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Tuesday, October 29, 2013

Teatro - Azul Resplendor



Pedro, Eva e Dalton

Irregular.

Esta palavra define Azul Resplendor, peça do peruano Eduardo Adrianzén  assistida domingo passado no São Pedro.  

Dentro daquilo conhecido como tragicomédia, vai do mágico ao desnecessário – sem falar de um anti-climax meio fora da casa –,  numa montagem sem  unidade e ritmo.

O início promete, com a diva Eva Wilma acendendo um fósforo na escuridão do teatro e divagando  dentro da (óbvia) relação entre “chama” e “vida”.

Ela é Blanca, uma atriz  aposentada e viúva que vive enfurnada em casa após sua saída do mundo da ribalta.  Logo aparece Tito Tápia (o excelente PedroPaulo Rangel – que infelizmente não apresentou potência vocal na apresentação), um ator meio canastrão, fã apaixonado de Blanca, herdeiro de uma fortuna e autor de uma peça a qual ele quer patrocinar para o retorno da sua diva aos palcos (em grande estilo). 

Blanca hesita, mas logo é seduzida pela ideia do obstinado fã.

Com o bolso forrado de grana Tito parte para contratar o "melhor diretor disponível",  Antonio Balaguer (Dalton Vigh numa atuação simplesmente hilária, com um personagem claramente “inspirado” em Gerald Thomas). 

Antonio é um déspota vanguardeiro que faz tudo para “causar” com suas montagens “transgressoras” e vazias – algo do tipo que ele assume (secretamente é claro) que  nem ele entende,  mas que os “intelectuais adoram”.

Elenco
Completam o elenco Luciana Borghi, como a frustrada assistente de Balaguer (um papel ingrato e desnecessário, com alguns toques de humor constrangedores), e Lu Brites e Felipe Guerra (ambos bons) como o jovem casal de atores desmiolados que contracena com a diva na montagem de Balaguer.

Trama exposta, a  peça avança entre altos e baixos ( o melhor são as “confissões” debochadas e egocêntricas  sobre os bafos do mundo das coxias ). 

Mas a coisa começa a cair na cena em que Tito e Blanca conversam em um banco de praça. Ali acontece uma reviravolta e é introduzida uma "surpresa dramática" um tanto forçada a fim de encaminhar a peça para um final, digamos,  “emocionante”.  

Não gostei. 

O pior é que logo em seguida rola um momento que dá a impressão de que a “peça acabou” (ainda mais porque se estabelece  um link com o final de “Um bonde chamado desejo”) .   

O público embarca na idéia e fica meio sem saber o que está acontecendo.

Só que não (... ah, era apenas uma pegadinha .. que truque mais esperto ....).  

 Então o texto avança mais alguns minutos e, daí sim, fim do espetáculo.

Meia-boca total.

De qualquer forma é imperativo dizer que Eva Wilma é fenomenal. É assombroso vê-la em cena. Não há um centímetro do seu corpo que não esteja em função da construção do seu personagem. Seu gestual, sua voz, sua expressão, tudo absolutamente milimétrico e perfeito. Já tinha visto ela em “Querida Mamãe” (também com a ótima Eliane Giardini”) e foi fantástico comprovar a permanência da sua força. Fantástica.

Azul Resplendor vale a pena, mas nada demais.

Direção : Renato Borghi e Elcio Nogueira Seixas

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