Fica difícil falar em “O filho eterno” sem usar superlativos.
O livro do Cristóvão Tezza é excelente e mereceu (algo raro) todos os prêmios que recebeu.
A peça eu ainda não tinha visto.
Então foi com ansiedade babônica que nos tocamos para o Teatro do Museu do Trabalho para finalmente ver ser contada ao vivo a trajetória de vida de um pai com um filho Down.
E a coisa não deu outra.
A adaptação do Bruno Lara Resende é exemplar. O grande mérito do livro é a linguagem direta, descarnada, sem firulas ou dourado de pílula que, a serviço de emoções verdadeiras (negativas e positivas), estabelece um diálogo íntimo com o leitor.
E isto se vê refletido na peça.
A alma do livro está estampada nos 70 minutos de espetáculo.
Charles Fricks – único ator em cena – simplesmente mata a pau. Sem nenhum momento escorregar para o piegas, para o choro fácil, Charles projeta um universo de emoções que atingem diretamente coração e mente de cada um.
É simplesmente soberbo ver um ator utilizando todo seu arsenal – que no fim resume-se ao seu corpo e voz – para incendiar uma sala, para suspender a respiração do povo, para linkar os espíritos presentes (a cena do garoto com a buzina é absurda de maravilhosa)
E no fim quem chora, não chora pelo “drama familiar”, mas sim pelo triunfo da poesia dos dramas e aprendizados da vida.
Fantástico.
“O filho eterno” é universal. Certamente merece ser traduzida para outras línguas e ser montada nos palcos de todo o mundo.
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