com suas origens.

Historicamente, os genuínos ícones LGBT enfrentaram alguma espécie de sofrimento público, porém mostraram extraordinária resiliência debaixo do olhar alheio.

Judy Garland, que uma vez foi considerada um "patinho feio", lutou para tornar-se uma lenda evidenciando suas inseguranças, e se tornou um farol de esperanças para as adversidades do povo queer.
Grace Jones, também, em toda a sua furiosa bravata punk, persiste, pois o modo como expressa seu inquebrável senso de si mesma , “normaliza” o estranho.

Ícones queer, então, são revolucionários, vigorosos e magnéticos.

Elliott H. Powell, professor assistente da Universidade de Minnesota, diz claramente : ícones queer são "aqueles que, consistentemente e publicamente, desbravam fronteiras e lutam contra preconceitos raciais, sexuais e de gênero".

A recusa do status quo faz dos Ícones “queer” "professores e guias da inconformidade.

Eles nos ajudam a enfrentar as opressões do presente, e nos ajudam a sonhar com outro mundo de possibilidades ".

A questão de quem merece esse título, no entanto, não é tão facilmente respondida.

Noah Michelson, o diretor editorial da HuffPost's Voices e o editor executivo das Queer Voices da HuffPost, diz que a resposta é subjetiva.

Claro, existem os óbvios ícones queer, como Madonna, Cher, RuPaul, Ellen, e até mesmo Oscar Wilde, pessoas cujas carreiras e vidas públicas devem muito à comunidade queer, seja por meio de identificação e / ou vivendo suas verdades com orgulho.

Eles são pioneiros e têm algo a dizer.

"É difícil, hoje em dia, ser um ícone queer", diz Michelson, porque no momento em que você atribui esse título a alguém, fica mais fácil listar todas as razões pelas quais eles podem não ser dignos disso.

Eles são defensores da causa LGBT? Eles devem ser defensores ou somente o exemplo de suas vidas é o suficiente?


"A função a que servem é uma espécie de encarnação dos valores do momento, quer isto se trate de dizer “verdades para o poder”, quer se trate ser bem sucedido, ou então que isto signifique apenas ser muito bonito", diz, Riese, a fundadora, editora-chefe e CEO da Autostraddle.

"Historicamente", ela acrescenta, "as mulheres (ídolos) queer têm sido relacionadas à mulheres que comandam a porra toda; são aquelas que estão cagando para o que os homens pensam sobre elas, aquelas que são donas do próprio nariz”.

Também, uma ou outra não precisa necessariamente se identificar como queer para ser transformada em ícone.

Michelle Obama e Hillary Clinton surgem numa escala especial de ícones queer por sua perseverança e humildade.

Britney Spears, que se identifica como uma mulher heterossexual cisgênero, é um pilar de força e tenacidade, constantemente lançando musicas que bombam em clubes, bares, casas e outros espaços LGBT.

Agora, com a revolução do gênero em pleno andamento, Powell considera Laverne Cox como um excelente exemplo de um ícone queer moderno.

"Eu adoro muitas coisas sobre Laverne Cox, mas o que acho especial é como ela usa sua fama para abordar questões políticas urgentes", explica ele.

"Quer seja produtora executiva do documentário CeCe McDonald, que aborda o policiamento e o encarceramento em massa de mulheres trans negras, ou usando os Grammys para dar a conhecer a história de Gavin Grimm, Laverne Cox mostra como usar seu acesso à midia para falar sobre realidades concretas diárias.

"Cox também”, acrescenta ele”, “mantém a luz brilhando sobre figuras históricas cujas jornadas a ajudaram a chegar onde ela está hoje, pessoas como" Marsha P. Johnson, Sylvia Rivera, Miss Major, Lady Chablis, Diahann Carroll, Janet Jackson, Rihanna , e, claro, Beyoncé. "

Este é um ponto importante em ser um ícone queer : não apagar o passado, mas sim honrá-lo, comemorá-lo e trabalhar para manter vivos os nomes dos “ancestrais” queer.

Powell cita o "Snatch Game" no RuPaul's Drag Race, um segmento do show onde as rainhas drag devem se vestir e representar personalidades icônicas, como sendo uma ótima lição sobre a história queer , “ [destacando] ícones queer que muitas vezes são ignorados num mundo cheio de falta de conhecimento e/ ou esquecimento”.

Icones queer realmente são fontes de conforto e inspiração.

Historicamente, os homens queer celebram as personalidades femininas fortes, pois, como diz Michelson, "a sexualidade masculina queer tem sido ligada à sexualidade feminina, pois ambas são fortemente demonizadas e vigiadas.”.

Ícones queer são aqueles que triunfaram quando quase tudo funcionava contra eles.

Eles podem ser qualquer um ou, bem, qualquer coisa ( como o agora referenciado ìcone queer, Babadook). "Eu acho que todos são dignos de uma certa maneira, seja por eles fazerem as pessoas se sentirem liberadas ou empoderadas, diz Michelson.

Ícones queer fornecem uma fuga necessária para alcançar a paz pessoal e aumentar a autoconfiança.

Atualmente pode alguém ser um ícone queer e não ser um militante LGBT?

Sim, pois qualquer pessoa pode ser um ícone se ela ajuda alguém a amar a sí mesmo (porém a identificação e o enfrentamento do poder são vitais para o movimento do direito queer.)

Seria surpreendente que todos os ícones queer fossem abertos politica e socialmente, mas, como diz Michelson, um indivíduo não precisa "preencher todos os requisitos" para ser aprovado com louvor.

Riese, no entanto, vê as coisas um pouco diferente, dizendo que "definitivamente ser “estranho” - queer- é uma grande razão para tornar-se um ícone queer”

Com Beyoncé como exemplo, ela diz "o dela contratar apenas mulheres para trabalhar nas suas turnês, de que toda sua banda é composta por mulheres, e dela ser muito franca quando trata de assuntos de feminismo ou racismo, faz dela um ícone queer”

São aqueles que tomam posição, e usam sua poder para elevar e apoiar as vozes das pessoas marginalizadas, que se tornam ícones queer.

Eles nos lembram onde estivemos, para que possamos trabalhar para um futuro melhor e mais inclusivo.

Ícones queer são então um lar de de liberdade, um lar de sonho talvez, mas ainda um lar.

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