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Tuesday, August 27, 2013

Peter Singer - Fronteiras do Pensamento




“A ética não se deve basear nas emoções, e sim na razão e na filosofia. Este é um grande desafio”. 
Isto dito ontem por Peter Singer, na palestra do Fórum Fronteiras do Pensamento, iluminou a noite. 

Peter falava sobre nosso entendimento e compromisso prático  com o que não vimos nem vivenciamos diretamente, como por exemplo a extrema pobreza do mundo, a destruição da atmosfera e o mau trato com os animais.

Ou seja para nós é muito mais fácil assumirmos posições sobre assuntos próximos a emoções, como o aborto e a eutanásia, do que sobre temas “distantes”, como os citados anteriormente. 

E o pior é que isto é verdade. Saindo da palestra – que teve como foco a extrema pobreza no mundo, a destruição da atmosfera, o mau trato com os animais e a extinção da raça humana -  fomos displicentemente lanchar e conversar sobre problemas  de relacionamentos conjugais, cinema, literatura, viagens e coisas afins.  

Afirmo que se o encontro tivesse como foco temas “mais quentes” o papo teria outro rumo. Porem, entre uma cerveja e outra, a palestra de um dos maiores filósofos da atualidade foi sendo descartada de acordo com o humor dos presentes. 

Pensar cansa e agir mais ainda.  

Estamos errados ? 

Nossa natureza nos puxa para zonas de conforto nas quais “o que não vimos não nos incomoda”. 

Então nada mais natural ignorar tais assuntos e acordar no dia seguinte e reclamar do frio e da chuva que está incomodando Porto Alegre.

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Reproduzo abaixo o texto que saiu na ZH de hoje sobre a palestra do mestre

 CONFERÊNCIA

Os quatro desafios da humanidade

Filósofo Peter Singer falou ontem sobre as obrigações morais das pessoas

Se você pudesse numerar os principais desafios éticos para a humanidade no século 21, quantos eles seriam? Para o filósofo australiano Peter Singer, seriam quatro: pobreza global, mudanças climáticas, tratamento dos animais e como diminuir o risco de extinção de nossa espécie.

Singer apresentou ontem à noite no Salão de Atos da UFRGS uma das palestras mais concorridas desta edição do Fronteiras do Pensamento. Com o apoio de material apresentado em Datashow, procedimento raro neste fronteiras, o filósofo mostrou dados, estatísticas e provocações sobre os principais problemas que a humanidade enfrenta neste terceiro milênio. Para ele, todos estão de alguma forma interligados.

– Vou falar muito rápido, mas espero dizer algo sobre a natureza e a complexidade desses desafios, e não quero que vocês se sintam satisfeitos com o que vou dizer, mas curiosos para buscar informações e formar sua própria opinião.

O primeiro tema abordado pelo intelectual foi a pobreza global, sintetizada em estatísticas brutais: sete milhões de crianças morrem por ano de doenças relacionadas à pobreza, males perfeitamente tratáveis com recursos irrisórios. Singer narrou uma fábula da qual tirou uma regra moral: alguém que veja uma criança se afogando deveria salvá-la mesmo correndo o risco de estragar seus melhores sapatos? Sim, de acordo com o autor de Ética Prática.

– Se temos como evitar algo ruim sem sacrificar alguma coisa da mesma de importância moral, temos a obrigação moral de agir.

Mas isto, segundo ele, não deveria valer só para uma criança se afogando. Muitos poderiam doar, sem prejuízo ou sacrifício, recursos que poderiam salvar vidas.

Poupar os animais para conter o aquecimento global

Singer dedicou parte da palestra ao problema das mudanças climáticas, provocadas muitas vezes pelos países ricos com suas altas taxas de emissões de gases causadores do efeito estufa. A perversidade do sistema é que, segundo ele, os países pobres, que pouco contribuem para a mudança climática, são os que sofrem seus maiores efeitos.

– Os países ricos estão arruinando os pobres ao excederem suas cotas de emissões. É uma questão moral vital e pouco fazemos a respeito – disse Singer.

O terceiro tópico é uma das bandeiras mais antigas de Singer, que escreveu, em 1975, Libertação Animal. De acordo com ele, não há por que submeter os animais ao tratamento cruel que a pecuária industrial em larga escala os faz sofrer – reduzindo também o risco de extinção da espécie humana. A grande quantidade de rebanhos atual contribui para o aquecimento global de modo mais intenso do que os meios de transporte: Ingerir 250 gramas de carne de gado é, em produção de metano, como dirigir em torno de 16 km num automóvel.

– Reduzir o consumo de carne é uma responsabilidade para diminuir o aquecimento global e, ao mesmo tempo, o sofrimento dos animais – convocou o pensador.

O Fronteiras do Pensamento Porto Alegre é apresentado pela Braskem e tem o patrocínio de Unimed Porto Alegre, Weinmann Laboratório, Santander, CPFL Energia, Natura e Gerdau. A promoção é do Grupo RBS. O projeto conta com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul como universidade parceira e tem parceria cultural de Unisinos, Prefeitura de Porto Alegre e Governo do Rio Grande do Sul.

carlos.moreira@zerohora.com.br
CARLOS ANDRÉ MOREIRA

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