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Monday, December 10, 2012

Show - Madonna em Porto Alegre





Madonna em Porto Alegre.

Santa Paciência ! 

A esta altura todo mundo sabe que o show iniciou com mais de três horas de atraso.

Eu até pensei que por aqui esta josta não ia rolar, mas que nada.

Ainda bem que estávamos relativamente confortáveis e deu pra aguentar a espera de maneira razoável.

A galera, como não poderia deixar de ser, ficou puta e chamava a diva à cena entoando “Uh, Madonna, vai tomar no cú !” , num belo gesto de carinho dos fâs a sua rainha.

Mas, claro, todo o stress acabou quando as luzes se apagaram e o teatrão começou. 

Sim, “teatrão”, pois o que se viu no palco foi muito mais um musical do que um show pop ou rock.

Cada passagem, cada música é milimetricamente desenhada, detalhadamente ilustrada com vários recursos de cena (figurinos, coreografias, cenários, imagens, efeitos, etc). É tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que é impossível prestar a atenção em tudo.

É evidente o trabalho, o cuidado,  o estudo da construção dos detalhes dos diversos conceitos apresentados.

No lado musica propriamente dito, o repertório apresenta basicamente as canções do "MDNA" , um disco com algumas canções poderosas e outras nem tanto. É claro que o povo queria as mais antigonas, mas neste quesito “la cantante” apresentou pouca coisa.

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O show inicia com uma espécie de ritual monástico, com os encapuzados cantando algo gótico e sacudindo incensos. 

O povo pira quando a Deusa surge de um confessionário gigante e ataca de “Girl Gone Wild”.

Eu simplesmente amo a junção de imagens sagradas com profanas (quando bem executadas), e o início do “MDNA” é recheada delas.

Entrei em êxtase logo de cara.

O clima se mantém lá em cima na sequência de “Revolver” e Gang Bang”.

O teatrinho que ela faz de “assassina” num quartinho de hotel de quinta é matador.O que espirra de sangue a cada tiro nas cabeças dos boys é quase surreal.

Depois ela mistura alguma coisa das antigas (como "Papa Don’t Preach" - que é executada só pela metade, "Hung Up", do álbum "Confessions on a Dance Floor" (2005) - e a nova (e chata) "I don’t give A...", do "MDNA". Do telão, a Nicki Minaj faz uma participação e decreta : "Só há uma rainha, e ela é Madonna". O povo e a protagonista concordam, of course.

"Express Yourself" entra arrebentando.

"Vamos lá, garotas
Vocês acreditam no amor?
Porque tenho uma coisa para dizer sobre ele
E é mais ou menos assim

Não aceite o segundo lugar, baby
Ponha seu amor à prova
Você sabe, você sabe que tem que
Fazer com que ele expresse o que sente
E talvez então você saberá que o amor dele é verdadeiro

Se expresse !"

Lindo ! A citação ao "Born This Way" no “Express..” pode ter duas interpretações : ou é uma homenagem à “monstra”, ou é uma “denúncia” de plágio da “monstra”. Anyway, o mash-up ficou tri bom.

Mais uma troca de roupa e a cheerleader manda "Give Me All Your Luvin", "Turn Up the Radio" e outras.

O lance dos integrantes da banda tocando suspensos é fantástico (parecem soldadinhos de brinquedo)

Em “Masterpiece”, Madonna projeta imagens do seu filme “W.E”, uma bobagem que fantasia o romance da Wallis Simpson e Edward VIII - na verdade dizem que ele era uma biba enrustida (e simpatizante do nazismo) e ela uma expert em segredos sexuais aprendidos em bordéis da Ásia que deixavam a Edward siderada … (abafa !) - Mas as imagens idílicas do casal ficaram lindas.

Particularmente especial para “moi” foi o bloco com citações de “Justify My Love”, “Erotic” e a completa “Human Nature”, músicas que representam (evocam) um período de vivência, reconhecimento e afirmação de alguns aspectos sombrios da minha sexualidade.

O dança entre os espelhos que ela apresenta na “Human...” , mostra brilhantemente uma persona em conflito entre a condenação e o desejo (repulsa e atração no reflexo). Show de bola ! Babei novamente.


“Vogue” foi bem, mas achei o encerramento truncado, e o pique cai muito com "I'm Addicted" e "I'm a Sinner".

A função continua assim, com altos e baixos.

Mas o grand finale é com "Like a Prayer" .

Aí a coisa aconteceu, o bicho pegou de verdade.

O Olímpico virou uma catedral com o povo aos berros acompanhando a Deusa e o coral Gospell que surgiu no palco.

Absolutely Fabulous !

E festa termina com “Celebration”, executada vigorosamente, com a massa mandando ver na rave estrelada.

Bem, poderia ser melhor ?

Sim, no sentido de que seria muito legal se mais das antigas fossem apresentadas.

Mas esta não era a proposta do espetáculo e, por isto, a apresentação “deixou a desejar” para os fâs que queriam mais clássicos presentes (eu concordo com isto)

Mas é inegável a força da música, da imagem e da mensagem da periguete.

O que tivemos aqui em Porto Alegre foi a presença de uma ARTISTA, no mínimo corajosa, que sempre buscou manifestar-se (porém nem sempre acertando), através de vários meios - até livro infantil ela tem -  na busca de discutir / trabalhar / expor de forma aberta todos os temas que lhe são caros.

Pode-se até não gostar da sua música, da sua dança, da sua imagem, e sei lá mais o que, mas não reconhecer sua influência para a construção de uma  realidade onde as mulheres e os gays passaram valorizar cada vez mais seus desejos e natureza, é ignorância.

Salve a santa.
 
Notas :

Madonna fez um belo discurso em homenagem às mulheres do mundo que são aprisionadas, violentadas, torturadas, aprejadas, só porque ousam “se expressar". Um belo recado.

Falar sobre sua forma física é redundância. Só vendo pra crer.

Palavras que “aprendeu” em português : caralho, safada, gostosa e periguete.

Disse que não estava muito disposta por causa das mudanças climáticas que enfrentou por aqui, mas que, ao ver o sorriso dos fãs tudo mudou e que estava ali para detonar.


A bandeira do Brasil que ela pegou no final do show foi jogada ao palco pela minha sobrinha Mariana, uma fã fanática (sic) pra dizer o mínimo.

Veja o video abaixo






Celebration - Porto Alegre



Povo no Show

Eu, Lu, Ana e Ni na fila

Já acomodados

1 comment:

Mariana said...

uma palavra: surreal!! lembrei muito de ti em Human Nature :)