O ceu sobre os ombros |
Mistura de documentário com ficção “O céu sobre os ombros”, dirigido
por Sérgio Borges, acompanha o cotidiano
de três personagens da periferia de Belo
Horizonte, que são :
Everlyn, um
transexual que faz mestrado na UFMG sobre
um hermafrodita do século XiX. Everlyn
também faz programas nas ruas em busca de sexo e afeto, está louca para arrumar um amor verdadeiro e alimenta
o sonho de realizar a operação de transformação do sexo.
Murari, um skatista,
pichador, operador de tele-marketing, hare krishna e torcedor do Atlético
Mineiro que perambula pela cidade sozinho e com várias galeras, o que demonstra
sua capacidade de se mimetizar com a coletividade, de “desaparecer” em publico
( uma metáfora para a perda do ego).
Lwei, um escritor perdido que escreve vários livros ao mesmo
tempo , sem chegar ao final de nenhum.
Lwei nunca trabalhou (passa bom tempo do filme nu) e é sustentado pela mãe e pela mulher. Tem um filho doente e revela fortes impulsos
suicidas.
Posto isto, o que temos pela frente ? Cenas do cotidiano dos
personagens , seus trabalhos, suas relações, suas reflexões e sonhos. Tudo sob um prisma distante, não invasivo,
quase contemplativo.
A emoção, se é que surge, parte principalmente da capacidade
do espectador em penetrar no universo de cada um e refletir sobre o que
é apresentado de forma quase fria.
No final fica a pergunta :
Afinal sobre o que é mesmo “O céu
sobre os ombros ? Um recorte , um
vislumbre, na vida, no cotidiano dos personagens
? Um retrato sobre a condição humana nas
grandes metrópoles ? Um painel sobre a solidão e a busca do afeto, da
felicidade ? Uma reflexão sobre a existência ? Uma viagem às profundezas da alma
? Ou um tédio absoluto travestido de filme Cult ?
O final abrupto – e inconclusivo – reforça o que foi visto (ou aturado) até o momento, para o bem ou
para o mal.
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