É inegável que problemas todo mundo tem.
Uns mais, outros menos, mas todos enfrentam dificuldades em diversas ocasiões da vida.
Frente a estes momentos, dependendo do que acontecer, podemos achar que nosso sofrimento é o maior que alguém pode suportar.
E é mesmo, pois cada um sabe a dor que sente.
Mas, ao lermos a história de vida da Angelica (relatada em “Lagrimas de Silencio”, Suliani Editora ), somos obrigados a olhar nossos “problemas” e reconhecer que se olharmos para o lado vamos ver que nossos percalços tornam-se quase que piadas comparados a situações para nós impensáveis, mas que são dura realidade para outros.
“Lagrimas do Silencio” relata de forma crua e direta (e com uma coragem ímpar) a aterrorizante trajetória de Angélica (nome fictício da autora Angela Chaves), uma menina do interior do RS que teve sua infância destruída por uma família abusiva.
E Angela não doura a pílula. A descrição dos seus tormentos desde criança até adulta atinge níveis cada vez mais angustiantes.
Fome, frio, descaso , abandono, miséria. Surras, maldades. Abusos, ameaças. Rejeição, desprezo, tortura. Estupros, violência, incesto. Zoofilia, pedofilia. Alcoolismo, prostituição, exploração, assassinato. Loucura, depressão, tentativas de suicídio. Tudo isto foi realidade na sua vida.
E ela acabou dando a luz a duas crianças frutos deste universo de desgraças. Uma filha do seu próprio pai e outra de seu meio irmão.
O livro é curto, de poucas páginas, porém assustador, pavoroso.
Senti medo de ir adiante diversas vezes. O espiral de sofrimento da menina parece não ter fim. Quando achamos que o ápice da maldade aconteceu, sucede-se outro, e outro, e mais outro. E somos convidados a testemunhar tudo impotentes, paralisados, incrédulos.
Como Angela mesmo diz, as palavras são insuficientes para expressar sua dor. E ao lermos sua história, concordamos. Se para nós leitores não existem palavras que expressem o choque ao tomarmos o conhecimento da sua infância arruinada, quanto mais para ela que tenta transmitir em texto a tragédia de sua alma dilacerada.
Depois de fechar o livro, acabei me lembrando das palavras finais o personagem Kurtz em “Coração das Trevas” de Joseph Conrad, diante do reconhecimento da maldade humana :
“O horror, o horror”.
E acrescento :
O incompreensível, o inexplicável, o abominável, o execrável, o aterrorizante, o paralisante, o inominável, , o odioso.
Nem mesmo recorrendo a todas as palavras do dicionário que lembrem “inferno” e / ou “sofrimento” serão suficientes para, remotamente, descrever o massacre do corpo, alma e mente da menina gaucha, perpetrado por uma família e circunvizinhos absolutamente doentes.
Angela é uma vencedora.
Tive oportunidade de abraçá-la ao adquirir o livro. Tudo muito rápido e gentil.
Porém o poder de sua história me marcou para sempre.
E isto, afirmo, acontecerá com qualquer um que a conheça.
Para adquirir o livro, envie um mail diretamente para Angela que ela passa as orientações
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