A esta altura todo mundo sabe que o show
iniciou com mais de três horas de atraso.
Eu até pensei que por
aqui esta josta não ia rolar, mas que nada.
Ainda bem que estávamos relativamente confortáveis e deu pra aguentar a espera de maneira razoável.
Ainda bem que estávamos relativamente confortáveis e deu pra aguentar a espera de maneira razoável.
A galera, como não
poderia deixar de ser, ficou puta e chamava a diva à cena entoando
“Uh, Madonna, vai tomar no cú !” , num belo gesto de carinho dos
fâs a sua rainha.
Mas, claro, todo o
stress acabou quando as luzes se apagaram e o teatrão começou.
Sim, “teatrão”, pois o que se viu no palco foi muito mais um
musical do que um show pop ou rock.
Cada passagem, cada
música é milimetricamente desenhada, detalhadamente ilustrada com
vários recursos de cena (figurinos, coreografias, cenários,
imagens, efeitos, etc). É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo
que é impossível prestar a atenção em tudo.
É evidente o trabalho, o cuidado, o estudo da construção dos detalhes dos diversos conceitos apresentados.
É evidente o trabalho, o cuidado, o estudo da construção dos detalhes dos diversos conceitos apresentados.
No lado musica propriamente dito, o repertório apresenta
basicamente as canções do "MDNA" , um disco com algumas
canções poderosas e outras nem tanto. É claro que o povo
queria as mais antigonas, mas neste quesito “la cantante”
apresentou pouca coisa.
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O show inicia com uma
espécie de ritual monástico, com os encapuzados cantando algo gótico e sacudindo
incensos.
O povo pira quando a Deusa surge de um confessionário
gigante e ataca de “Girl Gone Wild”.
Eu simplesmente amo a
junção de imagens sagradas com profanas (quando bem executadas), e
o início do “MDNA” é recheada delas.
Entrei em êxtase logo de cara.
Entrei em êxtase logo de cara.
O clima se mantém lá
em cima na sequência de “Revolver” e Gang Bang”.
O teatrinho que ela faz de “assassina” num quartinho de hotel de quinta é matador.O que espirra de sangue a cada tiro nas cabeças dos boys é quase surreal.
O teatrinho que ela faz de “assassina” num quartinho de hotel de quinta é matador.O que espirra de sangue a cada tiro nas cabeças dos boys é quase surreal.
Depois ela mistura alguma coisa das antigas (como "Papa Don’t Preach" - que é executada só pela metade, "Hung Up", do álbum "Confessions on a Dance Floor" (2005) - e a nova (e chata) "I don’t give A...", do "MDNA". Do telão, a Nicki Minaj faz uma participação e decreta : "Só há uma rainha, e ela é Madonna". O povo e a protagonista concordam, of course.
"Express Yourself" entra arrebentando.
"Vamos lá, garotas
Porque tenho uma coisa
para dizer sobre ele
E é mais ou menos
assim
Não aceite o segundo
lugar, baby
Ponha seu amor à prova
Você sabe, você sabe
que tem que
Fazer com que ele
expresse o que sente
E talvez então você
saberá que o amor dele é verdadeiro
Se expresse !"
Mais uma troca de roupa e a cheerleader manda "Give Me All Your Luvin", "Turn Up the Radio" e outras.
O lance dos integrantes da banda tocando suspensos é fantástico (parecem soldadinhos de brinquedo)
Em “Masterpiece”, Madonna projeta imagens do seu filme “W.E”, uma bobagem que fantasia o romance da Wallis Simpson e Edward VIII - na verdade dizem que ele era uma biba enrustida (e simpatizante do nazismo) e ela uma expert em segredos sexuais aprendidos em bordéis da Ásia que deixavam a Edward siderada … (abafa !) - Mas as imagens idílicas do casal ficaram lindas.
Particularmente especial para “moi” foi o bloco com citações de “Justify My Love”, “Erotic” e a completa “Human Nature”, músicas que representam (evocam) um período de vivência, reconhecimento e afirmação de alguns aspectos sombrios da minha sexualidade.
O dança entre os espelhos que ela apresenta na “Human...” , mostra brilhantemente uma persona em conflito entre a condenação e o desejo (repulsa e atração no reflexo). Show de bola ! Babei novamente.
“Vogue” foi bem, mas achei o encerramento truncado, e o pique cai muito com "I'm Addicted" e "I'm a Sinner".
A função continua assim, com altos e baixos.
Mas o grand finale é com "Like a Prayer" .
Aí a coisa aconteceu, o bicho pegou de verdade.
O Olímpico virou uma catedral com o povo aos berros acompanhando a Deusa e o coral Gospell que surgiu no palco.
Absolutely Fabulous !
E festa termina com “Celebration”, executada vigorosamente, com a massa mandando ver na rave estrelada.
Bem, poderia ser melhor ?
Sim, no sentido de que seria muito legal se mais das antigas fossem apresentadas.
Mas esta não era a proposta do espetáculo e, por isto, a apresentação “deixou a desejar” para os fâs que queriam mais clássicos presentes (eu concordo com isto)
Mas é inegável a força da música, da imagem e da mensagem da periguete.
O que tivemos aqui em Porto Alegre foi a presença de uma ARTISTA, no mínimo corajosa, que sempre buscou manifestar-se (porém nem sempre acertando), através de vários meios - até livro infantil ela tem - na busca de discutir / trabalhar / expor de forma aberta todos os temas que lhe são caros.
Pode-se até não gostar da sua música, da sua dança, da sua imagem, e sei lá mais o que, mas não reconhecer sua influência para a construção de uma realidade onde as mulheres e os gays passaram valorizar cada vez mais seus desejos e natureza, é ignorância.
Salve a santa.
Notas :
Madonna fez um belo discurso em homenagem às mulheres do mundo que são aprisionadas, violentadas, torturadas, aprejadas, só porque ousam “se expressar". Um belo recado.
Falar sobre sua forma física é redundância. Só vendo pra crer.
Palavras que “aprendeu” em português : caralho, safada, gostosa e periguete.
Disse que não estava muito disposta por causa das mudanças climáticas que enfrentou por aqui, mas que, ao ver o sorriso dos fãs tudo mudou e que estava ali para detonar.
A bandeira do Brasil que ela pegou no final do show foi jogada ao palco pela minha sobrinha Mariana, uma fã fanática (sic) pra dizer o mínimo.
Veja o video abaixo
Celebration - Porto Alegre
Povo no Show
Eu, Lu, Ana e Ni na fila |
Já acomodados |
1 comment:
uma palavra: surreal!! lembrei muito de ti em Human Nature :)
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