De cara já vou dizendo que sou contra as touradas. Aliás, sou contra qualquer tipo de “diversão” que envolva animais, tipo farra do boi, rodeios, laçadas, pesca esportiva, gaiolas, aquários, zoológico e tantas outras aberrações que os humanos inventaram para explorar os animais como entretenimento (isto sem falar em “comer animais”, mas isto é outro assunto).
Então tenho que afirmar que fiquei tri incomodado quando percebi que o “Blancanieves” (Espanha 2012) tem como grande pano de fundo o mundo das touradas espanholas, com os heróis matadores simbolizando, obviamente, coragem, superação, fé , confiança (ou seja os “nobres valores humanos”), e os pobres touros, por sua vez, reduzidos a bestas enormes , insanas e demoníacas,
Portanto, minha primeira tendência já de cara foi rejeitar o filme por questões, digamos, “éticas”.
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Sofia Oria vive Carmencita na infancia |
Pude então relaxar e entrar naquele mundo de carnificina a partir da visão dos personagens (seus dramas, suas alegrias, seus amores, suas conquistas, suas derrotas, seus destinos).
Daí não teve como não me entregar a esta fábula fantástica, preto e branco e silenciosa que reconta a clássica história da Branca de Neve por um viés sombrio, gótico, trágico.
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Esta legitima obra de arte, engendrada por Pablo Berger, inicia com renomado toureiro Antonio Villalta (Daniel Giménez Cacho) sofrendo um acidente na arena, em pleno ato das suas habilidades, o que desencadeia uma sequência de horrores para si e para sua esposa grávida Carmen de Triana (Inma Cuesta).
Logo entra em cena Encarna (Maribel Verdú, over total - absolutamente fantástica como não poderia deixar de ser) uma enfermeira do mal, manipuladora que torna-se a Sra Villalta e madrasta de Carmencita (filha de Carmen e Antonio).
Carmencita ainda vive dias de felicidade enquanto mora com a avó, mas sua triste sina inicia quando se vê obrigada a viver sob o mesmo teto da madrasta e do pai inválido.
Não é necessário entrar em maiores detalhes do que acontece a seguir, mas são surpreendentes os caminhos que o filme toma, misturando elementos da história clássica (num tom “lírico”) com acentos adultos, ousados e, por que não dizer, cômicos (o lance com a resvista tipo “Caras” é genial).
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Macarena García vive Carmencita adulta |
O final, absolutamente inovador, perturbador e comovente, deixa um travo na garganta. Tu fica, tipo, “Meu Deus, e agora ? Como fica o “para sempre””?
Aí é que está a maravilha da coisa : ninguem sai ileso deste Branca de Neve Punk.
Filmaço
TRAILER :
IMAGENS :
2 comments:
Bom filme, até o idiota do diretor resolver cagar no final - absolutamente broxante.
E vivam as touradas, os toureiros e as churrascadas.
Obrigado por passar aqui, Jorge. Volte sempre
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