O Corvo |
O filme “O Corvo” é baseado numa HQ de James O´Barr, publicada
em 1989, e conta a tragédia de Eric Draven, roqueiro, e sua noiva Shelly que são brutalmente assassinados na Noite do
Demônio (Devil's Night), a noite que precede o Halloween.
Um ano depois, sem conseguir descansar a alma Eric retorna do mundo dos mortos guiado por um
corvo.
Sem lembranças do ocorrido, volta ao seu antigo loft onde recobra as
memórias da dor e da morte.
Tomado pelo sofrimento e a fúria, Eric então assume a persona de um
guerreiro sombrio e inicia uma caçada
de vingança contra seus assassinos.
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Assisti este filme num cinema gigantesco e hiper decadente em Sãoâo
Paulo em 1994.
Um daqueles cinemas do centro (perto da São João), que teve seu passado de luxo e glória mas que, então (como todos os demais), já estava no caminho irreversível de cerrar as portas, virar uma igreja evangélica ou cine pornô.
Um daqueles cinemas do centro (perto da São João), que teve seu passado de luxo e glória mas que, então (como todos os demais), já estava no caminho irreversível de cerrar as portas, virar uma igreja evangélica ou cine pornô.
Entrei naquele monumento quase arruínado motivado para ver "O Corvo" principalmente (confesso) pelo lado macabro da sua realização, pois todos sabiam que o ator principal, o Brandon Lee (filho do Bruce Lee), havia falecido de forma trágica durante as filmagens.
E isto ocorreu
exatamente na rodagem da cena da morte do seu personagem, o Eric Draven, o que acontece logo no início da trama
O que aconteceu foi que a tal cena foi filmada de dois ângulos.
O primeiro foi um close-up na pistola disparando, que por conta da curta distância da câmera - para dar mais realismo a tomada - decidiram utilizar balas verdadeiras, mas sem pólvora.
No intervalo entre esta tomada e a seguinte, quando o personagem do Brandon é baleado (a ser registrada em um ângulo mais aberto), o assistente que deveria retirar todos os projéteis da pistola acabou deixando um no tambor.
O que aconteceu foi que a tal cena foi filmada de dois ângulos.
O primeiro foi um close-up na pistola disparando, que por conta da curta distância da câmera - para dar mais realismo a tomada - decidiram utilizar balas verdadeiras, mas sem pólvora.
No intervalo entre esta tomada e a seguinte, quando o personagem do Brandon é baleado (a ser registrada em um ângulo mais aberto), o assistente que deveria retirar todos os projéteis da pistola acabou deixando um no tambor.
Quando o tiro foi filmado, o projétil esquecido foi disparado, atravessou o abdomen do ator , dilacerou seus órgãos
internos e partiu sua coluna vertebral. Brandon foi imediatamente socorrido e
sofreu uma desesperada cirurgia de seis horas que nada adiantou para salvá-lo.
Depois disto, é claro que as filmagens foram interrompidas e divulgou-se que filme não seria concluído.
Mas depois, quando as coisas meio que se acalmaram,
o diretor e produtores decidiram terminar a obra - até mesmo numa
homenagem à memória do Brandon - com dublês para algumas cenas noturnas, e projeção do rosto do ator
sobre um corpo alheio em algumas cenas de close.
Então o que estreiou
foi um filme, interpretado por um ator
morto que narra a história de um cara que volta dos mundo dos mortos, sendo que
o tal ator morreu durante a filmagens do dito filme. É muita coincidência
macabra.
De qualquer forma sentei naquela vastidão abandonada, embolorada e fantasmagórica e aguardei a sessão iniciar - ( já meio com mêdo, admito) -.
Luzes apagadas, surgem os créditos iniciais e o salão é
tomado por uma música perturbadora, dark, executada pelo The Cure, um grupo
gótico que fez muito sucesso na época.
Choquei.
É claro que não
entendi toda a letra, mas os ruídos, os sons de corvo e a batida sombria criaram o
clima adequado para o que foi projetado depois.
Gostei muito do filme, e nos dias subsequentes não consegui tirar a tal música da cabeça.
Como naquela época não existia Internet, aguardei o lançamento do Cd da trilha em versão tupiniquim, o que ocorreu logo em seguida.
A música em questão chamava-se "Burn", uma canção pesada, vigorosa que foi composta especialmente para o filme.
Robert Smith |
E o Robert Smith, realmente acertou a bola na letra da
canção.
O que rola aqui é uma espécie de diálogo entre os espíritos da
sombras da morte que ficam meio que brincando, meio que debochando e de certa
forma até ameaçando - através de vozes sedutoras - o zumbi que se recusa a
morrer
É tipo um canto das sereias do Inferno.
A letra inicia com as vozes dizendo que não adianta nada ele
continuar a pensar que está deitado perto da amada ( que elas chamam de
"trêmula, adorada, louca e despenteada menina pássara"),
que ele deve esquecer tudo e unir-se a elas nas sombras da mortes.
Mas o herói se
recusa, e grita que toda noite seu corpo queima enquanto ele clama pela
amada.
A letra segue com as vozes afirmando que não adianta pensar em amor e mundos
mágicos, pois a única coisa real é o fim de tudo e, contra isto, não há nada o
que se possa fazer.
Porém novamente Eric ignora as malditas e reafirma sua dor por estar longe da sua "única amiga", por estar longe da companheira.
Porém novamente Eric ignora as malditas e reafirma sua dor por estar longe da sua "única amiga", por estar longe da companheira.
Numa espécie de incorporação de um guerreiro, o “imortal” então traveste-se na figura de um vingador, com roupas, armas, e maquiagem.
As
vozes não perdem tempo e zombam ao
afirmar que, mesmo que ele tente se esconder debaixo de toda uma parafernália,
de qualquer fantasia, elas o encontrarão
se assim o desejarem - ao mesmo tempo em
que o convidam a descansar e esquecer
tudo.
Mas o ultor (procurem no dicionário) já está tomado pela fúria e parte para a ação como um animal ferido que
sonha o Sonho Negro do Corvo.
Segue abaixo o clipe legendado com cenas do filme.
Notas :
Outra música da trilha que me perturbou foi “It can´t rain
all the time”, da Jane Siberry.
Achei muito triste. Ainda mais se associada à história de amor do Eric com a Shelly
Video abaixo (vou ver se coloco uma legenda em português)
Achei muito triste. Ainda mais se associada à história de amor do Eric com a Shelly
Video abaixo (vou ver se coloco uma legenda em português)
Na época, alguns críticos compararam “O Corvo” ao Blade Runner e ao Batman, do Tim Burton.
Não sei até que ponto concordo, mas algumas referências ao Corvo foram introduzidas mais tarde pelo ChristopherNolan. no seu "Batman - O Cavaleiro das Trevas"
Veja aqui.
Não sei até que ponto concordo, mas algumas referências ao Corvo foram introduzidas mais tarde pelo ChristopherNolan. no seu "Batman - O Cavaleiro das Trevas"
Veja aqui.
Em outra coincidência macabra, as máscaras pintadas na cara
do Corvo e do Coringa - do Nolan - são
muito semelhantes.
E ambas marcaram o último papel de seus intérpretes, Brandon Lee e Heather Leadger, respectivamente.
Mêda total.
Veja mais aqui.
E ambas marcaram o último papel de seus intérpretes, Brandon Lee e Heather Leadger, respectivamente.
Mêda total.
Veja mais aqui.
Brandon Lee fez
apenas três filmes e foi sepultado ao
lado de seu pai, o legendário Bruce Lee (que também morreu sob circunstâncias
misteriosas).
Tumbas de Bruce & Brandon Lee |
O filme também faz referências ao clássico poema do Alan Poe,
“The Raven”, uma obra fundamental da literatura mundial.
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