O texto e ilustrações abaixo foram retirados do livro “
Mexican Pulp Art”, de Maria Cristina Tavera
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Capa |
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As capas das Pulp Fictions Mexicanas são das décadas de 60 e 70.
As Pulp Fictions surgiram no final do século 19 quase simultaneamente em cinco continentes diferentes, da mesma forma que os quadrinhos romperam os limites dos jornais para se tornarem uma entidade própria.
Nos Estados Unidos, o pulp é sinônimo de um curto conto de ficção, apresentado pelo texto e uma capa dramática (escandalosa).
No México, os livros de bolso são muito mais gráficos (em alguns utiliza-se quadrinhos e/ou fotos) e tornaram-se notórios por seu tamanho diminuto, capas berrantes, e histórias descaradamente sexuais e violentas.
As pulps produzidas no México durante os anos 60 e 70, utilizavam capas sensacionalistas para se destacarem na grande concorrência das bancas de revista, mas ainda não tinham entrado na linha do soft porém megaviolento pornô que surgiu a partir da década de 80.
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El Cementerio Aguarda |
De acordo com os autores do livro “Não somente para as crianças”, Harold E. Hinds Jr. e M. Charles Tatum, os números de produção de pulps mexicanos eram extremamente elevados e atingiram 28 a 30 milhões mensais por volta do início dos anos 70.
Havia 56 milhões de exemplares produzidos mensalmente pelos meados dos anos 70, e 80 milhões pelo inicio dos 80´s.
O nível de produção continua alto atualmente e não contabiliza os leitores que lêem os Pulps em segunda mão.
A popularidade da Pulp Fiction Mexicana ampliou as variações de conteúdo e tipos de estilos.
Normalmente, a história é retratada através de ilustrações detalhadas e o texto ou "diálogo" aparece na forma de balões de fala ou legendas de imagem.
Há uma extensa variedade de historietas ("pequenas histórias"), cuentos ("contos"). Esses termos são freqüentemente usados alternadamente como livros de bolso, novelas gráficas ou novelas ilustradas.
Fotonovela é uma categoria única referindo-se a uma mistura de fotos e texto, incluindo fotografias de filmes, colagens de recortes de jornais e fotos de publicidade.
Em geral, as histórias se assemelham ao Pulp Americon e incluem westerns, dramas de suspense, romances, histórias policiais, super-heróis e terror.
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Cerebro Malefico |
A capas de Pulps apresentadas neste post são de uma editora extinta, a Editorial Continental.
O fundador, Enrique Cuadro, começou como ilustrador de histórias em quadrinhos para o jornal de sua cidade natal ( San Luis Potosi - México).
Ele é reconhecido por criar La Araina Verde ("The Spider Verde") em 1953, um possível precursor de Homem-Aranha. Em 1954 Cuadro aventurou-se à Cidade do México para criar sua editora, usando seu conhecimento no campo da ilustração e seu contato com outros artistas como uma vantagem na entrada no mercado gráfico.
No México, durante os anos 60, o método padrão de produção era contratar uma equipe criativa de escritores freelance, editores e ilustradores para cada Pulp. O escritor é responsável pela Argumento ("história") e um artista é contratado para completar o dibujo ("desenho") para o layout gráfico das páginas.
O ilustrador das internas era geralmente o diretor artístico e, muitas vezes, traçava um esboço áspero, deixando o trabalho de acabamento para os especialistas em letras, penas, tintas e - se os quadrinhos fossem coloridos - coloração.
Este processo é essencialmente similar ao utilizado no México para criar murais.
As espetaculares ilustrações da capas eram terceirizadas separadamente para um artista com o devido talento para tal.
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Sem título |
Embora cada artista possa ser identificado por seu expressivo estilo individual, não se sabe muito sobre suas vidas particulares. Eles são agora reconhecidos apenas pelas assinaturas de seus sobrenomes: Araújo, Perez, Raraj, Zavala, Dorantes, Delgadillo, Roberto e Ponce.
Semelhanças no método incluem o uso de guache, um meio considerado padrão por arquitetos e artistas comerciais por causa de sua cobertura plana, negrita e opaca.
Cada ilustração 15 "x 10" foi pintada à mão com o objetivo de ser fotografada e reproduzida nas dimensões da publicação. As cores extremamente brilhantes são típicas da paleta mexicana, mas são mais extravagantes em comparação com outros materiais impressos.
A Editorial Continental teve numerosas publicações.
Um exemplo bem conhecido é a história de El Hombre Invisible ("O Homem Invisível"), que foi editada pela primeira vez em 1964. O super-herói é “visualizado” por um contorno branco e aparece em cenários de um mundo dividido entre o bem e o mal.
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Atrapado |
A maioria das outras publicações lançadas pela Editorial Continental foram mini-romances teatrais escritos para maximizar o drama. Os contos mórbidos são estranhamente atraentes, às vezes histéricos, e ao mesmo tempo perturbadores o suficiente para penetrar nos temores ou expectativas do leitor.
O primeiro dos quatro títulos lançados é Micro-Suspenso ("Micro-Suspense") em 1967. Daí seguiram-se mais três séries : Micro-Misterio ("Micro-myste ry"), Micro-Leyendas ("Micro-Legends") e Lo inesperado ("Unexpected").
Estes Pulps são entitulados abaixo do seu pequeno formato na 2"x 3" e são referidos como micro-cuentos ("mini-contos"). Cada micro-cuento é uma história independente com a opção de ser lido de forma independente.
Há um elenco de personagens definidos em um determinado momento histórico e lugar.
Ambos, os componentes dos personagens principais e as circunstâncias da ação variavam seguidamente a cada edição. Cada série tinha um novo volume a cada oito dias, por cerca de aproximadamente 20 anos, totalizando cerca de 1.000 volumes por série.
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Ayudame a Olvidarte |
Os protagonistas destes micro-cuentos tendiam a ser pessoas comuns que enfrentam os desafios comuns da vida, como o alcoolismo, as disputas domésticas, ou infidelidade.
Freqüentemente os personagens não são heróicos por natureza, mas simplesmente pessoas comuns enfrentando dilemas complicados.
As histórias mais populares aparecem repetidamente.
Um exemplo é o Las Aventuras de Concho ("As Aventuras de Concho"), que começou a ser publicada em Micro-Suspenso por volta do numero # 400. A história conta as aventuras de um menino pobre peculiar chamado "Concho" que usa um chapéu típico de jornaleiro.
Más decisões e comportamentos de risco para se manter vivo nas ruas, perpetuamente colocam Concho em situações perigosas que se transformam em apuros e calamidades inesperadas. O final geralmente deixa o leitor em desânimo com o infortúnio do personagem.
O conteúdo de micro-cuentos, semelhante os outros pulps mexicanos, comumente referenciam temas culturais e males do país. O autor Carlos Monsiváis acredita que a venda dos pulps prosperou quando refletiram "a pobreza do México, a falta de desenvolvimento, e insuficiência da tecnologia para resolver os problemas do país”.
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Comedia de Terror |
Ele acrescenta que as publicações usam sarcasmo, ironia, e humor reticente ", se não explícita, então implícita, para criticar o modo de vida americano (“American way of life”), ou cutucar de forma divertida os costumes e o nacionalismo mexicano".
Questões vernaculares surgiram quando os editores perceberam o sucesso das vendas. Uma assume que uma grande parcela dos leitores de Pulp era de grupos sócio-económicos mais baixos , pois eles poderiam se identificar com as vítimas de desigualdade retratadas nas publicações.
A linguagem das pulps é intencionalmente simples e comunicada através de espanhol coloquial e gírias.
Uma voz ingênua expressando as dificuldades sofridas é semelhante às letras musicais mexicanas falando sobre adversidade e tragédia. Arraigado na cultura popular, a música mexicana, como corridos, baladas e rancheras também inspira a consciência nacional através do folclore tradicional, patriotismo e temas nostálgicos.
De acordo com Anne Rubenstein, "histórias em quadrinhos não são uma mídia global, eles têm nichos muito diferentes nas ecologias culturais de todas as regiões onde são encontrados, e raramente são bem traduzidos” .
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Los Herederos del Paramo |
Outro atributo especial dos pulps mexicanos é a área cinzenta (borrada) entre o mundano e o fantástico. Realismo misturado com mitos é enraizado no folclore mexicano e, provavelmente, inspirou os autores.
Muitas de suas histórias retratam interações tumultuadas com o paranormal, incluindo vampiros, zumbis, alienígenas e fantasmas.
No desenrolar da história, uma bruxa pode eventualmente dar conselhos a respeito de um romance, um cadáver pode aparecer na cama, ou um espírito de alguma forma se materializar no reflexo do espelho. Contatos excêntricos com o sobrenatural também é visível no cinema mexicano, onde fantasia e realidade se misturam.
Os elementos de fantasia refletem atitudes dos mexicanos sobre vida, morte, misticismo e sobrenatural.
Conjurar fantasmas e outras images dos pulps mexicanos alimenta a imaginação e pode fornecer um escape temporário.
Assim, sua magia se assemelha a contos folclóricos que oferecem uma forma alternativa de justificar a inexplicável, violenta e reprimida vida diária.
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Cadenea de Sangre |
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Dinero de La Muerte |
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El Carro Asesino |
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El Convento Embrujado |
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El Dragon |
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El Elevador |
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El Golpe de Suvida |
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El Hombre Invisible - La Bruja |
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El Idolo |
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El Lago de los Enamorados |
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El Pincel del Diablo |
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El Roble |
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El Templo Ensangrentado |
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El Yerno del Diablo |
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En Familia |
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Extrano del Irio |
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Extranos Huespedes |
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Interminable Pesadillar |
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La Escalanita |
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La Fiera Y el Cazador |
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La Huerfano |
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La Muerte Blanca |
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Ladron que roba al Ladron |
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Las Avanzadas |
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Las Hienas |
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Los Satanicos |
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Las Rorras |
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Los Parientes Pobres |
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Maquina del Crimen |
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Noche de Horror |
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Otra Vez los Snoids |
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Pacto Diabolico |
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Pasion Infernal |
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Secreto Maldito |
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Reincarnacion |
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Sombras de terror |
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Un Pactode Sangre |
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Zoologico Humano |
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