Pedro, Eva e Dalton |
Irregular.
Esta
palavra define Azul
Resplendor, peça do
peruano Eduardo
Adrianzén assistida domingo passado no São
Pedro.
Dentro daquilo conhecido como
tragicomédia, vai do mágico ao desnecessário – sem falar de um
anti-climax meio fora da casa –, numa
montagem sem unidade e ritmo.
O início promete, com a diva Eva Wilma acendendo um fósforo na escuridão do teatro
e divagando dentro da (óbvia) relação
entre “chama” e “vida”.
Ela é
Blanca, uma atriz aposentada e viúva que
vive enfurnada em casa após sua saída do mundo da ribalta. Logo aparece Tito Tápia (o excelente PedroPaulo Rangel – que infelizmente não apresentou potência vocal na apresentação),
um ator meio canastrão, fã apaixonado de Blanca, herdeiro de uma fortuna e
autor de uma peça a qual ele quer patrocinar para o retorno da sua diva aos
palcos (em grande estilo).
Blanca hesita, mas logo é seduzida pela ideia do obstinado fã.
Com o
bolso forrado de grana Tito parte para contratar o "melhor diretor disponível", Antonio Balaguer (Dalton Vigh numa atuação simplesmente
hilária, com um personagem claramente “inspirado” em Gerald Thomas).
Antonio é um déspota vanguardeiro que faz tudo para “causar” com suas montagens “transgressoras” e vazias – algo do tipo que ele assume (secretamente é claro) que nem ele entende, mas que os “intelectuais adoram”.
Antonio é um déspota vanguardeiro que faz tudo para “causar” com suas montagens “transgressoras” e vazias – algo do tipo que ele assume (secretamente é claro) que nem ele entende, mas que os “intelectuais adoram”.
Elenco |
Completam o elenco Luciana Borghi, como a frustrada
assistente de Balaguer (um papel ingrato e desnecessário, com alguns toques de
humor constrangedores), e Lu Brites e Felipe Guerra (ambos bons) como o jovem
casal de atores desmiolados que contracena com a diva na montagem de Balaguer.
Trama exposta, a peça avança entre altos e baixos ( o melhor
são as “confissões” debochadas e egocêntricas sobre os bafos do mundo das coxias ).
Mas a coisa começa a cair na cena em que Tito e Blanca conversam em um banco de praça. Ali acontece uma reviravolta e é introduzida uma "surpresa dramática" um tanto forçada a fim de encaminhar a peça para um final, digamos, “emocionante”.
Mas a coisa começa a cair na cena em que Tito e Blanca conversam em um banco de praça. Ali acontece uma reviravolta e é introduzida uma "surpresa dramática" um tanto forçada a fim de encaminhar a peça para um final, digamos, “emocionante”.
Não gostei.
O pior é que logo em seguida rola um momento que dá
a impressão de que a “peça acabou” (ainda mais porque se estabelece um link com o final de “Um bonde chamado
desejo”) .
O público embarca na idéia e
fica meio sem saber o que está acontecendo.
Só que não (... ah, era apenas uma pegadinha
.. que truque mais esperto ....).
Então o texto avança mais alguns minutos e, daí sim, fim do espetáculo.
Então o texto avança mais alguns minutos e, daí sim, fim do espetáculo.
Meia-boca total.
De qualquer forma é imperativo dizer que Eva Wilma
é fenomenal. É assombroso vê-la em cena. Não há um centímetro do seu corpo que
não esteja em função da construção do seu personagem. Seu gestual, sua voz, sua
expressão, tudo absolutamente milimétrico e perfeito. Já tinha visto ela em “Querida
Mamãe” (também com a ótima Eliane Giardini”) e foi fantástico comprovar a
permanência da sua força. Fantástica.
Azul Resplendor vale a pena, mas nada demais.
Direção : Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas
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