O Palhaço |
Selton Mello disse que tirou a idéia do Palhaço a partir de questionamentos
sobre seu próprio ofício , sobre sua identidade como artista.
Não sei que
meandros psicológicos, emocionais ou existenciais que ele desbravou nesta busca, mas, seja como for, acertou em
cheio.
O filme é fantástico.
Mesmo que, a princípio, encaremos com um certo cinismo a
fila de clichês e cenas piegas - afinal
a idéia de palhaço triste é mais velha que andar pra frente - , não há como resistir
à delicadeza, respeito e segurança com que o diretor constrói sua história.
O Palhaço mostra as andanças
da troupe chamada “O Circo Esperança”
que viaja pelo interior do Brasil exibindo espetáculos para platéias cada vez
mais vazias, porém encantadas. Pangaré
(Selton) e Puro Sangue (Paulo Jose) – pai e filho no filme - fazem a dupla de
palhaços que alegram os shows.
Se em cena eles demonstram uma harmonia perfeita, fora logo
se vê que Benjamin (nome “real” do personagem de Selton) enfrenta forte crise a
respeito das suas responsabilidades e desejos, de seu
papel diante de si e dos outros. Isto o leva, a certa altura, a tomar uma decisão que o transforma e o conduz
a encontrar o sentido da sua vida.
Mas reduzir o filme a isto
- o que não é pouco – é pouco. Na verdade a galeria de personagens é
riquíssima e poderia ser mais explorada revelando mais sobre a vida de alguns
deles ( talvez se isto acontecesse acredito que o filme poderia se perder em
histórias paralelas, sei lá ) De
qualquer forma o que se vê na tela é um hino a condição humana no que ela tem
de melhor (amizade, amor, respeito, desapego, honestidade).
O elenco é um assunto à parte. É verdadeiramentee emocionante
ver em cena alguns atores em participações mínimas porém definitivamente
marcantes. Para mim assistir Moacir
Franco, Ferrugem e Jorge Loredo foi quase como uma catarse afetiva que ficou
com um gosto de quero muito mais. Outro
destaque absoluto é Paulo José. Meu Deus, que ator ! Nada menos que soberbo.
E qual o resultado de tudo isto ? Lágrimas e mais lágrimas.
Me lavei chorando. O filme transborda emoção.
Não consegui resistir a história boba e simples, porém universal, que fala diretamente ao coração de cada um.
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