TEATRO - A PRIMEIRA VISTA
Drica Moraes & Mariana Lima |
Segunda
peça que vejo do canadense Daniel MacIvor.
A primeira foi “It on
It” e me impressionou muito. Portanto foi com boas expectativas que
fomos ao Sáo Pedro domingo passado para conhecer “A primeira
vista” com as ótimas Mariana Lima e Drica Moraes.
Mas que surpresa
: ao invés de um texto “denso”, “dramático” como “It on
It”, “A primeira vista” (a primeira vista) é super leve,
light, tranquila, sem nenhum arroubo emocional, sem grandes dramas.
A
história é de uma simplicidade só : duas garotas se conhecem numa
loja de material para acampamento e acabam desenvolvendo uma relação
que se estende pelo resto de suas vidas.
Durante a peça somos
levados a acompanhar diversos encontros delas (alguns fortuitos,
outros não), onde os diálogos nunca se aprofundam de forma
incisiva. Isto é até de certa forma explicado com uma frase
recorrente durante a peça : “Nada é suficiente”. O sentido
ambíguo, a leitura desta frase define – numa visão bem poética –
que o “nada se basta”. Não é necessário acrescentar,
adicionar, acumular. O pouco, o simples, o “nada”, basta para
preencher muitas necessidades – inclusive as emocionais ( e as da
peça também).
Então
o que se ve no palco é uma fila de cenas “bonitinhas” mas sem
grande expressão (quase nada é apresentado). Os diálogos são
truncados, cortados – com algumas passagens bem viajantes -, isto
sem falar do humor um tanto “fora da casa” ,que pra mim não
funcionou diversas vezes. Esta situação foi me exasperando e fui
criando um distanciamento cada vez maior até me desligar da cena.
No
final não achei grande coisa e fui saindo um tanto decepcionado ao
passo que meu companheiro estava em prantos. Curioso, indaguei-o
para que tudo aquilo , e ele, aos poucos foi me abrindo os olhos para
uma série de fatos e situções que me tinham passado despercebido,
os quais, sem dúvida alguma, dão outra dimensão, revelam outros
segredos e engrandecem a montagem. Atrás da sutileza, o invisível,
o não dito sustenta uma riqueza humana que fala aos corações com
uma sensibilidade ímpar.
Falar
das atrizes chega até a ser ridículo. Não dá pra destacar
nenhuma. Nada menos que perfeitas as duas.
Bem,
o que falar sobre Cabaret ? Na verdade utilizar qualquer superlativo
é redundante, desnecessário.
Estar
diante de um clássico, soberbamente executado, é uma experiencia
única que invade nosso espírito, nos transporta, nos fascina. A
magia do teatro explode, se impõe diante de nós, que acabamos
subjugados pelos demónios da cena. O palco é o altar onde o feitiço
acontece, o espaço onde nossa mente é tragada para um mundo de
ilusão / verdade que faz a delícia dos sentidos.
Cabaret
é um dos maiores musicais de todos os tempos. Contando a história
da ascenção do nazismo na Alemanha dos anos 30, sob o olhar de
pessoas comuns, a peça equilibra de forma perfeita, riso, emoção e
reflexão. E a montagem brasileira é perfeita.
Claudia
Raia é uma diva e mata a pau integralmente – uma atriz completa.
Sua Sally Bowles surge numa personalidade mais forte, diferente da
garota ingênua e frágil que a Liza imortalizou no filme homonimo.
São dela os dois melhores numeros musicais (na minha opinião) :
“Maybe this time” - que fecha o primeiro ato (com eu aos
prantos), e “Cabaret” - que fecha a peça (com eu aos prantos
novamente) . Nossa diva não deixa nada a desejar. Perfeita.
Jarbas
Homem de Mello, como o MC – Mestre de Cerimônias – é
simplesmente perfeito, também numa caracterização bem diferente do
excelente Joel Grey. Jarbas faz um MC viril, raivoso, cínico,
debochado e, sem dúvida alguma, corajoso. Super ator.
O
resto do elenco mantem o nível da apresentação lá em cima. Isto
sem falar da parte tecnica (luz, musica, som, cenografia, etc), tudo
executado de forma primorosa.
Fantástico.
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