A Vida de Pi |
Esta foi a palavra que resumiu meu sentimento em relação “A Vida de Pi”.
Saí embasbacado do cinema.
Zonzo com a beleza da história (as imagens nem se fala), atordoado com o alcance do discurso íntimo no que ele tem de mais real diante do desafio da transcendência humana
“Pi” mostra o homem, cheio de conhecimento, erudição e sabedoria, sonhos e esperança colocado nu e cru frente a frente com seus piores medos.
O que fazer com toda a sabedoria quando o horror da fraqueza da mente e da carne atacam ?
Nestes momentos, não há nada pior do que termos que enfrentar a nós mesmos.
Nossos traumas, nossos calafrios, nossos tremores de alma – nossas fobias
Diante deste horror, nossa fragilidade emocional nos leva à covardia ao receio; à não sair da zona de conforto.
Mas realidades de dor são inevitáveis e rasgam, destroem nosso emocional e nos expõem ao desamparo, à perda e à desesperança.
Teoricamente podemos ter inúmeras saídas e ferramentas para “lidar com situações”.
Podemos “acreditar”, “ter fé”, “sermos fortes”, “segurar na mão de Deus” e várias outras formas “encarar os fatos”.
Sim, tudo muito lindo, tudo muito prático. Um discurso perfeito e recheado de boas intenções.
Mas como a coisa fica quando nos deparamos com a fragilidade da existência?
Livro - A Vida de Pi |
Deus existe e nos fortalece, ou esta força brota do próprio homem?
“AVida de Pi”, fala sobre tudo isto e muito mais.
Baseado no romance Life of Pi de Yann Martel, o longa de Ang Lee, conta a incrível história do jovem indiano, Pi, uma zebra, uma hiena, um tigre e um orangotango, que lutam pela vida num bote salva-vidas, após serem os únicos sobreviventes de um naufrágio.
É claro que acontece muita coisa, e prefiro não dizer o que para não estragar o prazer de quem ainda não viu.
O que o longa oferece é testemunharmos o processo dilacerante pelo qual Pi passa, e que o conduz a experiências, descobertas, transformações, mortes e renascimentos que o desfazem e o reconstroem inúmeras vezes.
Seus embates com o Tigre Richard Parker são espetaculares e vão do pavor absoluto até encontros espirituais (de alma), onde ambos comungam entre si, com a natureza e com o firmamento.
O final é apenas soberbo.
Uma das reflexões que fiz na saída do cinema, é que filmes como “Pi” ou “Amor” dialogam diretamente com nosso íntimo, com nossa natureza
São obras que se originam e ecoam no espírito humano e, por isto, possuem aquela capacidade da arte de ir além do entretenimento e atingir nossos temores mais reais.
Obras primas.
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Comentário :
Max e os Felinos |
Mas o escritor gaúcho não ficou muito satisfeito com os comentários de Yann..
Mais detalhes aqui.
Trailer do filme
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