Poster Tropicalia |
Extraordinário documentário do Marcelo Machado, que retrata
a gênese, vida e “morte” do movimento que mudou a cultura tupiniquim.
Ironicamente, o filme começa com Caetano declarando, num programa
de televisão português do final dos 60´s, que o Tropicalismo ja tinha morrido e que já
não havia sentido em continuar a remexer em suas cinzas.
É claro que isto não era (e não é) verdade.
O Tropicalismo
misturou radicalmente - num grande
caldeirão de idéias, conceitos e estilos -, várias formas de arte (musica, cinema,
teatro, artes plásticas, etc), numa proposta de manifestação artística que transgrediu e quebrou de forma definitiva as barreiras
entre o erudito e o popular.
Nesta trupe cabem ainda : Os mutantes, Rogerio Duprat, Tom Zé, Torquato Neto, Gal Costa, Jorge Mautner, Rogerio Zganzerla e outros.
Sem esquecer de Chacrinha, Jorge Ben, Roberto Carlos, a Jovem Guarda, capoeira, samba, forró, baião, o rock, tudo batido numa centrífuga antropofágica ( novamente Oswald ) que definiu (e define) uma estética integrada, fundamental e mirabolante que é a cara do Brasil
.
Infelizmente tal estética ainda é rejeitada por milhões de “conhecedores”, “eruditos”, “intelectuais” - e outras aberrações do gênero - , que desprezam e ignoram o popular, tachando de ridículo e inferior tudo o que consideram “brega”.
De qualquer forma, capitaneado por Caetano e Gil, o tropicalismo foi um soco na cara do conservadorismo nacional, na pureza das “belas artes”, e - o que dá outra dimensão a sua história - com todo o movimento ocorrendo em plena ditadura militar.
Isto, conforme a história registra, acarretou a perseguição e o exílio dos dois mentores.
E o filme, além de falar sobre o Tropicalismo, traça um excelente panorama do efervescente ambiente sócio-político da época.
Uma época de repressão e contestação, de perseguição e busca de liberdade.
Uma época de enfrentamento político e social. Uma época utópica, sonhadora. Uma época de mudanças definitivas. Uma época de transformação de comportamento, de quebra de barreiras, dogmas e velhos conceitos.
Analisando a atualidade, certamente não vivemos numa sociedade libertária, onde o humano é valorizado pela sua natureza.
Porém é inegável que movimentos revolucionários como a Tropicália, hippies, e qualquer outro que vise a libertação e integração do humano, lançaram sementes que geraram novas idéias, conceitos e estéticas que resultaram em novos comportamentos e evolução social.
Ágil, surpreendente (algumas
imagens são fabulosas pelo ineditismo), altamente informativo e emocionante
(especialmente Caetano cantando “Asa Branca”), o documentário do Marcelo Machado é uma
obra para ver e rever sempre.
Fantástico, para dizer o mínimo.
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Trailer do
filme
Tropicalia
com Caetano
Gil e os Mutantes – Domingo no Parque
Gal –
Divino Maravilhoso
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